Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“Mais ou menos no sítio entre o Cais da Ribeira e os Guindais, existiu noutros tempos, uma Casa do Laranjo, que não sabemos exactamente o que fosse, mas era coisa famosa, pois por muitos nos serviu de referência para a localização de outras casas e serventias nas proximidades da Rua da Lada.
Um aprazamento da Misericórdia, em 1503, refere-se a “casas da Lada por detrás da Casa do Laranjo, até à Cova do Drago”. Documentos da Mitra mencionam o “cerrado de Malmajudas, arriba da Casa do Laranjo, com um pelame”; “duas pesqueiras na água do Douro, arriba da Casa do Laranjo, na freguesia de Santo Ildefonso, que chamam a uma delas o Cubo e a outra a “Calheira”; “a pesqueira da Asna, com seu pesqueirinho e varais. Acima da casa do Laranjo”.
Outro documento, de 1542, menciona o “cais que está desde a passagem da Ribeira até à casa do Laranjo, que está em ruina”. Esta Casa do Laranjo ficava, portanto, entre a Lada e os Guindais – onde era a Malmajudas – e à beiro do rio. Este topónimo de “Malmajudas”, hoje desaparecido da nomenclatura camarária, veio até aos tempos modernos: os registos paroquiais de Santo Ildefonso falam-nos no Sítio de Malmajudas dos Guindais (1809) e Caminho de Malmajudas (1819).
Supomos que se referem ao Cais dos Guindais, ou suas proximidades, dois outros topónimos registados nos livros de óbitos da mesma freguesia: “Cais Defronte do Assento da Munição da Boca dos Guindais de Baixo” (1820), e “Rua do Assento junto ao Rio Douro” (1821).
Guindais (…) seria na opinião do prof. J. Piel um genitivo do nome próprio Galindus. Para nós temos que será antes uma referência ao escarpado da encosta, mas essa é só uma opinião.”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 07.12.1975
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