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RELIGIÕES em Portugal

Não existe memória do inicio da necessidade maior do Ser Humano – a de encontrar respostas sobre a sua origem, a origem do universo e de tudo o que se torna inexplicável pela sua inteligência cognitiva e/ou tudo o que se torna invisível aos seus olhos, pelas suas próprias limitações. Independentemente da crença num Deus, todo o ser humano procura a verdade que lhe está acessível racionalmente e/ou a que só alcançará pela fé).

Pode o leitor estar a pensar neste momento: então e os agnósticos? E os Ateus? Na minha opinião quer o Agnóstico – que não acredita nem descrê na existência de Deus(es), porque separa o conhecimento (racional) da crença ( irracional), quer o Ateu – que não acredita na existência de Deus(es), se incluem nos seres que refletem sobre a origem da Origem, sobre a sua própria Existência enquanto seres pensantes, seja numa perspetiva filosófica racionalizadora ou não.

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E nesta busca por respostas fora de nós mesmos, além das visões do mundo, surgem diferentes grupos compostos por sistemas culturais e de crenças a que chamamos religiões[1]. Estes sistemas foram criando, ao longo da história, um conjunto de símbolos e rituais que colocam a humanidade de mãos dadas com a espiritualidade, de acordo com valores morais inerentes a esses grupos. A função principal é dar sentido à vida, e como referi acima, explicar a nossa própria origem e do universo que (des)conhecemos. Sendo sistemas culturais e sociais, mais ou menos fechados consoante a sua natureza, tendem a criam estilos de vida pelo caracter normativo que assumem em termos éticos e morais.

Um estudo realizado em 2005 refere que cerca de 81% da população portuguesa indicou que “Acredita em Deus“, cerca de 12% que “Acredita que existe alguma forma de espírito ou força da vida” e ainda cerca de 6% que “Não acredita que exista uma força divina, Deus ou força vital”[2].

Segundo a Lei da Liberdade Religiosa, o Estado Português é não-confessional; isto significa que não adota qualquer religião oficial, nem se pronuncia sobre questões religiosas e não programa a Educação ou a Cultura segundo diretrizes confessionais . Na Constituição Portuguesa pode ler-se no seu artigo 41, ponto 4º que “As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto”.

Com base nessa liberdade religiosa, Portugal abriga diferentes religiões, sendo a Católica Apostólica Romana a que tem mais seguidores (81% da população, segundo os Censos de 2011), apesar do seu número estar a diminuir (segundo o Centro de Estudos de Religiões da Universidade Católica Portuguesa), seguindo-se a Evangélica e a Testemunhas de Jeová. Os anglicanos, os islâmicos, os Judeus, os ortodoxos, os Bahá’is, os budistas, os gnósticos e os espiritas, são as restantes religiões e grupos que existem em Portugal.

A par da diminuição do número de católicos em Portugal, verifica-se um aumento do numero de pessoas sem religião (de 8,2% para 14,2%) assim como aumentou também o numero de pessoas que se identificam com outras crenças cristãs e não cristãs, segundo o mesmo centro de estudo acima referido, entre 1999 e 2011.

O país sendo pequeno, consegue abarcar diferenças significativas em termos territoriais, sendo que, segundo os censos de 2011, (55,2%) da população não crente portuguesa encontra-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde 62,2% são protestantes (incluindo evangélicos).É no Norte de Portugal que vive a maioria dos católicos (43,6%).

Tendo como base os dados do Instituto nacional de estatística (INE / Censos 2011), verificamos que a população portuguesa distribuía-se relativamente à religião, em termos numéricos, da seguinte forma:

Católicos 7.281.887
Protestante 75.571
Ortodoxa 56.550
Islão 20.640
Judaica 3.061
Outra religião crista 163.338
Outra religião não cristã: 28.596
Sem religião: 615.332

 

catolicismo

Catolicismo

termo catolicismo é “usado geralmente para uma experiência específica do cristianismo compartilhada por cristãos que vivem em comunhão com a Igreja de Roma.” Muitos dos principais credos  cristãos, nomeadamente o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno, utilizam este termo.

