Nos últimos três meses, isto até à data desta edição (01mar13), nove empresários da restauração puseram termo à vida. Sete no Algarve e dois no Porto. A perda de clientela e o acumular de dívidas, depois do aumento do IVA de 13 para 23 por cento neste setor, estará na base dos suicídios, se bem que nem todos relacionem os casos com crise económica e com as medidas governamentais de austeridade.
A verdade, porém, é que os nove casos de suicídio anteriormente referidos, foram revelados e relevados pelo Movimento Nacional de Empresários da Restauração (MNER), assim como pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) como consequência direta do aumento de impostos. De salientar, que, só em 2012, encerraram 11 mil restaurantes e para a rua foram 32 mil trabalhadores!
Diz quem sabe que “70 a 80 por cento dos estabelecimentos da restauração estão, neste momento, sem dinheiro e que “não há dinheiro para pagar salários ao final do mês. Há dívidas ao Estado e aos fornecedores, e vergonha perante a família”. Palavras de José Pereira, dirigente da AHRESP, à comunicação social. Para ele, e não só, – porque a sua opinião é corroborada por outros empresários do setor – mais de metade dos restaurantes são microempresas de base familiar, e, assim sendo, “famílias inteiras vão ficar sem qualquer base de sustento, numa situação tornada mais grave pelo facto de os empresários não terem acesso ao subsídio de desemprego”.
Por estas e outras, há pessoas que não aguentam a “carga” e vão pelo caminho mais fácil ou mais difícil. Mais cobarde ou mais corajoso. O suicídio! Para já, só se registaram nove casos, não se sabendo ainda o que por aí virá…
Por causa da crise, ou não, o número de suicídios tem vindo a aumentar em Portugal
Se os números de suicídios entre empresários da restauração dão que pensar, mais que darão os números oficiosos (os oficiais só serão divulgados no decorrer deste mês) quanto ao crescente registo de suicídios em Portugal -, relacionados com a crise, ou não?!-, no ano transato.
Em termos gerais, fique a saber então – e recorrendo a um trabalho publicado pelo “Diário de Notícias” – que houve, para o Instituto Nacional de Emergência médica (INEM), em 2012, mais 489 pedidos de ajuda relacionados com tentativas de suicídio que em 2011 (total de 1.672 casos). É só fazer as contas.
Mais: na década de 90 do século passado, o número de suicídios, em Portugal, era de 500 por ano, enquanto, que em 2011 fixou-se nos 1.200.
Em recentes declarações à Imprensa, o diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral de Saúde (DGS), Álvaro Carvalho, concordava que “a evidência científica internacional correlaciona uma probabilidade aumentada de comportamentos suicidários em períodos de crise “. Não significa isto, diz ele, que “se possa correlacionar diretamente as duas coisas, até porque seriam necessárias autópsias psicológicas para conhecer as circunstâncias de cada caso”.
Não se sabe, assim, quais as causas que levam as pessoas ao suicídio. Os estudos estão, pelos vistos um tanto ou quanto atrasados. Mas, a verdade, é que há pessoas que se vão matando, sem pedir autorização a quem quer que seja.
Texto: Repórter X
Fotos: Pesquisa Google