Sendo prática comum nas obras públicas e em particular nas de caráter municipal, não valorizar as infraestruturas que ficam enterradas no subsolo, que no imediato não dão votos, como durante muitos anos aconteceu ao nível das redes de saneamento básico ou de abastecimento água em algumas aldeias, vilas ou cidades. Chegam também acontecer obras de regeneração urbana à superfície que descuram o estado de algumas infraestruturas enterradas que inevitavelmente acabam, mais cedo ou mais tarde acabam por agravar custos, nomeadamente quando se tratam de redes de abastecimento de água já bastantes antigas, em que as roturas são constantes a exemplo do que vem acontecendo á uma década na pista ciclovia na Avenida da Régua, em Ovar.
O projeto de remodelação da Avenida da Régua cuja obra no valor de 1,8 milhões de euros resultou nomeadamente na construção de pistas em ambos os lados da via de circulação automóvel com corredores para peões e ciclovias, inaugurada pelo então presidente da Câmara Municipal de Ovar, Armando França, no dia 25 de Abril de 2004. Ainda que tenha contribuído inegavelmente para valorizar parte da principal ligação entre a cidade de Ovar e a praia do Furadouro, entre a rotunda do Carregal e o Alto Saboga (Rua Dr. Manuel Arala), acabou no entanto por não incluir qualquer remodelação da antiga conduta de abastecimento de água a Ovar que está enterrada na pista do lado norte.
Como resultado da opção desta empreitada que não valorizou qualquer investimento na velha conduta de água em tubo de fibrocimento. A pista ciclovia durante esta década de existência tem sido sucessivamente “remendada”, tal é a regularidade com que se dão as roturas de água que provocam autênticas crateras e obrigam a constantes intervenções para repor, não só a normalidade no abastecimento de água à cidade de Ovar, como no restabelecimento do pavimento, cujas mais recentes obras de reparação já nem tiveram o cuidado de manter a cor avermelhada de origem deste projeto.
Para solucionar o erro que representou deixar sem remodelação a antiga conduta para abastecimento de água, chegou a ser equacionada a solução de uma construção alternativa da rede pela Rua (paralela) Corte Real. Eventual solução de investimento para não esventrar os cerca de 2,5 quilómetros. Mas, passados que estão mais de dez anos da obra de remodelação da Avenida da Régua, nada foi feito. Mantêm-se assim as condições para continuarem a ocorrer roturas nesta conduta com todas as consequências para os munícipes e para perdas de significativos metros cúbicos de água que resultam, não só da rotura como na necessidade de condições na rede para a sua reparação.
As expetativas estão agora centradas na eventual carteira de investimentos da AdRA – Águas da Região de Aveiro, S.A. a cuja empresa intermunicipal com capital da Águas de Portugal o Município acabou por aderir, venha a assumir tal obra fundamental para acabar com o cenário de roturas que se assiste nesta pista que ironicamente, muitas vezes parece mais uma pista de canoagem do que uma ciclovia.
Texto e fotos: José Lopes (*)
(*) Correspondente “Etc e Tal Jornal” em Ovar
01mar15