No seu sentido mais estreito, o termo é usado para referir-se à Igreja Católica Romana, formada por 23 igrejas  que estão em comunhão total com o Papa, e possui mais de um bilhão de fiéis (ou seja, mais de um sexto da população mundial e mais da metade de todos os cristãos). As suas características distintivas são a aceitação da autoridade e primado do Papa, o Bispo de Roma. No entanto, outras igrejas também afirmam ser “católicas”, como a ortodoxa, e as igrejas não-calcedonianas, a Igreja Assíria do Oriente, a Velha Igreja Católica, as igrejas da Comunhão Anglicana e, mesmo que pouco utilizado, as Igrejas Presbiterianas.

Existem ainda as igrejas nacionais, principalmente no continente americano, do norte, central e sul, que não estão vinculadas a Roma, são em sua maioria descendentes da Igreja Católica Apostólica Brasileira, uma dissidência da Igreja de Roma surgida em 1945 e que hoje está presente em muitos países, inclusive na Ásia e África[3]

protestantismo

Protestantismo

protestantismo é um dos principais ramos (tal como a Igreja Romana e a Igreja Ortodoxa) do cristianismo. Este movimento iniciou-se na Europa Central no início do século XV como uma reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval.Os protestantes também são conhecidos, no nosso país, pelo nome de evangélicos.

São várias as doutrinas das imensas denominações protestantes, mas muitas incluem a justificação por graça mediante a fé somente, conhecido como Sola fide,sacerdócio de todos os crentes, e a Bíblia como única regra em matéria de fé e ordem, conhecido como Sola scriptura.

Seguidores de Martinho Lutero fundaram, no século XVI, Igrejas Luteranas ou em alemão “Evangelische Kirche” na Alemanha e Escandinávia. As igrejas reformadas (ou presbiterianas) na Suíça e França foram fundadas por João Calvino e também por reformadores como  Ulrico Zuínglio. Thomás Cranmer reformou a Igreja da Inglaterra e depois John Knox fundou uma comunhão calvinista na Igreja da Escócia. [4]

ortodoxa

Igreja Ortodoxa

Igreja Ortodoxa ou Igreja Cristã Ortodoxa é uma comunhão de igrejas cristãs autónomas, herdeiras da cristandade do Império Bizantino, que reconhece o primado do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla desde que a sede de Roma deixou de comungar com a ortodoxia. Considera-se ser a continuidade da Igreja fundada por Jesus, vendo os seus líderes como sucessores dos apóstolos.

A Igreja Ortodoxa tem, aproximadamente, dois mil anos, contando-se a partir da Igreja Primitiva, e aproximadamente mil anos, contando-se a partir do Cisma do Oriente ou Grande Cisma, em1054. Desde então, os ortodoxos não reconhecem a autoridade do Papa, não aceitam os dogmas proclamados pela Igreja Católica Romana em séculos recentes, tais como a virgindade de Maria após a conceção e não aceitam o princípio da infalibilidade papal. Não reconhecem também como válidos os sacramentos ministrados por outras confissões cristãs. [5]

Apesar de católicos romanos e ortodoxos terem uma história comum, que começa com a fundação da Igreja e com a difusão do cristianismo pelos apóstolos, uma série de dificuldades ocasionou o progressivo distanciamento entre Roma e os Patriarcas. No entanto, apesar das diferenças a Igreja Ortodoxa é, em alguns aspetos, semelhante à da Igreja Católica, entre alguns exemplos temos: preserva os sete sacramentos, o respeito a ícones e o uso de vestes litúrgicas nos seus cultos (denominados de divina liturgia). Seus fiéis são chamados de cristãos ortodoxos.

No seu conjunto, a Igreja Ortodoxa Oriental é a terceira maior confissão cristã, contando, em todo o mundo, com aproximadamente 250 milhões de fiéis, concentrados sobretudo nos países da Europa Oriental. As igrejas ortodoxas mais importantes são a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Ortodoxa Russa.

islao

Islão

O Islamismo, ou islão, é uma religião abraâmica monoteísta orientada pelo Corão, um texto considerado pelos seus seguidores como a palavra literal de Deus e pelos ensinamentos e exemplos normativos de Maomé, considerado pelos fiéis como o último profeta de Deus. Um adepto do islamismo é chamado de muçulmano.

Os muçulmanos acreditam que Deus é único e incomparável e o propósito da existência é adorá-Lo. Eles também acreditam que o islã é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada em muitas épocas e lugares anteriores, incluindo por meio de AbraãoMoisés e Jesus, que eles consideram profetas.  Os seguidores do islã afirmam que as mensagens e revelações anteriores foram parcialmente alteradas ou corrompidas ao longo do tempo, mas consideram o Alcorão como uma versão inalterada da revelação final de Deus.

