A “Águas do Porto” está a desenvolver uma campanha, a qual finalizará no próximo dia 31 de maio, tendo em vista a regularização de dívidas contraídas até 31 de janeiro último, isto com isenção de juros; planos de pagamento em prestações, com condições especiais para agregados familiares com comprovada insuficiência financeira; e ainda a atualização da titularidade do contrato obrigatória e gratuita.
Esta campanha, que terá como locais a sede da “Águas do Porto”, Loja do Cidadão e Gabinete do Munícipe, obriga os munícipes a apresentarem o “título válido de ocupação do imóvel (caderneta predial, contrato de arrendamento, etc), o NIF (Número de Identificação Fiscal) e Bilhete de Identidade ou Cartão do Cidadão e, por fim, leitura atualidade do contador”. Fica a informação.
Pois bem. Pergunta-se, agora, se esta ação da “Águas do Porto” poderá também resolver o caso que se segue e que, à priori, revela negligência ou laxismo por parte da referida empresa municipal. O caso é, no mínimo caricato, e, socialmente, injusto. O direito à Água está consagrado na Constituição, mas como de inconstitucionalidades anda este país cheio de casos, não é de admirar o que está a acontecer com a senhora Y (recusou-se a identificar-se por medo de represálias), moradora num bairro de uma freguesia da zona oriental do Porto, há mais de catorze anos.
Beneficiária do Rendimento Social de Inserção (RSI), a senhora Y, com 50 anos, que há tempos, tinha recorrido do apoio da junta de freguesia da sua área para a ajudar ao pagamento da fatura da água – o que foi realizado com sucesso -, voltou a confrontar-se, há cerca de um ano a esta parte, com a impossibilidade de pagar as faturas, não tendo mesmo meios para poder aceder ao pagamento por prestações, disponibilizados pelos serviços da “Águas do Porto”.
“As faturas eram algo elevadas. Vivo sozinha e só utilizo a água para tomar banho e para cozinhar. Cheguei ao ponto de perguntar, nos serviços das Águas, se por acaso tinham descoberto alguma piscina em minha casa, mas não, não a descobriram”.
A Senhora Y deve, de momento, pouco mais de 200 euros, mas não tem meio de os pagar. Como não o fez foi-lhe cortado o fornecimento a 01 de outubro do ano passado, e até hoje não tem água em casa.
“Não fosse a ajuda de alguns amigos, nem banho poderia tomar”, disse a senhora Y ao repórter X. “Poderia, na realidade, pedir, uma vez mais ajuda à Junta, mas já tenho vergonha porque já não seria a primeira vez que o fazia”.
A senhora Y não tem filhos, não tem máquinas de lavar louça ou roupa e não tem água em casa, mas, por mais estranho que possa parecer, desde outubro até à data não param de cair faturas na sua caixa de correio.
“Isto é uma vergonha! Em novembro mandaram-me uma fatura na ordem dos sete euros – e eu já sem água em casa -, em dezembro de oito euros, o mesmo acontecendo em janeiro e fevereiro. Ora se não tenho água, o que é que eles querem que pague?”
Há, na realidade a taxa de resíduos sólidos, de águas residuais (?) e a taxa de recursos hídricos, mas a senhora Y não tem água na sua residência e a maior percentagem, no que concerne às faturas apresentadas, dizem respeito ao consumo da mesma. O que é que se estará a passar.
O nosso jornal tentou contactar os serviços da “Águas do Porto”, mas sem sucesso para explicar o que estava a acontecer, em concreto, à senhora Y, perguntando-se agora, quantas senhoras Y existem no Porto vítimas de idêntica situação?!
“Eu quero regularizar as contas e vou aproveitar esta ação para poder resolver a questão, mas não vou pagar aquilo que me exigem pagar durante o período que não tive água em casa”.
O nosso jornal vai continuar atento à situação, e, mais ainda, à campanha que está a ser levada a cabo pela “Águas do Porto” até meados deste mês.
Na próxima edição daremos, por certo, mais novidades, e saberemos, então, se casos como o da senhora Y é comum a outras pessoas; se é um caso isolado de negligência ou laxismo; ou se alguma coisa, por erro, aconteceu a esta “consumidora” que já não tem água há mais de meio ano. Até lá!
Texto: Repórter X
Fotos: Pesquisa Google
01mai14
Isto é uma vergonha. Obrigado ao “Etc e Tal” por ter revelado esta situação.
Esse não é caso único. Eu sou vítima do mesmo. Obrigado por terem alertado para tal situação. Obrigado