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Maria do Rosário Gama (APRE!): “Este governo é PASSADO! Nós construiremos um novo FUTURO!”

Em exclusivo para o “Etc e Tal jornal”, Maria do Rosário Gama, presidente da direção da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRE!) releva revelando a atividade de um movimento formado há, relativamente, pouco tempo, mas que já conta com cerca de cinco mil aderentes e com núcleos espalhados do Minho ao Algarve. Irreverentes e lutadores, eles estão prontos a “bater com o pé” às medidas governamentais que afetam o seu grupo social, assim como a todos quantos deles dependem: filhos e netos desempregados!

A APRE! não para; afasta a hipótese de se constituir em partido político e promete muitas surpresas…tudo para “construir, com os jovens, um novo futuro” e… internacionalizar-se. Maria do Rosário Gama, ex-diretora da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, na primeira pessoa do plural, mas também na do singular, ao “Etc e Tal jornal”. Para ler… com atenção.

 

A APRE é recente mas, verdade se diga, tem tido já uma atividade digna de registo a nível nacional na defesa dos aposentados, pensionistas e reformados…

“A APRE! nasceu para dizer “Basta!” à atual política governativa. Temos pouco tempo. O movimento iniciou-se em outubro do ano passado ainda sem a perspetiva como viria a crescer. Depois, só nos legalizamos em dezembro de 2013. A APRE! – não sei se, pelo facto de ser abrangente, e ao acolher pessoas de todos os leques político-partidários, ideológicos, ex-funcionários públicos e privados – começou a ter grande adesão, também por ser, com certeza, uma associação com caraterísticas reivindicativas”.

E que, rapidamente, se espalhou por todo o país, ao longo do qual tem diversos núcleos.

“Temos núcleos de Faro a Braga. Recentemente estive em Cabaceiras de Basto, Almada e Abrantes. Temos núcleos muito bons e que estão a funcionar muito bem, como por exemplo, no Algarve. Já temos o núcleo de Faro e vai formar-se o de Portimão. Aos poucos vamos crescendo! Temos Braga, vamos formar o de Guimarães, temos Viseu, Aveiro, Porto, Coimbra, Évora, e em Lisboa temos 14 núcleos. Vamos aos poucos! Aos nossos associados pedimos para dinamizarem uma reunião. Aí começa a estruturar-se o grupo. Se houver pessoas dinâmicas o grupo funciona muito bem, se não houver… não funciona tão bem.”

maria do rosario gama 02 - 01jul13

“CONSEGUIMOS TRAVAR ALGUMAS LEIS QUE ESTÃO AÍ A SER PREPARADAS”

Quantos aderentes têm neste momento?

“Mais ou menos cinco mil.”

Entretanto, a APRE! não tem parado, pelo menos no que concerne aos contactos com instituições, organizações partidárias e sindicais…

“Já fomos recebidos pelos grupos parlamentares todos. Dos partidos só nos falta, a esta altura (12jun13), o PCP e o CDS que ainda não nos receberam.”

E quais foram os resultados desses encontros?

“Foram positivos! Fizemos uma pressão muito grande ao nível do Provedor de Justiça e do Presidente da República para que fosse ao Tribunal Constitucional a Lei do Orçamento de Estado. Nesse aspeto conseguimos algo de muito importante. E depois, o facto de aparecer uma associação com estas caraterísticas, e com algum peso, fez com que houvesse algum travão nas medidas que estão preparadas. Nós temos a situação em Tribunal e, com o que vier aí, voltaremos a pô-la em Tribunal. Há, assim, alguma resistência! O governo sabe, agora, que se puser cá para fora medidas que sejam contra o nosso grupo social, nós agiremos em Tribunal. Disso eles não estavam à espera! E não estavam à espera, porque o nosso grupo etário era um bocado pacífico, digamos que “acomodado”…

“SOMOS O SUBSÍDIO DE DESEMPREGO DOS NOSSOS FILHOS E NETOS!”