Os conceitos e as práticas religiosas incluem os cinco pilares do islã, que são conceitos e atos básicos e obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica, que atinge praticamente todos os aspetos da vida e da sociedade, fornecendo orientação sobre os mais variados temas.

Com cerca de 1,41-1,57 bilhão de muçulmanos, compreendendo cerca de 21-23% da mundial, o islão é a segunda maior religião e uma das que mais crescem no mundo[6].

judaismo

Judaísmo

O Judaísmo é uma das três principais religiões abraâmicas, considerada como religião, filosofia e modo de vida do povo judeu.  È considerado pelos judeus religiosos como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de Israel. De acordo com o judaísmo rabínico tradicional, Deus revelou as suas  leis mandamentos a Moisés no Monte Sinai, na forma de uma Torá escrita e oral.

O judaísmo é uma das mais antigas religiões monoteístas e a mais antiga das três grandes religiões abraâmicas que sobrevive até aos nossos dias. Os valores, textos e tradições foram, mais tarde, bastante influenciados por outras religiões abraâmicas, incluindo o cristianismo, o islamismo e a Fé Bahá’í.

Os judeus são um grupo etno-religioso e incluem aqueles que nasceram judeus e os que foram convertidos ao judaísmo. Em 2010, a população judaica mundial foi estimada em 13,4 milhões, ou aproximadamente 0,2% da população mundial total. Cerca de 42% de todos os judeus residem em Israel e cerca de 42% residem nos Estados Unidos e Canadá, com a maioria dos vivos restantes na Europa. O maior movimento religioso judaico é o judaísmo ortodoxo (judaísmo haredi e o judaísmo ortodoxo moderno), o judaísmo conservador e o judaísmo reformista.

A principal diferença entre esses grupos baseia-se na abordagem que fazem à lei judaica. O judaísmo ortodoxo sustenta que a Torá e a lei judaica são de origem divina, eterna e imutável, e que devem ser rigorosamente seguidas. Judeus conservadores e reformistas são mais liberais. A postura reformista típica é de que a lei judaica deve ser vista como um conjunto de diretrizes gerais e não como um conjunto de restrições e obrigações cujo respeito é exigido de todos os judeus. Apesar de hoje ainda existirem tribunais especiais para aplicarem a lei judaica, a verdade é que a prática do judaísmo é na sua maioria voluntária. A autoridade relativamente aos assuntos teológicos e jurídicos não é atribuída a uma pessoa ou a uma organização, mas sim aos textos sagrados e nos rabinos e estudiosos que interpretam esses textos[7].

religioes no porto

As religiões do Porto…

O “Etc e Tal Jornal”, iniciou, em Outubro passado, uma primeira aproximação às religiões existentes na cidade do Porto, tendo realizado, nesse mesmo mês, uma reportagem sobre o Islão e outra sobre a Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica (Anglicana), em Novembro. É nosso propósito dar continuidade ao aprofundamento do conhecimento sobre as outras religiões / grupos religiosos que coabitam nesta grande cidade, pelo que convidamos os nossos leitores a acompanharem-nos nesta viagem, através da leitura das próximas edições.

Com votos de que este ano que se inicia nos traga a força necessária para enfrentarmos as dificuldades como desafios e que o nosso contributo ao nível da informação, seja algo válido para a construção da cidadania ativa, esclarecida e tolerante que todos almejamos, deixo os nossos leitores com esta brevíssima passagem pelas principais religiões que existem no nosso país, na certeza que todas contribuem para a coesão da sociedade num espirito de liberdade de pensamento que a todos deve orgulhar!

Votos de um Feliz 2014!

 

Texto: Ana Cláudia Albergaria

Fotos: Pesquisa Google

 

01jan14


[1] Para aprofundar este assunto, consultar: ? religion etymology (em inglês). Online Etymology Dictionary.

[2] Fonte:  http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_225_report_en.pdf

 

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2 Comments

  1. Anónimo

    Uma reportagem explicativa das religiões do mundo. Sem dúvida bastante importante e que a mim propriamente vai ser muito útil para a exposição sobre as religiões que vou ter daqui a um ano.
    parabéns Ana. Bj grande e um bom ano.

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