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O Mundo entrou em efervescência!

Lúcio Garcia

Dos movimentos das Primaveras Árabes, e a ocupação de Wall Street, que tiveram como base os movimentos Adbusters, US Day of Rage e Anonymous, a situação estendeu-se à Europa. Muitas capitais europeias têm sido palco de enormes manifestações contra um “status quo” que tem arrastado os europeus para o abismo, para o desemprego e a falência económica e financeira dos países do sul, e agora de toda a Europa.

Os únicos que parecem ainda lucrar são os alemães, devido a uma política de moeda única (o euro) incompleta, que estes teimam em não alterar, porque apenas a eles os beneficiam em detrimento dos países do sul para o qual não existem as necessárias ferramentas para um equilíbrio solidário europeu, a que, tantas vezes, já aludi nestas minhas crónicas. Recentemente as manifestações antirregime chagaram à Turquia e ao Brasil. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas reclamando pelos seus direitos.

cronica lucio 01 - 01jul13

Mas, quem são estas pessoas? O que as move?

Estudos referenciam que a grande maioria, são cidadãos anónimos, sem partido, sem comando. São avós, pais, por vezes acompanhados dos seus filhos menores e, principalmente, jovens que se manifestam pelo emprego e pela liberdade. Por um futuro melhor! Os mesmos estudos confirmam, no entanto, que a cada cabeça sua sentença: as pessoas, na sua maioria, estão muito desinformadas, não sabem bem o que querem e como lá chegar.

O mundo hoje é demasiado complexo para que a maioria dos cidadãos o entenda. No entanto, há uma questão que é comum a quase 100 por cento dos manifestantes. “As pessoas antes do dinheiro”.

O combate à corrupção e uma justiça eficaz em todos os domínios, é também um desejo em comum. O mundo está demasiado refém do dinheiro, do capital, do mundo financeiro sem lei, sem freio, sem regulação que tudo engole e corrói. Esta política tem pais. Pai e mãe, e tem filhos e afilhados, no nosso país eles têm nome, todos sabemos quem são. E também tem executores, dois dos principais são Passos Coelho e Vítor Gaspar. Mais papistas do que o Papa.

No nosso Portugal democrático, a justiça é o que se sabe, e o mau do nosso sistema de justiça de hoje, resulta de nunca se ter feito justiça no pós 25 de Abril. O sistema herdado, foi o mesmo que se seguiu. A escola foi a mesma. Os juízes dos tribunais plenários, foram os mesmos que se seguiram no estado democrático. A escola de Juízes e de polícia, durante anos, foi a mesma sem alterações significativas em termos de mentalidade e atuação.

Foi desta polícia que o então ministro da Administração Interna, Alberto Costa, no XIII Governo Constitucional, disse uma vez: “Esta não é a minha polícia”, no sentido em que era necessário e urgente mudar, mas que foi mal compreendido e cuja frase adulterada do contexto foi virada contra ele. Essa também não era a minha polícia.

cronica do lucio 02 - 01jul13

Que justiça foi feita a todas as vítimas dos “bufos”, da Pide, dos assassínios cometidos em nome do Estado? Que justiça foi feita aos que usurparam o povo, que se serviram dele para obter fabulosas fortunas a coberto de monopólios e salários de miséria garantidos pelo estado? Que justiça foi feita a quem manteve o povo na ignorância e analfabeto que ainda hoje é uma das principais razões da nossa falta de competitividade e atraso no contexto europeu?

Perante esta realidade que esperavam os portugueses do que seria feito no futuro? Justiça?

Como é possível que as famílias que sempre governaram, direta ou indiretamente o País desde 1870, sejam quase as mesmas que mesmo após uma revolução, nos continuam a governar ainda mais ricos do que eram?

Se quase todos foram expurgados pelas nacionalizações e fugiram do País, como é possível que hoje detenham de novo todo o capital?

Simples! Com o nosso dinheiro. O dinheiro que todos tínhamos nos Bancos e que eles usaram a seu bel-prazer.

Foram eles e os Bancos que viveram acima das suas possibilidades e hoje temos que os resgatar? Que justiça é esta?

Esse deveria ser o principal mote para a constituição e apoio a um próximo governo. Seria aqui, que o PS, se tivesse uma liderança firme e com vontade de mudar, deveria concentrar todos os esforços, com um verdadeiro programa, quantificado, com prazos, para alterar todo este sistema que corrói todos os outros. O combate à corrupção, seja contra quem for e venha de onde vier. É urgente uma verdadeira justiça para todos em tempo útil. Estas duas questões são metade do caminho andado, para um futuro muito melhor.

O abandono da austeridade, por um verdadeiro programa de reformas da Administração Pública que contivesse excessos e incutisse responsabilidades, baseado na eficiência do estado é o caminho. O apoio ao crescimento económico e ao desenvolvimento é fundamental.

Fundamentalmente, a liderança do PS, tem que começar a entender o que está na base destes movimentos sociais e ou se adapta a eles e os compreende fazendo por concretizar muitos destes anseios do Povo, ou não irá a lado nenhum e ainda mais dano irá causar a Portugal pela falta de esperança.

Como disse um dia, António Guterres: “Ou os ricos tomam em atenção os pobres ou os pobres um dia tomam conta dos ricos”.

cronica do lucio 03 - 01jul13

Pasme-se a que chegou o PSD. A sua Jota, quer acabar com os direitos adquiridos e até forja fotografias de manifestações para fazer a sua propaganda. Mas de que direitos adquiridos estamos a falar? Das nossas reformas? É um direito adquirido! Os que recebem reformas do sistema contributivo, efetuaram toda a sua vida os descontos para tal. Eles cumpriram o contracto social com o estado, agora o estado, não tem mais é que cumprir o contracto com os seus cidadãos.

Agora, se estão a falar de reformas como deputados, governadores de bancos e outros que tais, por meia dúzia e até menos anos de trabalho, grande parte dessa gente do PSD, eu até era capaz de concordar, embora não saiba muito bem como fazê-lo retroativamente, pois desde o primeiro governo de Sócrates que essas mordomias acabaram todas.

No entanto, o governo do PSD, tão habilidoso a contornar a lei ou até, a não cumpri-la como temos visto, só necessita de um minuto dos seus Intermináveis Conselhos de Ministros para acabar com isto. Faça como é seu costume, à moda da tropa.

“Determino e mando publicar”. O Primeiro, assinado: Passos Coelho.

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