Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“Entre os vultosos bens que D. Francisco de Noronha, da Prelada, legou em 1904, à Misericórdia do Porto, contava-se o Campo dos Arcos, ou Bouça Comprida, no lugar da Prelada, e que, então avaliada em 900 000 mil reis. Nele, ou nas suas proximidades, se abriram depois a Rua dos Arcos, a Rua Particular dos Arcos, depois, sucessivamente, Rua de Paiva Couceiro e de Honório Barreto, a Travessa dos Arcos – hoje Rua de António Enes -, a Rua Nova dos Arcos, actualmente de Rua de Freire de Andrade – e a Travessa Nova dos Arcos, hoje Rua do Conde de Vilas Boas. Nomes de personalidades que, no século passado (XIX) e princípios deste (XX), se distinguiram sobremaneira no Ultramar. A todos eles sobreleva, talvez, o de António Enes.
António José Enes, político, escultor e colonialista (1848-1901), depois de estudos brilhantíssimos, defendeu tese no antigo Curso Superior de Letras. Seguiu primeiro a vida comercial e depois a política, filiado no Partido Histórico, de que era chefe o duque de Loulé, e como tal entrou para a redacção da “Gazeta do Povo”, e depois assumiu a direcção de “O País”, onde pôde revelar as suas excepcionais qualidades de jornalista e polemista. Depois do chamado “Pacto da Granja”, em que se fundiram os partidos Histórico e Reformista, este jornal passou a denominar-se “Progresso” e António Enes o seu redactor principal. Fundou um outro jornal, “O Dia” de que foi redactor e director político.
Deputado da Nação (1880, 1884-87, 1887-89, 1890-91) bibliotecário-mor da Biblioteca Nacional de Lisboa (1886), ministro da Marinha e Ultramar depois do ultimato de 1890. Na gerência desta pasta, em ocasião extremamente difícil e delicada, António Enes pôde vencer as enormes dificuldades e organizar a expedição militar a Moçambique.Em 1891, foi nomeado comissário régio em Moçambique, onde prestou os mais altos serviços com acertadas medidas administrativas e militares, como foi a organização da expedição de Mouzinho de Albuquerque, que culminou no feito heroico de Chaimite. Regressando à Metrópole, era em 1896 nomeado ministro de Portugal no Brasil. Deixou uma vasta obra literária, de história, romance, teatro, política e traduções; entre ela tem excepcional interesse “A Guerra de África em 1895”, e “Moçambique”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 05-01-76
Fotos: Pesquisa Google
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para a “RUA DE ANTÓNIO GRANJO”.
01jan15