É uma entrevista extensa, tanto mais que se trata de uma complexa história de vida de um jovem que por ela foi obrigado a lutar. A verdade, é que depois de humilhações e depressões conquistou vitórias dignas de registo. Outros desafios, contudo, estão aí a bater-lhe à porta. Num “lead” seria difícil resumir o conteúdo deste encontro com Aswin Aires Barros, de 34 anos muito vividos. Natural de Goa (Índia). Cantor. Estudante universitário. Cantor sem se achar cantor, mas cantando encantando. A história é unipessoal, não se sabendo, porém, se ela pode ser partilhada por outros “Aires” deste ou de outro país. A ler…
Quem é o Aswin Aires Barros?
“É um rapaz que nasceu em Goa (Índia) há 34 anos, fruto da relação de um português do Minho, mais concretamente de Rio de Moinhos, em Arcos de Valdevez, e uma goesa. À partida parecia que esta relação estava condenada, porque as famílias tanto da parte do meu pai como da minha mãe, não aceitaram essa relação. Então, depois de terem casado em Goa, o meu pai trouxe de imediato a minha mãe para Portugal construindo vida por cá. Contudo, o meu pai acabaria por ser transferido, porque era militar, para Lourenço Marques e, a partir daí, os contactos com as famílias desapareceram.
O Aires acabou por nascer só com mãe e só com pai para devidos efeitos, porque a família renegou-me mesmo antes de ter nascido. Acho que o Aires é um Aires lutador… que até hoje tem vindo a lutar! Não tenho qualquer tipo de laços familiares! Já conheci, ao vivo, as minhas primas que se encontram na Alemanha, mas a relação familiar não existe! Praticamente só sou eu!”.
É um Aires que se impõe, porque a isso é obrigado, perante a comunidade que o acolheu?
“Nem sempre foi assim. O Aires é uma pessoa que tem defeitos, como também tem qualidades; que sofre, que tem sentimentos… e muita das vezes acabou por cair. Houve uma altura que o Aires – eu! – deixou de confiar nas pessoas. Entretanto, o meu pai veio a falecer devido a um acidente de mota, continuei o meu caminho com a minha mãe que, depois, acabaria por morrer vítima de leucemia. Nessa transição, os meus irmãos também faleceram, e só fiquei eu para contar a história. A minha mãe criou-me com muito custo, porque era só eu e ela, e, em parte, eu sabia que ela me tinha como numa redoma. Quando acontecia algo de mal ela ficava apavorada. Eu tenho bronquite asmática e quando tinha um ataque de asma ela punha as mãos na cabeça sem saber o que fazer, Lembro-me, quando era pequeno, da minha pediatra dizer que eu não tinha chances de chegar à vida adulta.”
Vítima de bullying
Quanto tempo o Aires viveu em Goa?
“Não me lembro ao certo, penso que até aos três anos, depois vim para Portugal, fixando-me – com a família – em Lisboa numa área problemática: o Bairro das Calvanas que fica perto, nada mais nada menos, de uma outra região problemática: a Musgueira – norte e sul. Este era um bairro clandestino, onde o meu pai ergueu a sua casa, isto no início dos anos oitenta, meados de 70. A minha mãe, nessa altura, era a única mulher não portuguesa a viver naquele bairro, logo houve uma série de estigmas. O estigma mais engraçado foi o “do branco que casou com uma preta”, quer isto dizer que nem sabiam diferenciar o que eras uma indiana, o que era uma goesa. A partir desse momento, eu também passei a ser vítima de preconceito por parte dos vizinhos e também da escola. O “bullying” naquela altura era diferente do que existe hoje. A perseguição era racista. Muitas das vezes que saía de casa para ir para a escola ouvia coisas como “lá vai o preto!”. Mas, eu compreendia essa situação, porque era novo…”
Alguns portugueses têm dessas coisas…
“Depois, mais tarde, já não conseguia perceber o porquê desse estigma, sabendo-se que Goa foi portuguesa. Foram os portugueses que foram a Goa, que casaram com mulheres goesas, trouxeram para Portugal as especiarias indianas assim como a seda e por aí fora, e, assim sendo, eu não entendia o porquê dessas reações.”
Itinerários de vida
É católico? É que na Índia a ser-se católico deve ser complicado.
“Não. Na Índia há, realmente, e na maioria, muçulmanos e muitas outras religiões. O meu pai era católico. Eu cresci no meio católico, mas depois a minha mãe, após a morte do meu pai, deixou o catolicismo e passou a ser evangélica, e eu fui ensinado nessa ideia que foi essa ideia que me sustentou até hoje.”
Depois de Lisboa veio para o Porto?
“Não. Antes ainda fui para a Alemanha, ou seja depois da minha mãe ter falecido. Como não tinha aqui ninguém tive que ir ao encontro da minha família que vivia na Alemanha, só que o cuidar de mim foi um cuidado forçado, porque eles não me queriam. Eu só fui porque eles eram da família e porque o Tribunal o ordenou. Lá, em Leverkusen, vivi num espaço muito pequenino, não fazia nada durante o dia, só ia passear pela cidade… eu queria ir para a escola mas a família não me inscreveu, e quando fiz 17 anos disseram-me: “estão aqui as tuas malas. Vai para Portugal!” E vim para Portugal…”
Não foi fácil?!
