Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“Quando se fez a ponte D. Luís I, um troço da velha Rua Chã das Eires, foi sacrificado, e assim nasceu a que se chamou Avenida Saraiva de Carvalho, em 1968, crismada com o nome de Avenida de Vímara Peres.
Nesse ano de 1968 (…) a Câmara Municipal comemorou os 1.100 anos da “presúria” de cidade, pelo conde Vímara Peres. Efetivamente, num velho cartulário português (…) um monge beneditino deste cenóbio copiava, em princípios do século XII, uma memória mais antiga, que dizia assim:
“Na Era de 906 (que é ano de Cristo de 868) Vímara Peres conquistou Portugal (o Porto) ”. É a primeira referência conhecida à nossa cidade e ao nosso país depois da Reconquista cristã de Afonso III de Leão.

São muito escassas as referências a este conde de Vímara Peres. Do mesmo cartulário consta que na Era de 911 (ano de 873), Afonso II veio a Vama (Guimarães? ou Viana, na Galiza?) e aí morreu Vímara seis dias passados.
Um outro documento, de que tem sido contestada a autenticidade, mas que a crítica histórica mais recente considera autêntico, ainda que com a sua data errada e interplado, menciona-o presente, provavelmente no mesmo ano de 873 (como sugere o Prof. Torcato de Sousa Soares), em Braga, com outros grandes senhores, tratando da restauração desta cidade e seus limites.
Por fim, outro documento ainda, este muito posterior (1025), refere-se a um Pedro Vimaranis, que o insigne medievalista cónego Pierre David identificou como sendo possivelmente o nosso Vímara Peres – com o nome às avessas.
É muito pouco, mas não se conhece mais nada sobre este grande senhor do século XI, que há mais de onze séculos recuperou para a cristandade a nossa cidade do Porto”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 31.10.1975
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para o “Cais das Pedras”.