Menu Fechar

“ARGO” – Associação Artística de Gondomar: Uma PORTA ABERTA À CRIATIVIDADE e à comunidade com projeção internacional…

A Associação Artística de Gondomar (ARGO), fundada a 31 de outubro de 1989, tem hoje um papel de relevante importância no incremento cultural do concelho, desenvolvendo iniciativas de inegável interesse para a comunidade, já com projeção nacional e internacional.

Albertino Valadares, pintor, é presidente da direção há cerca de oito anos, ajudando a dar corpo a projetos como os Prémios de Arte Erótica, de Cartoon e de Fotografia, entre outras iniciativas artísticas que têm cativado os gondomarenses e, em especial, e juventude.

Sediada no Pavilhão Municipal de Fânzeres, a ARGO é, assim, a face visível da aposta nas artes no concelho de Gondomar, sendo de realçar, para o efeito, a consideração por tal facto através dos apoios das autarquias, leia-se Câmara Municipal e juntas de freguesia, aos eventos realizados.

Um dos sonhos de Albertino Valadares é o da ARGO ter sede própria e mais centralizada (“visível”) esperando que a população e as muitas coletividades sediadas no concelho estreitem a colaboração e apoio às suas iniciativas.

 

argo 01 - albertino valadares - 01mai13

 

Quais foram os motivos, as causas ou os objetivos, que levaram à formação da Associação Artística de Gondomar?

“A associação foi criada numa altura em que não havia associações artísticas em Gondomar, isto há cerca de 25 anos atrás. Na altura, os artistas expunham apenas na “Agroindústria”, ou seja, uma feira que se fazia na Escola Preparatória todos os anos. Daí, houve a necessidade de se juntar todos os artistas que andavam espalhados por todo o concelho. Essa foi, então, uma ideia do colega e amigo Aurélio Mesquita e António Pacheco: os principais causadores de se ter iniciado e criado a ARGO.”

 

E, assim, formar-se a ARGO, instituição que se abre a diversas valências artísticas?!

“Sim. Pintura, literatura, artesanato, cartoon… Aliás, sobre cartoon ainda, recentemente, fizemos o segundo Prémio, com o apoio do nosso colega de direção e cartoonista Onofre Varela. E depois, além de cartoonistas, temos artesãos, escultores…”

 

Arte erótica

 

… e também os “artistas eróticos”?!

“Não necessariamente! Nós costumamos fazer o Prémio de Arte Erótica, que é de dois em dois anos, e toda a gente participa. Sejam aqueles que façam arte erótica, quer os que não a façam “

 

Mas, esse tipo de iniciativa não é muito comum em associações artísticas.

“Já vamos para o sexto prémio de arte erótica…”

 

A população, tradicionalmente conservadora, não ficou surpreendida?

“Não se notou isso. Houve até muito interesse! Refira-se também que essa iniciativa, quando começou, foi realizada ao abrigo da lei do mecenato e apoiada pelo Ministério da Cultura…

 

…quando ele existia?!

“Pois. Quando ele existia! Agora, as coisas estão, totalmente, diferentes!

 

Mas, a iniciativa mantém-se?

“Sim, mantém-se! Vamos já para a sexta edição, a qual se realizará em novembro ou dezembro do presente ano”.

 

E como é que se carateriza esse evento?

“É um evento que já faz parte do nosso Plano de Atividades bienal, e achamos que, enquanto puder, deve continuar…”

 

argo 02 - albertino valadares - 01mai13

“Toca-me!”

 

Não há exposição humana corporal, como em certos encontros ou certames mais ou menos “atrevidos”?

Não! É quase tudo baseado em pintura. Mas, posso dar-lhe um exemplo muito interessante: há dois anos, um dos trabalhos premiado foi uma tela, a qual não passava de um pano vermelho. Um pano vermelho agrafado na grade. O título era: “Toca-me!”. As pessoas podiam passar por lá, tocar num tecido aveludado, o qual ficava sempre com marcas. A ideia era essa. E esse foi um dos quadros que ganhou o Prémio da Arte Erótica. As pessoas, não viam nele o que, na generalidade, se espera: mulheres nuas ou coisas do género. Nada disso! Sentiam-no!”

 

Foi o tocar, foi a sensibilidade…

“É isso que nós pretendemos. Não queremos quadros com mulheres nuas! Isso, para nós, não é erotismo! Às vezes um toque vale mais do que isso…”

 

“Gondor(r)iso”

 

O cartoon, que o nosso jornal releva e valoriza, desde que existe, no “Esta Tá Boa”, é também, por vós, arte promovida e a ter em conta, quanto mais não seja através da “Gondor(r)iso”?!

“O primeiro Prémio do “Gondor(r)riso” foi há seis anos atrás, teve dimensão internacional, nele tendo participado cartoonistas do Chile, da Venezuela, do Brasil e de Espanha. Passadas seis décadas, e isto já no ano passado, reativamos a iniciativa, mas só a nível nacional.”

 

E há muitos cartoonistas que aderem a esse tipo de ação?

