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Escadas do Codeçal

Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…

Cunha e Freitas (*)

 Codeçal – ou melhor codessal – é o lugar onde crescem codessos, arbustos de flor amarela, da família das faseoláceas, segundo dizem os entendidos. No entanto, S.V., um investigador extravagante, que “descobria” complicadas etimologias para a toponímia portuense, escreveu algures que uma das Veredas (donde a Senhora das Verdades!), que conduziam da Ribeira ao alto da Penaventosa era a do Cadouçal (covão ou algar, explica) depois corrompido em Codeçal…

Registe-se, no entanto, que em documento de 1700 nos surgiu, efectivamente, a grafia “cadosal”, sem que isso signifique qualquer argumento a favor da tese de S.V., porque como Codeçal o encontramos em inúmeros textos dos séculos XVI e XVII:

Foto: António Amen
Foto: António Amen

O topónimo é antigo, deve ser anterior à centúria de quatrocentos. As religiosas de Santa Clara, que ali perto tinham a sua casa conventual, chamavam “as madres do Codeçal” por meados de seiscentos e talvez antes.

Para as escadas do Codeçal foi transferido, em 1757, o antigo Recolhimento do Patrocínio da Mãe de Deus, mais vulgarmente chamado do Ferro, pela capela onde estava, na Rua Escura, que por ela se denominou também a Rua de Nossa Senhora do Ferro.

Para esta mudança doara, já em 1729, uma benfeitora, as casas em que alio vivia, doação que, por dúvidas surgidas como morgado das Taipas, careceu de nova escritura em 1746, dando-se início às obras do recolhimento só em 1752, obras ainda embargadas por um alferes vizinho…

E assim tiveram as recolhidas de esperar na Rua Escura mais cinco anos, até que vieram para a sua nova casa, inacabada pois em 1781 continuavam em obras. Para terminar estas brevíssimas notas, diremos que o recolhimento se destinava a meninas e senhoras, a que os respectivos pais ou maridos entendiam impor as suas vontades, em matéria de afeições amorosas. Outros tempos!”

 

 (*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, em 07-07-1972.

 

Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para as “Escadas dos Guindais”.

 

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