“Não. Nessa altura, uma assistente social que trabalhava para a presidência do Conselho de Ministros tomou conta do meu caso, depois de um ano estar a viver sozinho na casa dos meus pais em Lisboa. Então, mandaram-me para uma instituição…”
Qual?
“A Fundação Obra do Ardina. Foi nessa instituição que eu cresci. Mas, antes de ter ido para essa instituição tentou-se o Colégio Militar…”
O “casapiano”
E a Casa Pia não apareceu no meio disto tudo?
“A Casa Pia apareceu, mas antes de ir para a instituição, e com a minha mãe ainda viva. Foi lá que fiz o quinto e o sexto ano num curso de práticas administrativas. Isto na Casa Pia de Pina Manique. No fundo, também sou casapiano. Mas, quando a minha faleceu saí da Casa Pia e foi para a Obra do Ardina, onde o presidente da instituição, dr. Alexandre Luís Mendonça Martins, foi meu tutor e guardião até eu atingir a maioridade. Devo muito a ele. Ao princípio ele achava que eu era mais um dos jovens que se ia perder na caminhada…”
E havia muitos jovens que se perdiam na caminhada?
“Sem dúvida! Infelizmente não aproveitavam as oportunidades que a vida lhes dava. Posso dizer-lhe que foi um período na minha vida que me revoltei contra Deus, contra mim e contra os meus pais, e porquê? Porque me tinham metido numa instituição onde, de um lado vejo jovens que roubam, e do outro jovens que mataram ou agrediram alguém, e eu, que tive uns pais fantásticos e uma história de vida fantástica estava ali no meio de jovens problemáticos. E foi difícil, porque fui gozado muitas vezes… fui humilhado! E fui, porque, por exemplo, na mesa tinha maneiras: pegava na faca e no garfo, punha o guardanapo de uma forma que os meus pais me ensinaram. Digamos que eles diziam que eu era o filho do papá e da mamã, porque, para eles, devia estar num colégio de ricos. Mesmo assim, foi essa instituição que me deu a oportunidade de fazer o nono ano, porque só tinha o sétimo. Fiz, então, o nono ano, fiquei muito amigo da mulher do presidente, que foi minha professora de Ciências da Natureza, e foi ela que me incentivou a continuar a estudar, falo da doutora Maria dos Anjos.
Naquela altura eu só queria fazer o nono ano, mas, entretanto – e sobre a qual também fui alvo de chacota – e como gostava de cantar desde pequeno – e cantar para Deus era para mim a melhor coisa do mundo – enquanto que os outros – ainda na Obra do Ardina – jogavam à bola eu adorava o canto e o piano.”
“Na Obra do Ardina comecei a fazer solos”
Além do coro também o piano?!
“Sim. Nessa instituição tínhamos um maestro – o senhor Paulo Castro – que ensaiava o coro, eu via-os ensaiar e perguntava-me: devo ou não ir? A maior parte dos jovens que iam ao coro iam contra a vontade, isto porque era uma atividade obrigatória, uma vez que, ao domingo tínhamos que animar a Eucaristia, e, apesar de ser evangélico e não católico, eu ia e respeitava. Não fazia certas coisas que faziam na igreja. Às vezes perguntavam-me: “Mas tu não te benzes?” E eu respondia: “Não, porque não vou contra as minhas convicções!” Sempre respeitei o ritual, porque durante sete anos fui sempre à Eucaristia. Ora, quando esse maestro ouviu a minha voz no meio de tantos jovens rapazes – a Obra do Ardina só tinha rapazes – ele disse-me assim: “vamos cantar um solo!”, e eu comecei a fazer solos, mas muito timidamente…
“Solos” com música ou só com voz?
“Com música, porque era eu que tocava no órgão. Mas, depois disso os jovens iam chatear-me cabo da cabeça… não podiam comigo!”
Então, como era a convivência nas camaratas, ou no recreio, com esses tais jovens que, por sinal, eram muitos?
“Os quartos eram individuais, graças a Deus! Não havia problema nenhum nesse sentido. Eu, com eles, tentava conviver da melhor maneira possível, mas não conseguia, porque acabavam sempre por dizer que era diferente…”
Mas, não havia jovens, nessa altura, com condição idêntica à do Aires? Não encontrou alguns jovens que passassem pelo mesmo tipo de problemas?
“Nos primeiros dois anos, não! Depois, com a entrada de outros jovens, alguns dos quais órfãos, comecei a criar amizades. Lembro-me de ter dois grandes amigos – o Sandro e o Gonçalo -, que tinham também as suas histórias de vida, e foram as pessoas com quem mais me identifiquei lá dentro. Já não me sentia tão sozinho. Mais: eles também gostavam muito de música, o que me fez ficar mais atraído por esses dois rapazes. No quarto fazíamos grandes “concertos”, imaginávamo-nos com microfone, eles cantavam, eu aplaudia; eu cantava… eles aplaudiam. Nós tínhamos uma grande cantora em comum, que, no fundo, era a nossa inspiração: Whitney Houston.”
