Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“A Quinta da Boavista, ou de Santo Ovídio, “Arriba dos Ferradores” (…), era uma vasta propriedade que, na segunda metade do século XVII, pertencia ao Desembargador e Chanceler-mor, João Carneiro de Morais e mulher D. Helena de Araújo, nela fundadores de um vínculo e capela dedicada a S. Bento e Santo Ovídio.
Os herdeiros deste magistrado venderam mais tarde a quinta ao Contador da Fazenda Real no Porto, Manuel de Figueiroa Pinto, que a possuía pelos anos de 1770.
Por isso passou a chamar-se Quinta do Figueiroa, ou da Figueiroa, e, mais tarde, quando por herança veio aos Pamplonas, Viscondes de Beire, denominava-se de Pamplona.
A quinta, com seu palácio, jardins, parque e grande propriedade rústica anexa, tinha a sua porta inicial para o Campo de Santo Ovídio (hoje Praça da República). “É a mais agradável vivenda do Porto”, diz-nos o “Portugal Antigo e Moderno” e parece que não exagerava, vê-se claramente na planta de Costa Lima, de 1839.
Mas, vindo à posse do conde de Resende, promoveu este fidalgo o parcelamento da quinta, abrindo-se a meio dela uma nova rua, que se projectara antes em seguimento da de Gonçalo Cristóvão, deslocando-se depois um pouco para norte, por onde hoje corre a artéria que se denominou primeiro das Pamplonas e hoje Rua de Álvares Cabral.

Uma observação a este chamadouro: Parece-nos que seria bem melhor chamar-lhe de Pedro Álvares Cabral. No seu tempo, o nome do navegador era Pedro Álvares de Gouveia, depois Pedro Álvares Cabral, simplesmente Pedro Álvares ou só Cabral.
Apesar de a regra dos patronímicos estar já muito longe da sua rigidez medieval – Álvares, filho de Álvaro, Rodrigues, filho de Rodrigo, Gonçalves, filho de Gonçalo – ainda estes não tinham tomado, como hoje, a qualidade de apelidos. Por isso se não podiam separar nome e patronímico, nem juntar este ao apelido, sem aquele. Mas isto é uma opinião e um pormenor.”
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, em 01-02-72 .
Fotos: Pesquisa Google
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