“Há pessoas a passar fome em Campanhã!” São palavras de Ernesto Santos, presidente de Junta de uma das maiores freguesias do Porto, situada na zona oriental da cidade. O mesmo Ernesto Santos que lançou, recentemente, e de forma regulada, um Plano de Emergência Social (PES) para a freguesia, a qual conta com qualquer coisa como 13 bairros sociais: os tais aglomerados onde grassa a pobreza, isto sem se excluir as denominadas “ilhas” . Ao todo poderemos estar a falar num universo de 14 mil almas.
Com o PES – regulamentado e publicado, recentemente em “Diário da República -, Campanhã, através da sua Junta de Freguesia, disporá, até 31 de dezembro de 2017, de 150 mil euros (2.500 euros mensais) para apoiar o numeroso leque de pessoas que vive no limiar da pobreza, ou, já mesmo, em situações extremas, pois como enfatizou Ernesto Santos, “há pessoas a passar fome em Campanhã!”
Com os referidos 2.500 euros mensais, a autarquia de Campanhã apoiará, através dos seus serviços sociais e em parceria com a “Cruzada do Bem-Fazer”, um leque considerável de indivíduos e de famílias, através da distribuição de sopa (80 diárias), “Cabazes SOS”, em compras (18 mil euros anuais), destinado a agregados familiares referenciados pela Segurança Social e algumas IPSS da região. Mas, a ação da autarquia não fica por aqui, até porque, como referiu o presidente da JF Campanhã, “reforçamos, para 12 mil euros, o apoio a gastos na farmácia”.

“Parte da população (sobre)vive do Rendimento Social de Inserção”
“Este é um esforço muito grande por parte da autarquia, de modo a satisfazer as necessidades de uma população, extremamente, carenciada. No terreno, sei que as coisas não estão a melhorar e que os dados do Instituto Nacional de Estatística, revelados recentemente e referentes a 2013, nesta área, devem ter piorado”, refere Ernesto Santos, que salienta ainda o facto de “uma parte substancial da população” viver, ou sobreviver, do “Rendimento Social de Inserção”.
Eles são desempregados, jovens ou de meia-idade; eles são idosos a viver de um parco subsídio de reforma ou pensão; famílias monoparentais carenciadas; eles são também jovens que cedo abandonaram a escola, e não se registando no Instituto de Emprego, vagueiam pela cidade, e mais concretamente, pela freguesia. São os desempregados, sem “estatuto”, filhos de desempregados e que sobrevivem à custa do “sabe-se lá o quê”!
A acrescentar a este dramático e factual cenário, acrescenta-se ainda as famílias “que vivem em pobreza escondida”. Por alguma coisa, “a Câmara Municipal do Porto criou um Plano de Emergência Social (30 milhões de euros), que já apoia 400 e tal famílias”, salienta Ernesto Santos.
De referir que esta ação de apoio da Junta de Freguesia de Campanhã não é de agora – “já o meu antecessor (Fernando Amaral) a implementava”, referiu ao autarca” – só que, agora (!) a mesma foi “regulamentada” para “se saber até onde todos podem ir”.
E lê-se, o seguinte, no documento, publicado em Diário da República”: “Revela-se de grande importância desenhar uma intervenção caracterizada pela criação de serviços/projetos/ações complementares aos que existem na comunidade, para que se crie uma rede de recursos que corresponda às necessidades identificadas pela Junta e, paralelamente, se promova um maior bem-estar, coesão social e melhoria da qualidade de vida da população em situação de risco e exclusão social”. A autarquia pretende, assim, ajudar, os agregados familiares carenciados para “fazerem face a despesas e encargos imediatos ou de curto prazo, que, de outro modo, não conseguiriam suportar”.
“Ginástica financeira”
A freguesia de Campanhã, segundo o Censos de 2011,tem cerca trinta e dois mil e seiscentos habitantes, numa área de 8,13 quilómetros quadrados.
Segundo Ernesto Santos (presidente eleito pelo Partido Socialista), as relações da Junta com a Câmara Municipal do Porto (CMP) “têm sido ótimas”. E ótimas também são pelo facto da autarquia de Campanhã viver muito à custa “dos acordos de parcerias” com a edilidade.
A verdade é que se não fossem os 30 mil euros da CMP já teríamos “fechado as portas”, até porque os apoios do Estado (87 mil euros trimestrais) não chegam para as despesas da Junta, tendo “à cabeça” o pagamento de salários a funcionários”.
