Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“O prof. J. Piel, estudando o topónimo Guindaes, que existe em Resende e em Amarante, a par de Guindas, em Lousada, afirma ser aquele um genitivo em “anis” e de Galindus – ou, na sua forma não latinizada, Galinda – nome próprio de homem vulgar na Alta Idade Média, que subsiste ainda em Galindo, no concelho de Braga.
Galindo se chamava um conde aragonês, do século VIII, e bispo de Pamplona em 925-938, além de outros homónimos que as crónicas registam.

O nome origina-se nos galindos, povo que vivia no século II da nossa era, na foz do Vístula, ao qual se refere Tácito, na Germânia. Perpectuou-se a designação em Galinden, na Prússia Oriental, e passou à Península por alguns indivíduos desse povo para aqui terem vindo nas migrações dos godos.
Tudo isto parece-nos bastante complicado para os modestos Guindais ribeirinhos.
A circunstância de existirem Guindais de um e outro lado do rio Douro e de ambos se encontrarem em íngremes escarpas, não sugere, acaso, a hipótese de que o nome venha justamente dessas empinadas serventias – originando, de qualquer maneira, no verbo guindar?
Tanto mais que, parece-nos, o topónimo não é muito antigo. Da parte de Gaia só sabemos que existia no século XVII, a Calçada dos Guindais.

(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, em 07-09-1972.
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para a “PRAÇA DE NOVE DE ABRIL”.