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José Guimarães: Quantos o cantam? Quem o conhece?

O poeta popular, letrista, músico, escritor, autor e encenador teatral José Guimarães. Nascido no Porto em 20 de Agosto de 1930, vivia em Vila Nova de Gaia há muitos anos e considerava-se Gaiense por opção. Inscreveu-se na SPA em 5 de Dezembro de 1950 e escreveu cerca de dois milhares de canções, mas a sua atividade criativa não se ficou por aí. Verdadeiro “autodidata das atividades culturais”, como um dia lhe chamaram, começou cedo nas “lides”: com 12 anos já inventava pequenas revistas que eram interpretadas por crianças como ele, que moravam na sua rua. Estudou até aos 17 anos na Escola Industrial Infante D. Henrique, onde concluiu o curso complementar dos liceus.

Com 18 anos de idade iniciou-se na escrita e na encenação de Teatro de Revista para grupos de teatro amador. Mais tarde, porém, estreou-se no teatro profissional. Foi vencedor de Festivais da Canção, no país e no estrangeiro, e de numerosas Marchas de S. João. A sua produtividade criativa era de tal ordem que em 1971 já tinha mais de mil canções gravadas em disco. Quando faleceu tinha assinado quase duas mil. É seguramente o autor português com mais canções gravadas. Em 1997 um dos seus sonhos foi concretizado: publicou um livro de poesia intitulado “Pedaços de Mim”, editado pela Câmara Municipal de Gaia.

Foi condecorado com a medalha de Ouro da Cidade de Vila Nova de Gaia. por mérito cultural, em 1995. Das Revistas de sua autoria, no teatro amador, destacam-se, entre outras, “Alma das Romarias”, “O Porto em Festa”, “Enfia o Barrete”, “Balões da Minha Rua”, “Bom dia, Porto”, “Aqui vai o S. Gonçalo”, “Hei-de ir ao Senhor da Pedra”, “Alma até Almeida, Garra até Garrett”.

No teatro profissional foi autor, entre muita outras, das revistas “Com eles no sítio”, de parceria com Coelho Júnior, “Canta que logo bebes”, de parceria com Lopes de Almeida, e “Catraias e Vinho Verde”, de parceria com Carlos Coelho e Júlio César (em Lisboa esta revista teve o título “Aguenta-te à Bronca”). As suas canções estão gravadas em disco interpretadas por numerosos artistas: Ada de Castro, Anita Guerreiro, Cândida Branca Flor, Cármen Silva (Brasil), Conjunto Maria Albertina (de que foi diretor musical), Lenita Gentil, Maria da Fé, Rui de Mascarenhas, Trio Boreal, etc. Dos seus principais sucessos, que foram muitos, vamos destacar três: “O Emigrante”, com música de Maria Albertina, “Rosas Brancas”, com música de Isidro Baptista e “A Moda da Amora Negra” (a sua milésima canção, gravada em 1971, com música de Resende Dias).

Dado o seu empenhamento militante no associativismo, por todos reconhecido, era sócio honorário de numerosas coletividades do Porto e de Vila Nova de Gaia, tendo sido distinguido pelas mesmas pelo seu serviço à cultura. Recentemente fora homenageado pelas Associações das Coletividades de Gaia, com o patrocínio da Câmara, no Auditório Municipal.

Dois pequenos apontamentos: José Guimarães só compunha e escrevia nas mesas dos cafés. Em casa “nem uma nota, nem uma linha” – garantiu à “Autores” o arquiteto José Luís Guimarães, seu filho. Outro pormenor: durante anos e anos, na rua onde morava, José Guimarães organizou, aos domingos de manhã, a partir da janela do seu quarto, um programa de rádio com a presença no exterior de numerosos vizinhos. Nesse programa falava-se da vida de cada um dos moradores da sua rua…»

Zé Guimarães, como lhe chamávamos, faleceu no dia 20 de Janeiro de 2007.

ROSA BRANCA

(Cantado por Mariza)

De Rosa ao peito na roda
Eu bailei com quem calhou
Tantas voltas dei bailando
Que a rosa se desfolhou

Quem tem, quem tem
Amor a seu jeito
Colha a rosa branca
Ponha a rosa ao peito

Ó roseira, roseirinha
Roseira do meu jardim
Se de rosas gostas tanto
Porque não gostas de mim?

MINHA AMORA NEGRA

(Cantado por Florência)

Eu vi-te de manhãzinha

Pela tarde te falei

O que dissemos à noite

A ninguém contarei

Minha amora negra

Minha flor silvestre

Toda a gente soube

Que um beijo me deste

Um beijo é desejo

Que a ninguém se nega

Minha amora negra

Minha flor silvestre

Eu peço a Deus que me leve

Para longe esta paixão

Tudo nasce tudo morre

Só este amor é que não

E DEUS MANDOU-ME ESPERAR

(Cantado por Alfredo Marceneiro)

P’ra demorar o meu fim
Numa ânsia desmedida
Pedi um favor à vida
E a vida riu-se de mim

Pedi à sorte, mais sorte 
Já que tudo me negou
No meu desejo mais forte
Pedi à sorte, mais sorte 
E a sorte me abandonou