Whitney Houston: fonte de inspiração…
Ouvi dizer que você também cantava músicas de telenovelas brasileiras, como a “Tieta do Agreste” e por aí fora…
“Exatamente. Mas, nesta altura, já não ligava muito às novelas. Quando era pequeno, a primeira coisa que cantei foi, realmente, a “Tieta do Agreste” e depois o “Sasaricando”, e etc. Mas, quando ouvi pela primeira vez a Whitney Houston a cantar, ouvi aquilo e fiquei apaixonado, tendo deixado de cantar em português do Brasil ou português de cá, e ter começado a cantar em inglês americano. Aquela voz enchia a minha alma e, depois, quando ela estava com o Gospel ainda conseguia chegar mais. Ela faz parte da minha vida. Toda a banda sonora que ela fazia tinha o seu momento. Entretanto, nessa instituição, aprendi a gostar de Gospel, comecei a querer cantar no coro…
…e os clássicos?
“Gosto de ouvir, mas nunca experimentei cantar. Para mim era o Gospel, o Soul e o R&B. Entretanto, ainda na Obra do Ardina, foi convidado, a certa altura, para ir a um programa da Fátima Lopes – ela ainda estava na SIC – para falar como era a vivência em família. Eu fui. Foi uma experiência agradável para ser entrevistado perante as câmaras, mas havia coisas que eu não queria dizer e que eles me forçavam a relatar e eu não queria. Sabe que essas entrevistas são muito definidas, e eles só queriam saber daquilo que eu não queria dizer para me por a chorar, e eu detestei essa situação. Mas, mesmo assim, foi uma experiência boa, porque deu os seus frutos e me fez virar uma nova página da minha vida”.
Um “virar de página”
E porquê? Qual a razão para ter virado uma página na sua vida?
“Porque me fez conhecer uma pessoa que me deu a mão e me livrou da instituição “Obra do Ardina”. Ela viu o programa, na altura teria os seus setenta e sete anos e precisa de alguém que dela cuidasse, quando a própria filha isso não fazia. Um dia, essa pessoa chega à instituição, vai falar com a minha técnica e diz: “eu quero perfilhar este rapaz!”… que era eu. Foi uma pessoa à qual eu comecei logo a chamar de madrinha – o nome dela era Helena Pires Torres Malta Jota, a filha dela é uma pintora de nome Ana Jota, mas que nunca tinha existido na vida dela. Então sabendo do seu interesse, perguntei-lhe se queria que eu fosse morar com ela – tinha uma casa em S. Pedro do Estoril…
…devia ser pequenina?!
“Não. Era uma vivenda!”
Pois!
“Era uma vivenda muito boa. Lá vivi durante alguns anos, mas continuei na instituição a trabalhar: era auxiliar geral. Depois passei para monitor de educação, e fui, mais tarde, destacado para um Centro Social e Paroquial S. Maximiano Kolbe, em Chelas, para dar aulas de informática e de dança…”
…também dança?!
“Também danço, mas agora, é mais o canto. Essa senhora, que orgulhosamente chamo “madrinha” – porque ainda hoje é minha madrinha, apesar de já ter falecido – foi a pessoa que me mostrou um mundo diferente. Na instituição eu só conhecia algo que estava confinado a grades e ao meu quarto, enquanto ela me mostrou como ser livre. Na altura em que ela – a minha madrinha- me tirou da instituição e fui morar com ela, porque o seu estado de saúde agravou-se e, como tal, precisava de alguém a seu lado.
Entretanto, no “Ardina” tirei o nono ano e fui convidado depois a tirar o 12.º na Escola Secundária Rainha D. Leonor, naquela altura em unidades descapitalizadas. Nesse espaço de tempo, desenvolvi ainda a atividade de auxiliar de ação médica, trabalhando num dos pavilhões mais problemáticos do Hospital Júlio de Matos: o 16 A.”
E a experiência…
“…foi enriquecedora! Foi ali que aprendi a gostar das pessoas! Foi muito cansativo, porque – repare! – porque, depois de acordar dava o pequeno-almoço à minha madrinha, ia logo às oito da manhã para o meu trabalho que consistia em dar banho a pessoas com deficiência mental; mudar as fraldas : dar de comer à boca; vestir…
“Essa nódoa negra, esse preto, não tem estaleca para a Universidade!”
Não foi fácil?!
“Não. Não foi fácil! E quando havia acamados, pô-los nas costas para os levar para as cadeiras, mudar os lençóis e voltá-los a pô-los na cama era difícil. E, muitas das vezes, chorava, porque quando acabava o turno, ia para casa dar almoço à minha madrinha, para depois, às seis da tarde, ir para as aulas… para fazer o 12.º ano.”
Não teve um espaço para convívio?
“Não tive. Nesse tempo não frequentei discotecas, não fiz amizades… nada!”
Não teve uma namorada …
“…nada! Era só escola, casa, trabalho. E eu pensava: se a minha madrinha deu tudo dela para mim, eu tinha de dar também! Entretanto, antes da minha madrinha desaparecer, terminei o 12.º ano e eu disse: “por aqui me fico! Já não quero mais!”, porque passei toda a minha vida a ouvir que “essa nódoa negra, esse preto, não tem estaleca para a Universidade!”… eu cresci com isto, e meti na cabeça que não era capaz, e eu falei nisso à minha madrinha. E isso porque a minha madrinha perguntou-me, quando acabei o 12.º ano, o que é que queria fazer (?). Respondi: quero continuar a trabalhar. O 12.º já chega. Ela levantou-se, abriu a porta de casa, e disse-me assim: “A porta da rua é serventia da casa. Eu lutei muito para chegar onde cheguei. Nem a minha filha, que é minha filha, consegue fazer gato-sapato de mim. Estou-te a avisar: tu vai para a Universidade nem que eu te chute a pontapé!”