Deduz-se, assim, que os propósitos da APRE!, tendo em conta o estado em que se encontra o nosso Estado Social, são cada vez mais pertinentes…

“Claro! Mas, não é só o estado social. Ou seja, a nível da Segurança Social, é-o também a nível da Educação e da Saúde. Mas, ao nível na Segurança Social, neste momento, temos a Insegurança Social, porque as pessoas estão cheias de medo; vive-se uma situação horrível de instabilidade porque não se sabe o que por aí vem. E não é só o problema do corte nas pensões, é também a questão dos outros custos: do aumento do custo de vida e do desemprego dos filhos e dos netos”.

São os avós a suportar a situação!

“Nós somos o subsídio de desemprego dos filhos e dos netos. As pessoas andam angustiadas… cheias de medo! Nós tentamos anima-las através de algumas ações. A última – vamos lá ver se vai resultar! –, é colocarmos bandeiras negras nas janelas. Nós – cinco mil – no meio de dez milhões nada somos, mas se começarmos a divulgar, aqui e ali, esta iniciativa, conseguiremos, por certo, uma maior adesão, porque nós queremos pintar Portugal de negro; porque o nosso coração está negro!”.

maria do rosario gama 03 - 01jul13

“SÓ O POVO PODE ARREBENTAR COM A CABEÇA DO “POLVO” (TROIKA)”

 Como é que, em vosso entender, este estado de coisas pode ser alterado?

“Esta é uma questão ideológica, porque a opção de cortar nos funcionários públicos e nos pensionistas pode muito bem ser resolvida cortando nos sítios onde se encontra o dinheiro: nas PPP, nas offshore, no BPN … há muito sítio onde ir buscar dinheiro. Isto é uma questão ideológica! No fundo, trata-se da desvalorização do trabalho e da valorização do capital.”

E isso é assustador?!

“Pois! Viu o que aconteceu, recentemente, na Grécia com o encerramento dos canais de televisão e rádio do Estado, o que levou para o desemprego mais de duas mil pessoas? Esta Troika é um polvo que vai estendendo os seus tentáculos e vai apanhando tudo aquilo que pode para, entretanto, ir engordando a cabeça, que vai inchando… inchando, mas que só arrebenta quando o povo a arrebentar!”

“O PRIMEIRO-MINISTRO NÃO NOS RECEBE!”

“Entretanto, deixe-me dizer que nós estamos a pensar, seriamente, na nossa internacionalização. A preocupação da APRE! é com os países periféricos. Vamos, assim, fazer uma grande conferência internacional, no próximo mês de outubro, na qual participarão pessoas da Grécia, da Espanha, da Irlanda, entre outros, para tratar de temas iguais aos nossos. E isto, porque nós achamos que é importante os povos juntarem-se, tal como já acontece com os jovens desempregados e os “inflexíveis”. É importante ter ligações com esses movimentos europeus. Nós, a nível dos idosos, também temos de fazer isso, porque achamos que é uma maneira de começar a juntar e a reclamar, não isoladamente, mas em conjunto. Estamos nesta!”

Já tentou falar, encontrando-se, com o primeiro-ministro?

“Já, mas ele não me atendeu. Escreveu-me uma carta a dizer que tinha encaminhado o meu assunto para a o Ministério da Solidariedade Social. Fomos lá, e, por lá, fizemos uma concentração à porta. Entregamos um documento ao ministro da Solidariedade, neste caso ao assessor, mas o documento por lá ficou. O primeiro-ministro não nos recebe!”

Pois! Os jovens têm apoiado a APRE!?

“Têm.. .têm! A APRE! tem apoiado os movimentos dos jovens. Recentemente, entrei em contacto com o Movimento dos Sem Emprego. Eles vão fazer uma conferência, em Lisboa, no próximo dia seis de julho, e para a qual nos convidaram.”

“A APRE! NÃO SE TRANSFORMARÁ EM PARTIDO!”

