Luís Reina
SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE POMPEIA
(Itália. Junho, 2011)
Beijada pelas águas azuis do Mar Tirreno, Nápoles é o porto de chegada a uma zona de beleza natural ímpar. Ao mesmo tempo, é o ponto de partida para viagens a um passado único no contexto civilizacional clássico europeu.
Um dos mais importantes testemunhos deixados pela civilização romana é Pompeia – A Fénix Renascida.
“Ano 62.
A ira de Neptuno fez-se sentir.
As águas da baía azul de Nápoles agitaram-se, cada vez mais e mais, transformando-se num bailado impiedoso e revolto.
Mas foi a raiva de Plutão, que mais atemorizou.
Rugidos dilacerantes de dor ouviam-se por terras Vesuvianas. A destruição de tempos de luxúria, acabavam numa ruína desastrosa de uma época de ouro de uma civilização expansionista que fez da arte e da guerra símbolos marcantes de uma época para sempre imortalizada.
A terra tremeu. As brechas dos deuses irados fizeram-se sentir, no mundo humano impiedoso, derrubando-o.
Ano 79.
Mas o fausto cruel continuava por terras imperiais. Os eróticos prazeres de Baco, propagandeavam e propagavam-se cada vez mais. Os luxos de uma população cada vez mais desigual eram cada vez maiores.
A reconstrução das cidades fazia-se velozmente à custa de sangue, suor e lágrimas. A felicidade de uma minoria por um lado e da infelicidade de uma maioria por outro, pesavam desigualmente nos pratos de uma balança.
Júpiter o Deus dos Deuses não gostou.
Vulcano concordou e a fúria desta vez foi terminal.
O inferno desceu à Terra e destruiu completamente uma vasta área, fértil em ócios tempos de despudor, de uma população imoral e sem rumo.
Cinzas, lava, matéria incandescente, desceram velozmente pelas escarpas verdejantes do Vesúvio, soterrando durante séculos as cidades que se espraiavam a seus pés, sepultando para todo o sempre pessoas e animais.
E as trevas mantiveram-se … de acordo com Saturno.
(Este texto foi escrito para a exposição fotográfica “As Fénix Renascidas”, para o Museu D. Diogo de Sousa)
O dia acordou húmido e quente. Um pouco enevoado também.
Gente e mais gente, inunda a Praça Garibaldi, centro da vida napolitana. O cheiro é simplesmente nauseabundo devido ao acumular de lixo que há mais de uma semana não é recolhido. A greve dos trabalhadores municipais, controlada pelas bem conhecidas mafias do sul mantem-se.
Dirijo-me à bilheteira.
Confusão atrás de confusão. Não falam francês, não falam inglês. Dão informações contraditórias. Desço escadas, subo escadas. Com tudo isto perco o comboio em que pensava partir à descoberta desse local mágico chamado – Pompeia. Sou obrigado a esperar mais vinte minutos.
Findo este tempo, eis que parto no comboio da linha “circumvesuviana”. Encontra-se apinhado de turistas de todas as proveniências; Brasileiros, Franceses, Japoneses, Russos e para meu espanto, muitos Portugueses, que como eu partem à descoberta de um passado renascido.
A estação terminal fica mesmo em cima da entrada do sítio arqueológico.
Pompeia é dos locais mais visitados de Itália e consequentemente todos os problemas daí inerentes acabam por se evidenciar. O “Campania Card” que deveria dar acesso gratuito ao local, não é válido neste dia (ocasião para se roubar os turistas, cobrando entradas que não deveriam ser cobradas). Guias do local esgotados pois com a recessão não há dinheiro para mandar fazer mais (como é isto possível num local património mundial tão visitado, é de desconfiar).
A grande maioria das casas estavam fechadas a visitas pois segundo dizem encontram-se em trabalhos de restauro (uma pura mentira, já que só numa delas é visível os trabalhos em curso), mesmo porque consegui entrar numa delas, embora tenha que ter feito uma “doação” no valor € 2, ao segurança de serviço (nova maneira de roubar o mais incauto visitante).
Por fim, depois de um dia estafante e sem nada colocar à boca, aproximei-me do local de restauração para comer algo. Apesar de faltarem ainda 2 horas para o fecho do sítio arqueológico, os empregados já estavam nas limpezas de encerramento e só muito a custo me venderam um simples sumo de laranja que paguei a dobrar já que o letreiro de “Close” se encontrava accionado.
Podem os leitores dizer que esta visita foi uma decepção, que não vale a pena passar por todas estas humilhantes situações onde a pura antipatia e roubo permanente de um “staff” que deveria ser escolhido ao pormenor acontecem e por todas as barreiras e contrariedades que somos obrigados a enfrentar.
Não concordo.
Pisar um local com séculos de existência é sempre arrepiante. Produz sempre um aumento de adrenalina considerável, quase que sobrenatural. Trás sempre um calafrio ao nosso corpo, por muito cálida que seja a temperatura exterior.