Eu continuava a pensar em não ir, mas, no 12.º ano tive Psicologia e adorei. Adorei a professora a falar sobre as pessoas, a termos amor pelas pessoas… na prática! E aquilo começou a germinar a vontade. E como estava a trabalhar no Hospital Júlio de Matos, ao ouvir aquelas pessoas que precisavam de mim e precisavam de ajuda e, ainda, o trabalho com doentes cognitivamente em baixo… fez-me seguir Psicologia”.
O desafio: “Lusófona”
E lá foi para Psicologia.
“Antes, porém, ainda perguntei à minha professora de Psicologia, se achava que tinha capacidade para ser um bom psicólogo(?) respondendo-me assim: “As tuas notas dizem tudo! Tens em Psicologia as notas mais altas do teu currículo!”. E fui para Psicologia.”
A madrinha terá feito uma festa enorme?!
“Fez… fez! Concorri, no primeiro ano, para Psicologia em 2003… não entrei. E porquê? Porque estava a trabalhar e não conseguia conciliar o trabalho com a Universidade, fiquei, assim, um ano a dedicar-me à minha madrinha e ao meu trabalho. No segundo ano, voltei tentar, porque a minha madrinha – seis meses antes de começarem o exames nacionais – bateu à porta do meu quarto e disse: “meu menininho, começa já a estudar que daqui a seis meses vais fazer prova de admissão, e não me interessa se não ficares… se não ficares a gente dá um jeito!” Eu voltei, fiz o exame, subi a minha média, concorri; novamente não fiquei numa “pública” porque estava a trabalhar. Então a minha madrinha diz-me: “Mais um ano não vais ficar! Vai para a Lusófona que é aqui perto de casa… mexe-te! A Lusófona tem aulas à noite!”
Isso tudo foi muito rápido…
“…mas, eu avisei: atenção que se pagam propinas e as propinas são de trezentos e tal euros e tu ganhas pouco de reforma. Eu a fazer sábados, domingos tirava, na altura 700 a 800 euros, comparticipando nos medicamentos da madrinha e nas coisas da casa. E ela só me disse isto: “Deus vai ajudar-nos! Mas tu vais!”
Você não imagina a felicidade que tive quando fiz a minha primeira matrícula no primeiro ano e… entrei. Podia escolher outras universidades, mas escolhi a Lusófona por conveniência. Ou seja, a Lusófona era no Campo Grande (Lisboa), ficava ao lado do Hospital Júlio de Matos e aminha casa era ali mesmo à beira, o que era muito prático para mim. E, pronto continuamos a luta, lembrando-me de uma frase da minha madrinha, ainda hoje: “Tu podes, assim tu queiras” e, no primeiro ano em que entrei na Universidade foi assim uma coisa?! Quando paguei a primeira propina e a inscrição para a Universidade esse foi o dia mais feliz da minha vida! Sabe o que é que fiz nesse dia? Entrei numa igreja evangélica, pus-me de joelhos frente ao altar e disse “Oh Deus eu consegui!”
Mas, as coisas não ficam por aqui, pois não?
“Não. Estava criado mais um marco difícil na minha vida, pois tinha que cuidar da minha madrinha, ir para o trabalho, fazer os trabalhos para casa e estudar e ainda ir para a Universidade, de onde saía todos os dias à meia-noite”.
“A minha madrinha…”
Nesta altura continua sem amigos próximos…
“Só eu! A única pessoa com que eu lidava, a não ser a minha madrinha, era o diretor da instituição. Nunca fui a uma discoteca; nunca fui a um bar…
…mas a Universidade. por si, proporciona amizades?!
“Quando havia Queima das Fitas eu ficava em casa a fazer o jantar para a minha madrinha. A coisa maias feliz que tinha era chegar a casa e ver e minha madrinha na cama, desperta e a perguntar-me como tinham decorrido as aulas. Portanto, queria lá saber da discoteca, de boîtes… eu queria estar com a minha madrinha”.
Compreendo que tenha sido difícil conciliar todas essas obrigações.
“Passei muitas noites em branco.”
Quando a sua madrinha parte, deve ter sido uma situação muito complicada?
“Foi, realmente, uma situação complicada. Mas, antes de entrar em pormenores sobre a situação, saiba que o meu percurso na Universidade foi ótimo mesmo com os sacrifícios tos. Devo dizer que nunca fiquei um ano para trás…
…estamos a falar da Universidade Lusófona…
“do curso de psicologia. Cheguei ao fim da licenciatura e a minha madrinha disse: “vai para o mestrado!”. E eu “pimba”. Lá fui para o mestrado. No último ano de mestrado, a minha madrinha cai de cama. Tem leucemia. Foi internada no hospital com pneumonia. Não falhei um dia em que não fosse ao Hospital Santa Maria visitá-la. A alegria dela, na cama, era dizer que eu era o filho dela. E uma coisa importante: ela fazia-me cantar para toda a gente, porque ela era a minha maior fã. A canção preferida dela também era a da Whitney Houston, do “Guarda-Costas”… e eu cantava-a todos os dias!