“Sim, mas para isso contamos com a colaboração da FECO (Federação de Cartoonistas), na qual o José Oliveira é um dos dirigentes. A adesão é significativa, sendo, por isso a exposição realizada no Auditório Municipal de Gondomar”.

 

Estas atividades são sempre realizadas no referido auditório, ou sois itinerantes?

“Há iniciativas que já temos programadas e, por exemplo, na altura das festas do concelho- em outubro – a sala de exposições do Auditório Municipal é sempre nos cedida. Assim sendo, todos os naos fazemos lá duas mostras. No ano passado fizemos o Prémio Cartoon em novembro, e nas festas do concelho realizamos o certame dos artistas de Gondomar, que é uma exposição só para os associados da ARGO, que também é bienal. Este ano, temos nas festas do concelho o certame de cerâmica, talha e metais, que é aberto a qualquer pessoa que queira participar, independentemente de ser ou não associado da ARGO. Em novembro ou dezembro teremos, uma vez mais o Prémio de Arte Erótica a nível nacional”.

 

Salão de Exposições
Salão de Exposições

 

Ateliê
Ateliê

De resto, e no que diz respeito às outras iniciativas?

“Fazem-se, aqui, na nossa sala de exposições.”

 

Vocês têm uma especial atenção –não sei se estou enganado – para com ourives e filigranistas?!

“Temos alguns artesãos que trabalham na filigrana tanto em prata como em cobre, pelo que, quando fazemos exposições de artesanato, eles colaboram sempre connosco”.

 

Mas não desenvolvem uma atividade regular? Refiro-me a workshops ou outras ações de formação e promoção de uma arte que tem fortes raízes em Gondomar?

“Neste momento não. Já se fez aqui workshops para a área da ourivesaria. Hoje, não.”

 

E, depois, também têm a fotografia.

“Sim. De dois em dois anos fazemos um Prémio de Fotografia, normalmente, de tema livre, porque não queremos limitar a criatividade do artista.”

argo 06 - presidente - 01mai13

“Estou aqui há oito anos. Na altura ninguém queria assumir o cargo de presidente da direção”

 

Como é que um pintor chega a presidente da direção da ARGO? Sente-se em casa?

“Eu, praticamente estou em casa: moro a cinco minutos daqui e aqui fui criado! Fui também um dos fundadores da ARGO, isto com mais cinco ou seis colegas, entre os quais o António Pacheco, o Aurélio Mesquita e o Rui Alberto. Já passei por diversos cargos – já fui secretário, tesoureiro, vogal…- e houve um tempo em que me desliguei. Então que, há coisa de oito anos, que assumo a presidência da ARGO, isto porque houve uma altura em que ninguém queria assumir este cargo”.

 

A ARGO conta com quantos associados?

“Centro e trinta e um. Já tivemos cerca de 650 associados, mas só para fazer nome prefiro não os ter. As pessoas além de pagarem as suas quotas devem participar nas iniciativas. E, além do mais, em questões relacionadas com despesas, a verdade é que enviar correio para seiscentas e tal pessoas é diferente de o fazer para 130, as tais pessoas que pagam quotas! Os outros que não se quotizam não têm esse direito.”

 

Há trabalhos com qualidade que por aqui têm aparecido?

“Um ou outro! Normalmente apostamos em pessoas mais novas que estejam a começar a pintar.”

 

E há muita gente jovem?

“Há!”

 

Têm acompanhamento?

“Da nossa parte não. Se o jovem quiser expor; se o trabalho tiver uma certa qualidade e que seja apresentável … expõe! Nós temos de fazer uma seleção de qualidade.”

argo 07 - presidente - 01mai13

“Isto dá trabalho e às vezes é frustrante!”

 

É aliciante trabalhar aqui? Até porque ser presidente de uma associação dá sempre trabalho.

“Dá trabalho e às vezes é frustrante.”

 

Quando é que é “frustrante”?

“Se vamos fazer o que a Lei nos manda… ficamos quietinhos! Ficamos parados e isso para mim não funciona. Na direção somos onze, mas sempre que há uma medida a tomar não reúno com a direção, porque para estar a reunir, marcar com este ou com outro… enquanto marca ou não marca, passa a data e a resposta a ser dada… não se dá! Eu tomo a iniciativa e depois dou-lhes conhecimento.”

 

Em que pé se encontram as relações com a Câmara Municipal de Gondomar e com a Junta de Freguesia de Fânzeres?

“As relações são boas. Colaboramos sempre quando nos pedem, mas não só coma Câmara ou com a Junta onde nos encontramos sediados. Estamos também abertos a todas as que nos convidem: S. Cosme, Valbom, S. Pedro da Cova, Rio Tinto… Aliás, com a Junta de Rio Tinto colaboramos periodicamente, na galeria que está instalada no Parque Nascente. Por outro lado, vamos, em maio, inaugurar uma exposição no Museu Mineiro, em S. Pedro da Cova, e ainda colaboramos com as Casas de Juventude de Gondomar.”

 

A juventude interessa-se por estas atividades?