Pedras que evocam jogos de arenas de sangue cobertas. Pedras que gemem orgasmos luxuriantes de prazeres infindáveis. Pedras que gritam de desespero por uma morte antecipadamente anunciada.
Pompeia é um local onde ainda hoje se sente a cidade que foi. Cheiros impregnados a pão feito de sangue, suor e lágrimas.
Este é um local divinalmente monumental. Gostaria de salientar alguns dos locais que, para mim, foram os mais apetecíveis; Templo de Apolo, Basílica, Fórum, Casa de Fauno, o Anfiteatro, o Pequeno e Grande Teatro e a Rua da Abundanza.
Contudo e para uma melhor compreensão deste sítio arqueológico, deverão as pessoas inicialmente visitar o grandioso Museu Nacional Arqueológico de Nápoles. Aí encontraram Estatuária, Frescos, Joalharia e Mosaicos.
A fénix renasceu para gaudio de todos nós.
Por vontade do autor, e de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc eTal jornal”, o texto inserto nesta rubrica foi escrito de acordo com a ortografia tradicional portuguesa
Obrigado Teresa. Vai sempre a tempo. O que é preciso é nunca deixar de os ler.
Fico contente que tenhas gostado.
Bjinhos.
Só hoje consegui ler o texto referente a Fevereiro. Parece ter sido uma visita atribulada, mas que de certeza te divertiu.
Quanto ao de Março, é mais um texto que nos leva a viajar e a imaginar na nossa mente aquilo que os teus olhos viram. Obrigada e continua.
Obrigado Beatriz. Fico contente que com as minhas palavras leve as pessoas no embalo de uma viagem.
Bj
Muito obrigado Manuela.
É um prazer saber que as pessoas estão a seguir esta minha nova arte, assumida publicamente.
Se esta foi uma viagem ao passado, a próxima será uma viagem ao presente tendo em vista o futura. Uma cidade fantástica que espero que todos gostem de a conhecer pelos meus olhos.
Beijo
Mais um texto fantástico, que nos faz viver o teu intenso dia em Pompeia. Parabéns.
Caro LUís
Viajar contigo não cansa pois tu levas-nos com o teu olhar atrvés das portas aparentemente fechadas.
Compro já bilhete para a próxima viagem.
Obrigada pela boleia.
Parabéns pela viagem.
Abreijo
manuela
Obrigado Victor Alves. Espero que esteja tudo bem consigo e me continue a seguir nestes diários de bordo…extensivos às minhas exposições.
E como para mim o acordo nem vale a pena comentar, infeliz de quem teve a triste ideia de o fazer, ou então algum tacho que deram a alguém, estamos de acordo contra o acordo..
Abraço
Excelente texto. Põe a imaginação a trabalhar.
Obrigado por manter a lingua portuguesa tal como a aprendi na Escola. Não é que seja contra o novo acordo ortográfico…simplesmente não gosto. E não gostando, não uso!
Aquele abraço
Vitor
Obrigado Fernando.
Abraço
Parabéns, mais um excelente texto! Abraço
Obrigado Carmito e Carlos. É sempre um grande incentivo ler os vossos comentários. Esperemos pela próxima viagem e até lá divulguem.
Obrigado Carlos, vamos aguardar a proxima viagem.
Abraço.
Obrigado Carmito…Vamos viajando por aí. Fico contente que tenhas gostado.
Bj
Parabéns, amigo Luís, pela partilha de mais um texto sobre uma belíssima viagem, a Pompeia, património da humanidade. Fizeste com que regressasse a um lugar mítico, cheio de memórias que as cinzas ajudaram a preservar.
Caro amigo,
Mais uma visita guiada pela paixão que são as viagens, mas sobretudo pela história e encantos, por vezes desencantos, dos locais e das pessoas.
Obrigada por mais uma viagem.
Bj
Obrigado aos 3 pelos comentários elogiosos sobre este segundo texto. Todos nossos ensinamos e aprendemos uns com os outros, não levo como piada mas como elogio.
Muitas destas partilhas já tu as conheces, mas aqui têm outra dimensão.
Também tu Carla és uma pessoa maravilhosa e vê-se na entrevista deste mês e da tua entrega aos outros.
Tudo de bom para vocês.
Parabéns luis
fizeste-me voar e fazer a tua viagem.
obrigada por partilhares os teus amores ….
mts beijinhos
És uma pessoa maravilhosa
Carla Ribeiro
Mais um belíssimo texto. Obrigada pela partilha. Parabéns
AMIGO SEMPRE MUITO BEM ESCRITOS E CONSEGUIDOS OS TEXTOS, NÃO TIVESSE SIDO EU O TEU PROFESSOR…
IT´S A JOKE… MAN
ABRAÇO
MRIBEIRO