Entretanto, continuo a fazer o mestrado e um dia ela, a minha madrinha, é mandada para casa sem esperança de vida. No dia em que ela partiu, fiz-lhe ainda o pequeno-almoço, mas ela já não estava por cá”.
Da depressão ao aparecimento da “mana” Rita
E depois, é que vem cá para o norte?
“Eu pensei: O que é que vou fazer da minha vida agora?!Nessa altura tive uma depressão profunda. Nesse dia fiz uma coisa que muitos não queriam fazer. Após ela ter partido para um lugar melhor, fui para casa, mantive-me em silêncio e foi uma amiga minha enfermeira, Gisela Santos, que me tirou de casa e levou-me para a casa da mãe dela. Para mim foi um momento muito angustiante esperar alguns dias para entregar o corpo da minha madrinha…
O que é que há de importante no meio disso tudo?
“No dia da cremação eu cantei, em pleno cemitério. Foi o desejo dela que foi cumprido, e toda a gente ficou admirada com a minha voz! Chagamos a casa, houve festa, porque na cultura indiana celebra-se a vida com a morte para se saber que ela está num outro sítio melhor. Nesse dia vesti-me completamente de branco, peguei na minha mochila, e fui para as aulas prometendo a mim próprio passar no exame que então ia fazer. Cheguei, fiz o exame e passei com distinção.”
Com distinção?!
“Com distinção! Entretanto, entrei em depressão grave; comecei a ter ataques de pânico e fiquei quase um ano fechado em casa, e só de tocarem à campainha eu chegava a esconder-me debaixo da cama….com medo. Depois deu-se a reviravolta. Eu conheci um programa na Internet que era uma sala de chat onde se podia cantar, dizer poemas, falar com as pessoas etc, e eu comecei a frequentá-lo. Comecei, então a sair à rua, mas só para ir à Universidade, para fazer a minha tese de mestrado, depois chegava a casa e ficava a semana toda fechado. Então, como disse comecei a frequentar aquele chat, e lá conheci uma pessoa muito interessante, que carinhosamente trato por “mana”, e ela, a Rita – que é de Paços de Ferreira – começou-me a dar todo o apoio. Ela disse-me: “tens de arrebitar-te… tens de fazer qualquer coisa! Decidi então ir para o doutoramento, uma vez que tinha ficado sem emprego. Enviei, então, a minha proposta de doutoramento para as universidades em Lisboa. Nenhuma delas tinha orientadores parar mim e fecharam-me as portas…”
“Diziam-me (em Lisboa) que o Porto era uma cidade cinzenta, mas…”
E é então que se “vira” para a Invicta?
“Não me viro, porque sabia que a minha vida era em Lisboa e nunca me imaginei a vir para aqui…”
Porquê? Tinha a ideia – errada diga-se de passagem -, como têm muitos lisboetas, que o Porto é uma cidade cinzenta, fria. Qual era a ideia que tinha do Porto?
“Sim, tenha essa ideia porque era essa a ideia transmitida pelos meus colegas. Diziam que o Porto era uma terra cinzenta, com muita chuva, eles estão sempre em movimento…
Em movimento estão, de certeza absoluta! Era só o que nos faltava. (risos)
“Mas, a minha “mana” acabou por convencer a vir para o Norte. Escolhi várias universidades da região. Entretanto conhecia a minha atual Universidade (Fernando Pessoa), a doutora Raquel Silva. Ela viu a minha proposta e, rapidamente, a aceitou. Mas, ainda faltava a autorização da Universidade. Então, a determinada, a doutora Raquel já estava a começar as aulas aqui e eu não podia frequentá-las, sem primeiro, ter autorização da Universidade, porque não sabia se o meu projeto de doutoramento tinha sido aprovado ou não.”
Projeto de doutoramento na Psicologia?!
“Ciências Sociais Humanas com especialização em Psicologia. Entretanto, os meus papéis são entregues, e, passado um tempo consegui autorização para frequentar as aulas na Universidade Fernando Pessoa mas sem saber se ficava. Eu fiz semanalmente e durante um ano inteiro viagens entre Lisboa-Porto e Porto-Lisboa, de autocarro na Rede Expresso, porque ainda estava a viver em Lisboa…”
“Foi a Universidade Fernando Pessoa que me abriu as portas!”
Isto é muito complicado. A sua vida é, em absoluto, muito complexa. Esta entrevista será quase um livro!
“E, atenção… eu estava a viver das minhas economias! Entretanto, eu estava a ir para Lisboa, quando a doutora Raquel me liga e diz que tinha chegado a autorização e que tinha sido aprovado”.
Fica, assim, definitivamente, na Universidade Fernando Pessoa?!
“Sim. Mas espere! Você nem imagina a minha alegria por estar na “Fernando Pessoa”. Por cá conhecia boas pessoas; por cá fui ajudado; as aulas foram várias, não sabia se tinha estaleca para aguentar, mas aguentei! Tenho, aqui, na Universidade Fernando Pessoa muitos bons professores, que me incentivarem ainda mais a fazer Psicologia, e que me deram a certeza que era isso que queria e que eu estava no caminho certo. Quando todas as universidades me fecharam as portas foi a “Fernando Pessoa” que as abriu.”
A partir daí a sua vida voltou a mudar?