“Sim. Temos na ARGO um ateliê a eles dedicado. São seis jovens, com idades entre os seis e os 12 anos a frequentar esse espaço aos sábados de manhã”.

 

E a música, a dança… o teatro?

“Temos um grupo de teatro: os “Sururus”. Trata-se de um coletivo de oito jovens que gostam de teatro e que complementam as suas peças com algumas danças”.

 

Ateliê
Ateliê

“Deixem os movimentos associativos trabalhar!”

 

A ARGO tem apoios das empresas da região para as suas iniciativas?

“Não. Os nossos apoios são da Câmara Municipal e das juntas de freguesia. Num caso ou noutro é que recorremos ao particular, quando este manifesta interesse em apoiar ou ajudar, como é o caso de uma firma (Efémera), com a qual fizemos uma parceria, tendo assim apoiado um Prémio de Fotografia, e que nos ajudou a renovar as instalações.”

 

E essa renovação quando é que aconteceu?

“Fez um ano em março. Tudo se centrou na sala de exposições.”

 

Exposições que são periódicas?

“Sim. À data desta entrevista, temos uma exposição do artesão Fernando Lopes de Sousa, antes tivemos uma outra com trabalhos da autoria de alunos de uma escola artística de Gondomar, e vamos ter, dentro de mês e meio, uma exposição sobre a qual ainda não tenho pormenores concretos.”

 

É pintor há quantos anos?

“Há vinte e cinco”.

 

Expõe…

“…ainda no ano passado foi-me feito um jantar de homenagem, aqui em Gondomar, precisamente pelos vinte e cinco anos de carreira. A esse propósito fiz ainda uma exposição no Auditório Municipal …

 

Que tipo de materiais utiliza?

“Vários. Utilizo a tela, o papel, o cartão… procuro usar materiais diferentes, ou seja, uso aquele que me der melhores texturas para pintar ou para desenhar”.

 

E a recetividade aos seus trabalhos tem sido positiva?

“Sim. Felizmente!”

 

Como vê a cultura em Portugal estando ligado, como está e com responsabilidades, a uma associação artística como é a ARGO?

“Penso que querem acabar com a Cultura! Deixem os movimentos associativos trabalhar! Não compliquem! Não imponham tantas regras! Os dirigentes associativos são-no por carolice! Como disse há pouco, se formos cumprir tudo à risca, nada fazemos!”

 

Quer isto dizer que se não fossem as autarquias, a ARGO não existia?

“No caso da ARGO se não fosse esse apoio esta associação não existia! Essa colaboração subsidiária depende do nosso Plano de Atividades. Mas, todo o apoio que recebemos da Câmara é gasto na gráfica, porque uma das coisas que fazemos gosto é apresentar um bom catálogo, contando com a colaboração do Aurélio Mesquita que é um excelente designer, pintor e um muito bom gráfico.”

 

Sede social
Sede social

“Era importante a ARGO ter uma sede própria”

 

Prevê um futuro risonho para a ARGO?

“Enquanto houver o apoio da Câmara, a ARGO não fechará. Aliás, o edifício onde estamos sediados é da Câmara Municipal.”

 

E os conhecidos candidatos à autarquia já têm manifestado interesse em apoiar dinamizando esta associação?

“Sim. Não é de agora. Houve sempre interesse.”

 

O que é que gostaria de transformar na ARGO?

“Um edifício diferente. Uma sede própria num local de maior visibilidade. Estamos aqui há 17 anos. Era preciso mudar.”

 

Mudar para atrair mais gente?

“Aqui, temos sempre as mesmas pessoas. Um grupo de dez já não é mau. Sempre que há uma exposição, os sócios, que são todos aqui das redondezas, seria agradável virem cá todos, porque as mesmas só se realizam de mês e meio em mês e meio. Mas isso não funciona.”

 

Quer com isso dizer que as iniciativas não são apelativas?

“Não. Eu digo que um pintor é um ser individualista. Gosta que outros venham ver a mensagem, mas não gosta de ir ver a mensagem dos outros. Quando há exposições coletivas aparece muita gente, porque há os interessados, mas não fazem o mesmo para ver a exposição dos outros.”

 

Ao fim e ao cabo há agora que encarar o futuro e lutar por uma sede própria para a ARGO.

“Sim, mas não me vou endividar por isso. Nem eu nem a restante direção. Não vamos fazer um acordo com um banco para se realizar esse desiderato.”

 

“O movimento associativo em Gondomar está vivo!”

 

Qual é a sua opinião acerca do momento que vive o associativismo em Gondomar?

“O espírito é bom e mantém-se. Prova disso é quando se faz algumas iniciativas, do género das “tasquinhas”, onde estão, normalmente, presentes todas as associações, prova-se que o movimento associativo em Gondomar está vivo! A propósito, gostava de salientar a Feira Medieval que iremos realizar dentro em breve… lá para outubro. Há dois anos fizemos na Quinta das Freiras, em Rio Tinto, no ano passado voltamos a repetir com um fim-de-semana e, este ano, voltamos a organizá-la.”

 

 

 

Texto: José Gonçalves

Fotos: António Amen

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.