Bati à porta do sonho 
Que me deixasse sonhar
Num desalento medonho
Bati à porta do sonho 
E o sonho deixou-me entrar

Pedi a Deus que me desse 
Junto de si, um lugar
Eu quis que a morte viesse
Pedi a Deus que ma desse 
E Deus mandou-me esperar

 

Coordenação: Maria de Lourdes dos Anjos

Fonte: Wikipédia

 

 

01ago14

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9 Comments

  1. Alberto Santos

    É pena que na enumeração dos artistas que cantaram J. Guimarães não se mencione FLORÊNCIA, afinal quem mais gravou o autor. Esquecimento? Desdém? Memória curta? A verdade acima de tudo. E quem pela primeira vez gravou a De rosa ao peito, com o título Rosa branca, foi Rita Ribeiro no CD Levar-me atrás do fado.

  2. Pingback:A Viagem dos ArgonautasPALCO 77 – III EDIÇÃO DO FESTIVAL DE TEATRO JOSÉ GUIMARÃES – EVOCANDO ATRAVÉS DO TEATRO – por Roberto Merino

  3. Manuel Carvalho

    Grande letrista, com centenas de letras lindas de fado. É possível obter a letra que a Rosita canta, “BEIJOS E FADO”. Já consultei o livro do Poeta: “Pedaços de mim”, e não encontro esta letra.
    Grato pela atenção.

  4. José sousa

    Era eu um rapaz de 14 anos trabalhava em s. Mamede infesta tinha vindo de uma aldeia pequenina de PONTE DA BARCA cheio de sonhos e uma veia poética desde pequeno escrevia canções em guardanapos tinha que escrever rápido naquele momento para que a quadra não me fugisse , aí alguém que agora não me lembro me falou no JOSÉ GUIMARÃES POETA e que ele me podia ajudar , perguntei onde o encontrar ! ao fim do dia já noite peguei o 7 zás que se faz tarde , passos largos pela 31 de janeiro acima e entrei no café Tropical na BATALHA em frente ao AGUIA DOURO perguntei ao empregado quem era ,me levou até ele junto a ele estava NECA RAFAEL e outros artistas de fado que não me lembro o nome , aí essa maravilhosa pessoa me fez sentir grande e importante me apresentou a todos os artistas e têve uma frase que nunca me esqueci ( rapaz tudo o que escreveres não votes fora traz para eu ver) a partir daí era em guardanapo em toalhas de papel em papel igienico era no que tinha no momento e quando saía do trabalho o meu caminho era José Guimarães , através dele registei na sociedade portuguesa de autores uma canção minha , fêz parte do Festival amador no SA DA BANDEIRA ,da rádio festival. De José Lucas e Manuel Monteiro fiquei em 3o lugar com uma canção de JOSÉ DE SOUSA título VOLTA A CASA MAMÃ ,VOLTA E VEM PRA CÁ, NÓS ESTAMOS TÃO SÓS, EU E O PAPÁ ..SE É QUE ESTÁS NO CÉU ,FALA COM JESUS , EU ESTOU TÃO SÓ , E FALTAS ME TU , etc etc , passei a ser convidado nos espetáculos que o NECA RAFAEL fazia nas casas de fado no Porto como na CANDEIA rua do Almada e outras casas e teatros ,. Por isso ainda hoje falo á minha família desse HOMEM que fêz por alguns momentos da vida um menino de uma aldeia naquela altura longínqua ” sentir-se feliz e importante , existem duas canções gravadas em disco em que a letra era minha mas foi retocada e melhorada pelo JOSÉ GUIMARÃES mas ele deu-me conhecimento e eu concordei , por isso os meus sinceros agradecimentos ao José Guimarães pelos momentos que me proporcionou naquele tempo que me fêz sentir grande , QUE DEUS O TENHA NO CANTINHO QUE MERECE ,

  5. José Elísio Fernandes Simões

    Não tenho palavras as lagrimas caiem no rosto fico muito comovido mas de ti me lembro um Grande amigo Este senhor trabalho na JIP MODELADOR DO MELHOR CALÇADO DE CRIANÇA FOI MEU VIZINHO E COLEGA DE TRABALHO SENPRE IMBUÍDO NO BEM FAZER QUE DEUS TENHA EM PAZ José Simões

  6. Rocha

    Fui amigo não dos falcos s José como lhe chamava vi rasbiscar num guardanapo de café alguns dos seus poemas frase ali palavrão Acula saia lindas canções nas revistas na tuna cheguei a culaburar com ele. Quanto à mim a onde tanto deu o que lhe fizeram? Em fim! A Inês o meu carinho de sempre

  7. Rita Maria Rodrigues

    Conheci-o desde muito novinha, sem apreciar os dotes literários, nessa altura, apreciava a pessoa doce, simpática e afável que marcou a minha meninice. Mais tarde apreciei o valor que tinha, o dom da escrita. Quantas lágrimas vi brotar a quem ouvia o tema “O Emigrante”….Muita saudade!

  8. Luís Pedro Viana

    Foi em Paranhos que a Poetisa Lourdes dos Anjos nos apresentou José Guimarães esta enorme figura da poesia portuguesa. Parabéns ao seu trabalho de pesquisa e divulgação dos poetas que merecem ser tratados entre os grandes.

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