“Pois. Não podia fazer Lisboa-Porto e Porto-Lisboa todas as vezes, então comecei a passar os fins-de-semana, em Paços de Ferreira, na casa da minha “mana” Rita, e eles fizeram uma coisa que poucos fazem: o marido dela, da Rita – que era militar na Força Aérea, em Lisboa – levantava-se, aos sábados, às seis da manhã para me ir por à paragem do autocarro, de modo a poder estar aqui às nove da manhã. Depois, quando acabavam as aulas, por volta da uma hora, ia-me buscar para regressar a Paços de Ferreira. Foi um apoio fantástico! Por isso, eles – a Rita e o marido – são para mim… tudo!”
“Há sempre uma luz ao fundo do túnel!”
Pelos vistos, as histórias não ficam por aqui?
Não. Entretanto, o que aconteceu? Eu não podia ficar, eternamente, na casa deles, teria de arranjar o meu espaço. Ora, quando vi que o doutoramento, na “Fernando Pessoa”, se estava a tornar um pouco mais pesado, e eu tinha que estar mais concentrado, então comecei a procurar casa aqui no norte. No Porto era tudo muito caro! Eu não tinha Rendimento Mínimo de Inserção, não tinha, como ainda não tenho, subsídio de desemprego, estando, atualmente a viver das economias da minha madrinha e das que os meus pais me deixaram. Mesmo a residência da “Fernando Pessoa”, por mais boa vontade que eles demonstraram em baixar um bocadinho, era, mesmo assim, muito caro para mim.”.
Acontece, então, o quê?
“Ainda em Lisboa, vi um anúncio no OLX de um senhor que estava a alugar uma casa em Vila Chã… Vila do Conde. Fui lá ver. Mas antes disso ainda estive em A-Ver-O-Mar, na Póvoa de Varzim. Pronto e fui para a casa desse senhor. Comecei as pagar as mensalidades daqui e a renda dali”
Fora os transportes?!
“Pois. Eu a alavancar tudo já estava sem saber o que fazer. Entretanto esse senhor, o senhorio, muda-se para a sua região – Montalegre – e aconselha-me a encontrar um outro sítio para ficar. Não sabendo onde iria morar, aconselhei-me com certas pessoas, referindo às mesmas que acreditava em Deus e que Ele me iria ajudar. Disse isso com uma fé determinante. Há sempre uma luz no fundo do túnel! Um desses senhores, com que me aconselhei, disse que tinha uma casa em Mindelo e que eu poderia ir para lá… sem nada pagar!”
O especialista em “Frango de Caril à Goesa”
Sei que além de saber cantar, de ser um cantor… sabe cozinhar. O quê?
“Cozinha indiana!”
O que sugere para um grupo de amigos?
“Frango de Caril à moda Goesa. Uso muito, nesse prato, leite coco, natas e… caril! Uma coisa que se fazia, e deve fazer-se em Goa, é que toda a comida portuguesa é la transformada…
…quer dizer: um Cozido à Portuguesa fica a ser um Cozido à Goa?
“Exatamente! Por exemplo, Esparguete à Bolonhesa faço exatamente igual, só que junto piri-piri…
… mas isso é italiano.
Sim, mas é só para dizer que às comidas de outros países introduzimos as nossas especiarias, como por exemplo o açafrão, o caril… qualquer coisa!
Mas, há pouco disse que eu era um cantor, deixe me lhe dizer que não me considero tal! É importante frisar isto. Porquê? Durante muito tempo cantei e as pessoas mandavam-me sempre abaixo, porque tinha uma voz muito fina… uma voz que não é de homem ”.
“O que me interessa é expor aquilo que sinto!”
Então, em coro, era colocado ao lado das mulheres?
“Não, porque atingia os falsetes. Em Lisboa apaixonei-me pelo Gospel, cantando numa igreja evangélica sempre com o coro. Uma vez até fomos cantar ao Estádio do Dragão, numa apresentação da equipa do FC Porto…”
E a coisa correu bem? É portista?
“Não, sou benfiquista! (risos).
Ah! Também cantei no Teatro do Cacém… enfim, fomos cantar em alguns sítios engraçados. Só que eu sempre achei que a minha voz era boa para cantar em coro mas nunca a solo. Então, o que é acontece? O grupo Gospel acabou lá, mas, aqui no Porto, continuei a cantar, e a minha “mana” Rita, que já me tinha ouvido várias vezes, começou a incentivar-me a cantar em público. Numa das apresentações foi como cantor mas também como “apresentador” do lançamento de um CD do cantor Pedro Brandão. A apresentação foi ao lado de uma jornalista de Viana do Castelo, chamada Fátima Rosa Rodrigues, que também me incentivou a cantar. Entretanto, ela costumava a fazer festivais de solidariedade na altura do Natal e sempre dizia: Oh Aires! Vais cantar!”
E o Aires começou a cantar?!
“E comecei a apresentar-me em público, mas não era nada como está a ser agora. Nada!”
Foi um princípio…
“…foi um princípio!”
“Quando canto é para todos…”
Um princípio que o levou a gesticular muito quando canta.
“Sim. E porquê? Não tendo o microfone, eu não consigo cantar e… já está! Tenho que ouvir a música, e aquilo que eu canto vem dentro da alma! A mim não me interessa se gesticulo, se faço caretas… não me interessa! O que me interessa é expor aquilo que sinto…”
Sempre com o Gospel?