O presidente da Junta de Freguesia de Campanhã está, mesmo assim, satisfeito com o trabalho desenvolvido e esperançado, também, está, num futuro melhor, mesmo depois do Estado ter retiro à autarquia – como aconteceu a muitas outras espalhadas pelo país -, valências que, no fundo, eram fontes de receitas para a Junta. As referidas valências foram passaram a IPSS, sendo de enfatizar o elevado número de desempregados que essa “medida” criou e que obrigou a uma verdadeira ginástica financeira por parte das autarquias para não ver alguns dos seus funcionários no desemprego.
Austeridade afeta milhares e crianças e enriquece… os ricos
Em termos nacionais, e de acordo com um estudo/inquérito, recentemente, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística, referente a 2013, quanto às “Condições de Vida e Rendimento”, o risco de pobreza “aumentou em Portugal, afetando já quase dois milhões de portugueses.”
De acordo com o referido estudo/inquérito, 19,5 por cento dos portugueses estavam em risco de pobreza, uma percentagem superior em relação a 2012 (18,7 pontos percentuais), registando-se, assim, um aumento dos apoios sociais às situações de doença e incapacidade, família ou desemprego.
Dramático é o facto de que “a presença das crianças num agregado familiar”, lê-se no documento, “está associada ao aumento do risco de pobreza, sendo de 23 por cento para as famílias com crianças dependentes, e de 15,8 por cento para as famílias sem crianças dependentes”, noticiou a agência Lusa.
Saiba ainda que o fosso entre ricos e pobres “voltou a acentuar-se”, passando de 6,0 pontos percentuais, em 2012, para 6,2, em 2013. Isto quer dizer também que os rendimentos de 10 por cento da população com maiores recursos foi 11,1 vezes superior ao rendimento dos 10 por cento da população com menores recursos.
Para o Governo dados do INE são coisa do passado
Entre a “população em privação material” e “privatização material severa”, 55, 5 por cento das pessoas não conseguiram, em 2013, pagar uma semana de férias por ano fora de casa, 42,2% das pessoas conseguiam assegurar o pagamento imediato de uma doença inesperada de cerca de 400 euros e 28,3 por cento não tinham capacidade para manter a casa… aquecida”.
O primeiro-ministro Passos Coelho disse-se, recentemente, chocado com os números, mas relevou o facto de que estas percentagens diziam respeito a 2013 e que, dois anos depois, os números são menos negativos.
No terreno, sabemos que a coisa não é bem assim. As autarquias revelam números assustadores de pobreza, assim como as IPSS e outras instituições de solidariedade social que vão apoiando cada vez mais… pobres.
Texto: José Gonçalves
Fotos: António Amen (arquivo) e pesquisa Google
Fontes: Lusa
01mar15
faço minhas as palavras destas pessoas, e mais, só vai para politico quem é podre,o tacho é muito bom, onde estão os Homens portugueses de verdade. Talvez imigrados, honestos trabalhadores já é hora de terem vergonha
O 2º COMENTÁRIO TAMBÉM É MEU…SAIU , POR ENGANO, EM LUGAR ERRADO MAS NUNCA É DEMAIS DIZER O QUE SINTO.DESCULPEM.
Na zona oriental da minha cidade.Esta cidade leal nobre e solidária que deu nome a este país hoje ocupado por gente que atingiu os CEOS esquecendo-se das trafulhices que fez, dos contratos ruinosos, para o país, que assinou e das merdices financeirascom que encheu os bolsos.Felizmente que por aqui moram e lutam corajosamente, um fantástico PRESIDENTE DA JUNTA e um outro HOMEM, carinhosamente conhecido por CHALANA que , por acaso é assistente social mas não tem cu que aqueça cadeiras e teve a lisura moral de rejeitar uma medalha feita de hipócrisia oferecida pelos vampiros de S, BENTO.Neste momento não sei explicar o que sinto.TALVEZ SEJA DOR, RAIVA, NOJO OU
DESALENTO…Talvez seja apenas vontade de não acreditar.
Na zona oriental da cidade do trabalho, na cidade que deu nome ao país dos senhores que não se lembram das coisas que fizeram para conseguirem chegar aos CEOS.Numa freguesia da cidade do PORTO onde “moram” e lutam um Senhor Presidente de Junta e um outro Senhor que por acaso é assistente social mas que não tem cu que aqueça cadeira porque anda no terreno e até se deu ao luxo moral e cívico de recusar a medalha oferecida pela hipócrisia de S. Bento, um tal HOMEM conhecido por Chalana.QUE POSSO DIZER? Tenho a alma de luto, o coração quase em ritmo de raiva e as lágrimas sufocam-me.Deixem os tablets, as casas das tias, as telenovelas, leiam, informem-se, votem e vamos construir um PAÍS NOVO.OS VOSSOS FILHOS,OS MEUS NETOS MERECEM E SOMOS CAPAZES DE MANDAR Á MERDA OS CONDES ANDEIROS.