Não lhe passa pela cabeça a ideia de a APRE! transformar-se em partido ou movimento político?

“Não! Isso era contradizer aquilo que nós defendemos: nós somos apartidários! Se nós nos formássemos num partido, a maior parte das pessoas saíam. “

Mas, ao fim e ao cabo, é crescente o número de aderentes?

“Sim. Quando se vai à televisão, ou que se concretize um acontecimento diferente, há picos no número de pessoas a inscrever-se. Por exemplo: quando fui ao programa “Prós e Contras”, da RTP, foi um “boom” de adesão! No fundo, temos junto da comunicação social e, principalmente, junto das televisões que divulgar as nossas atividades e dar a conhecer os nossos objetivos, para que se registe mais uns pico de adesões. Sabe que isso não é muito fácil, mas as pessoas vão aderindo…”

Tem sentido pressões?

“Não temos sentido pressões! Recentemente estivemos reunidos com a CGTP e com a UGT, dissemos-lhes que não somos concorrentes, dissemos que era importante a união de esforços e foi, no fundo, um encontro muito simpático com os líderes de ambas as centrais sindicais!”

maria do rosário gama 04 - 01jul13

“ELES (GOVERNO) JÁ SÃO O PASSADO!”

E, por mais estranho que à primeira vista possa parecer, o vosso movimento está centralizado em Coimbra.

“É! Fui que comecei este movimento. Fui em Coimbra que ele nasceu…

Uma cidade historicamente emblemática em diversas formas de luta…

“Pois. E… depois, é uma cidade central para quem se desloca do Porto ou de Lisboa. Estamos no meio do país. É bom não ficar tudo centralizado em Lisboa.”

Quais as palavras que endereça aos pensionistas e reformados do nosso país. Há que ter esperança?

“Há que ter esperança! Nós estamos um bocado cansados, mas não deixamos de estar esperançados. Há que ter esperança porque acho que o Governo vai ser, rapidamente, passado e nós ainda estamos a constituir o futuro! Eles são o passado! E, nós, apesar da nossa idade, cooperaremos com os mais jovens na construção de um novo futuro”.

Texto: José Gonçalves

Fotos: Pesquisa Google

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3 Comments

  1. Paulo Simões

    Não penso que esta associação tenha que ser um partido. Mas certamente, espero que nenhum reformado deste país vote novamente na escumalha que é o actual PSD (na realidade, este PSD não é mais que uma JOTA “SD”, que conseguiu juntar os poucos preguiçosos “rascas” que houve nos universitários de há 20 anos). E alargava mesmo este apelo a qualquer eleitor. O mais importante é REDUZIR o PSD a CINZAS. Embora me digam que todos os partidos são iguais, especialmente os do “arco da governação”, isto são “sound-bites” destinados a destruir a credibilidade do sistema partidário como um todo. O PSD, que controla os media (felizmente não controla o “Etc e Tal”) através do poderosíssimo grupo Balsemão, como percebe que o “pote” a que eles estão agarrados está em vias de quebrar-se, tentam levar a cabo a manobra de “os outros partidos são ainda piores”, ou “não há alternativa”. É tudo mentira. Há alternativas – as movimentações à esquerda – Livre, Movimento 3D, Congresso das Alternativas. Se ninguém votar PSD, mesmo que haja fragmentação de votos, o tratado orçamental (aquele que obriga a disciplina nas contas públicas, sem respeito pelo estado social, nem pelos direitos do homem) nunca será posto em prática, pois mostrará a força do povo.

  2. artur pais

    Esta Associação ter
    á que forcosamente torna-se em poder político para assim poder-mos alterar a Constituição.

  3. Manuel Pires LISBOA)

    Uma Grande Senhora. Uma Senhora que está à frente do tempo. Este Governo é, rEalmente “PASSADO!”, e só tem do ser, porque isto é uma brincadeira que não se admite a qualquer catraio.

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