“Eu quero unir o Gospel à Psicologia. O que o Gospel tem, por si só, são canções de motivação. A Psicologia positiva é dar motivação. Então, porque não aliar as duas áreas numa só? Quando canto, não canto só para Deus! Em primeiro lugar é para Ele e depois é para todos, mas o meu verdadeiro objetivo é que a pessoa que esteja do outro lado sinta algo, algo que lhe toque no coração, que gostem de mim, isto mesmo cantando em inglês, porque a maior parte das vezes canto em inglês”.
E acha que as pessoas gostam de si?
“Ao princípio achava que não, porque riam-se muito quando cantava. Agora, aqui no Porto, e, por exemplo, na Casa dos Açores do Norte, fui lá cantar pela primeira vez a convite do presidente, José Manuel Tavares Rebelo que é também vosso colunista, o que é que aconteceu? Entrou lá uma senhora chamada Mónica Vale, que não acompanhou o meu espetáculo, mas o dr. José sugeriu-me cantar, à capela, e depois a Mónica Vale ouviu e quando me apanhou sozinho começou, comigo, a falar sobre música e etc…”
…aparece o primeiro contrato?
Não, aparece o primeiro contacto. Mas, jamais algum dia iria esperar que isto ia dar alguma coisa. Entretanto – e é muito importante dizer isto – o que me tem salvo ao longo destes anos todos é a comunidade onde eu pertenço, a Taizé. Fui apresentado a essa comunidade pela irmã da doutora Maria dos Anjos, estava eu na Fundação Obra do Ardina.”.
A Comunidade Taizé e o “arranque” na “APPC”
E o que é a Comunidade Taizé?
“É uma comunidade ecuménica, que abrange jovens de todos os países, independentemente, da sua crença, e que tem como objetivo Orar a Deus! Existe a aldeia Taizé, que fica em França, mas eu não vou a essa aldeia – porque lá fui onze anos seguidos – e o que me dá mais “pica” é ir aos Encontros Europeus, que se realizam entre 28 de dezembro e 01 de janeiro. Desde 2009, altura em que a minha madrinha faleceu, que participo nesses encontros ininterruptamente. Esse evento é anual e realiza-se sempre num diferente país. No ano passado foi em Estrasburgo (França). Neste ano de 2014, já sei que vai ser na República Checa. Em 2012 foi em Roma, e fui para lá de autocarro e a um preço modesto, uma vez que se trata de uma congregação.”
E a Comunidade Taizé tem bastantes aderentes aqui em Portugal?
“Tem bastantes aderentes. Eu também pertenço ao Coro Internacional Taizé, porque quando vou para lá estou sempre no coro.”
E aí…
“…tive que aprender a cantar de partitura. Eu já tinha agendado a minha ida para Estrasburgo, e a Mónica Vale envia-me uma mensagem a convidar para atuar na AAPC. Era para dizer não, mas alguma coisa me disse “vai!”. E fui. Lá conheci muitas pessoas (tal como a dona Albertina, que se encontra aqui presente) muitas outras pessoas fantásticas – colegas e amigas dela -, especialmente a drª Susana a quem eu devo um muito obrigado, pois ela permitiu a que lá fosse cantar, e lá também encontrei a professora Lourdes dos Anjos…
… nossa colunista e amiga.
“Na altura, não sabia o que ia cantar. Cantei e quando acabei de cantar vi as pessoas todas admiradas… todas a olhar para mim e pensei: isto é um bom feedback! Vamos ser práticos: foi nessa instituição que tudo começou, pois acabei por receber um convite para atuar na Casa da Cultura de Paranhos, através da professora Lourdes dos Anjos, depois daí acabei por ir atuar na Fundação Júlio Resende, e antes disso ainda atuei na ACAPO…
…Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO)?!
“Sim. Aí o grau de exigência foi maior, porque apesar de não terem visão, eles conseguem, de alguma forma, perceber tudo através da audição, e eu tive de cantar e de dar o meu melhor na ACAPO, porque apesar deles não verem sabia que captavam tudo.”
“Estou desapontado com os políticos!”
São estes passos que o agarram à vida?
“Não pense que é fácil. Todos os dias fico a pensar se hei-de conseguir. Não é fácil acordar todos os dias sem saber o que vai acontecer, e sem saber a despesa que vou ter.”
Dá-se bem com o Portugal de hoje, com este governo, com esta política?! Pode ser uma pergunta jornalisticamente incorreta porque já sei qual vai ser a resposta, mas faço-a para que possa reafirmar um estado de condição.
“Sinto que este País está a desperdiçar os valores que tem! Existe muita gente boa; muita gente profissional e muita gente técnica que dariam horas de trabalho, e fariam um trabalho muito bom, em troca de um simples reconhecimento. O que está a acontecer: todos esses jovens estão a ir embora e Portugal está a ficar sem essa nobre gente. E outra coisa, uma coisa que me entristece: Portugal achar que quem passa a barreira dos trinta anos está na reforma. Somos novos demais para reformar, mas velhos demais para trabalhar! Estou desapontado com Portugal. Estou desapontado com os políticos. Eles têm o dinheiro, podem ter o que quiserem, mas há outras pessoas, inclusive eu, que têm de ir ao banco para tentar ver de onde podem tirar para poder comer. Eu, por exemplo, deixei de ter conta bancária para não pagar os 15 euros de manutenção.”
“O que me agarra à vida é….Deus!”
Vai continuar por cá?
“Isto é assim: Estou a fazer um doutoramento, dizendo muita gente que o doutoramento é só para os ricos, mas isso não é verdade. Mais: quero continuar a trabalhar cá. Não quero voltar para Lisboa. Quero estar no Norte! E quero estar no Norte por uma simples razão: porque fui aqui que encontrei as pessoas que me estão a ajudar. Entre Porto e Lisboa, hoje, escolho o Porto! Eu quero viver aqui, mas se, por cá, não tiver oportunidade profissional – não pelas pessoas, mas pela condição em que se encontra o nosso País – terei de tentar lá fora. Não sou a única pessoa nesta situação, existem muito jovens assim. Há bocado perguntou-me o que é que me agarra à vida. Eu vou dizer-lhe: O que me agarra é Deus! Acredito que foi Deus que me pôs a Mónica Vale, a Lourdes dos Anjos, a Albertina, a Rita, o dono da casa onde estou a morar, no meu caminho. Neste momento eu gosto de mim, mas não sei o que vai ser o meu dia de amanhã! Mas, se, ao longo destes anos todos, consegui trilhar o caminho correto e não me desviei…não é agora que vou deixar de acreditar em Deus!”
Texto: José Gonçalves
Fotos: António Amen
05fev14
(pub edi 01fev14)
Aswin conheci o hoje no concerto do Alvaro e como tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente no final do mesmo, fiquei encantada com a sua atuacao. E depois de conhcer aqui um pouquinho a sua historia venho dizer lhe para nunca desistir dos seus sonhos. Felicidades para si.
Vim simplesmente em busca de algo na net, encontrei aqui uma história magnífico de um Homem que nunca desistiu. A sua história, fez me perceber que a fé, a esperança, a persistência e nunca desistir é a receita certa. Confesso, estava no sofá triste, deprimida, e zangada com Deus porque o meu pai perdeu emprego e não tenho dinheiro suficiente para pagar a minha faculdade. Qdo acabei de ler a sua história, limpei as lágrimas, respirei fundo e percebi que não podia continuar no sofá a chorar e a lamentar pela minha situação…
Obrigada por partilhar a sua história. Muito obrigada
Bom dia cecília Macedo…. Bem, a minha historia de vida é apenas uma gota no meio do oceano, porque não esqueçamos que cada um de nós tem uma historia de vida, com tristezas, dramas, comedias e eu tenho a minha. O cantar para mim é um escape a todos os obstáculos que a vida me põe que eu ainda não descobri bem porquê… Muito obrigado pelo seu comentário e espero que possa me ouvir mais vezes porque quando canto sou apenas eu!
Vim ler um artigo, achei este site interessante fui lendo, artigo aqui , artigo ali, e acabei por encontrar a história de Vida do Aswin Aires Barros, eu vi-o unicamente 2 vezes, uma na Galeria Vieira Portuense numa sessão de poesia, e outra na Apresentação do meu livro na Casa de Cultura de Paranhos, lembro que tirava fotografias, e estava super atento a tudo o que se passava na sala.
Mas na Galeria Vieira Portuense, a sua forma de ser tocou-me, não só por cantar bem, mas pela simplicidade, humildade, uma pessoa doce e com fé, notei que naquela sala havia um enorme carinho pelo Aires, acho mesmo que todas as pessoas que ali estavam o admiravam, talvez porque muitas delas sabem o seu passado! Por isso, para mim foi magnifico este documentário, e deu para entender muitas das coisas que senti quando o vi e ouvi cantar!
Só gostava de lhe dizer que é um exemplo de vida, e o que está aqui escrito devia ser lido por muita gente, gente que desiste, gente que não luta, gente que procura outros caminhos, e sempre os piores, porque não está preparada para enfrentar obstáculos.
A sua vida dava um livro, e devia ser partilhada para exemplo.
Que Deus o proteja sempre, e lhe dê forças para continuar a sua caminhada com tudo de bom, que tenha na sua vida sempre o sorriso do Sol, e os seus dias sejam pintados com as cores do Arco-Iris.
Beijinho
Aires, com tanto sofrimento na tua vida, não sei como consegues ter tanta doçura na tua voz e nesse teu lindo olhar.És um ser humano extraordinário, tens uma alma linda e cheia de luz. Só te ouvi uma vez, na Casa de Cultura de Paranho e a tua viz comoveu- me até ás lágrimas. Sei que a tua vida vai ser diferente, já está a ser diferente, tu és um vencedor, sempre foste. Desejo- te todas as felicidades deste mundo, em todos os aspectos, quer profissionais, quer afectivos, pois há muiita gente que gosta de ti.
Cada vez me surpreendes com a tua experiência de vida pela positiva ,es um enorme lutador e exemplo como humano e pessoa e não so, espero que realizes todos os teus objectivos tanto pessoais como profissionais mantendo essa alegria e paz que so tu sabes como transmitir a todos nos. Grande abraço
Uma vida feita de sofrimento, de perdas e de fé.Uma pessoa que conheci no CENTRO DE APOIO AOS DOENTES COM CANCRO DA SENHORA DA HORA e que tenho muita alegria de mostrar o que vale como PESSOA E COMO VOZ QUE NOS FAZ VOAR ATÉ MUNDOS MAIS PERFEITOS. OBRIGADA AIRES BARROS