Menu Fechar

(RETROSPETIVA) -“FANTASPORTO”: Os grandes filmes que passaram pelo Rivoli e os nossos exclusivos numa semana de EMOÇÕES!

O Rivoli recebeu, entre os dias 24 de fevereiro e 8 de março de 2015, a 35.ª edição do “Fantasporto”. Foram várias as exibições durante todos os dias, quer no grande, quer no pequeno auditório.

Foi uma semana de grandes filmes mas que não tiveram grande adesão do público, visto que durante a semana a afluência foi pouca, talvez porque o horário de exibição não seria o mais indicado. No entanto, para as sessões noturnas, tal já não se verificou.

Foram muitos os jornalistas que estiveram presentes nas sessões, em contra partida, a nível nacional deixamos muito a desejar, pois eram muito poucos os profissionais presentes.

Para falar de todos os filmes não teria tempo para o fazer e seria muito exaustivo para o leitor. Por isso de todos os filmes assistidos, vou falar um pouco dos três que mantiveram a minha atenção desde o princípio até ao fim e que a meu ver foram os mais interessantes, não desfazendo ou minimizando os outros

Simon Wan
Simon Wan

Em primeiro lugar o filme “Dog”, do Reino Unido que, apesar das cenas de agressão um tanto exageradas, conseguiu cativar o público, devido à sua delicadeza em abordar a temática das relações humanas, sociais.

Neste filme a personagem principal protagonizado por Simon Wan e é um membro de uma tríade que como castigo, fica confinado a um prédio abandonado em que a única companhia é um Nintendo Gameboy que o consegue acalmar até ao dia em que as pilhas terminam. Entretanto, nesse tempo ele conhece uma prostituta e toxicodependente que a pouco a pouco começa por querer estabelecer uma relação com o Dog, atraindo com as pilhas novas para o seu brinquedo e em troca ele terá que deixa-la permanecer no prédio.

Sophia Delk Pizzo
Sophia Delk Pizzo

Como sempre foi um submisso, para ele este novo tipo de relação, trás uma nova visão sobre as relações humanas. Um dos pontos fortes deste filme, é o de abordar a vida do toxicodependente, maravilhosamente interpretada por Sophia Del Pizzo em que a um determinado momento ela mostra como gostava de dançar mostrando alguns passos de dança. Lentamente uma relação afetiva vai se criando entre eles mas que culmina com a ordem de morte de um deles, tendo que ser a personagem principal a escolher. Um filme do ponto vista interessante mas que ao contrário do que é esperando não tem um final feliz. Foi uma das antestreias Europeias em que o Fantasporto exibiu.

Haneul Kang
Haneul Kang

No segundo filme, “Mourning Grave” da Coreia do Sul, a receita foi a de confundir a realidade com a ficção da própria personagem e, até a um certo ponto, o nosso.

Conta a história de um miúdo que possui um dom de ver fantasmas e por isso sempre foi um rapaz isolado de todos. Farto desta situação, pede transferência para uma nova escola e vai viver para uma zona rural com o seu tio, que também possui habilidade de ver fantasmas. Neste caminho todo, conhece uma rapariga que vai ser sua amiga. O personagem principal interpretado por Haneul Kang embarca numa luta contra o espirito que assassina os colegas da escola.

So-eun Kim
So-eun Kim

O filme aborda uma temática muito importante que afeta muitas crianças, jovens e adultos. O Bullying. De uma forma extraordinária apresenta este problema na pela de uma estudante interpretada por So-eun Kim que sofre bastante nas mãos de uma outra estudante popular que só quer maltratar quem ela escolhe. Não aguentando mais a situação, acaba por enforcar-se. Portanto um filme bastante actual mas que mistura um tema interessante com o espiritismo.

Nora Aunor
Nora Aunor

No terceiro filme, “Dementia”, produzido nas Filipinas, o tema abordado é tal como o próprio nome indica a história de uma mulher que sofre de uma demência, esquizofrenia que vive com a família nos Estados Unidos. No entanto o filme começa com a chegada da família e da mulher interpretada por Nora Aunor às Filipinas. Vão para casa de família na esperança de que a personagem principal (Mara) possa recuperar a memória. No entanto, estranhas situações vão acontecendo ao longo do filme que nos põe pregados à cadeira. A mulher praticamente no filme tem uma postura silenciosa e aparentemente louca, mas será que tudo isso era invenção ou era mesmo realidade? Será que as visões que ela tinha eram fruto da demência ou na realidade elas estavam lá?

Percival M. Intalan
Percival M. Intalan

Pois, bem sobre este filme tive a oportunidade de falar com o realizador, Percival M. Intalan que me deu a entender um pouco sobre a realização da sua obra.

Percival começou por dizer que a grande inspiração para o filme, infelizmente foi a mãe, pela mesma sofrer de Alzheimer e que quando estava a cuidar dela ela tinha alucinações visuais perguntando constantemente quem era a rapariga que lhe aparecia, ou um rapaz que lhe aparecia.

A situação chegou a um ponto em que o próprio realizador se questionava se realmente ali estava alguém, algo que só a mãe poderia ver e não ele.

Portanto, este foi o mote para que a historia fosse desenvolvida, tudo na base do “e se?” Tendo na família uma psiquiatra e um psicólogo, foi “bastante revelador e interessante poder avançar com a historia que criou este filme”, disse. Como a mãe não fala, e não tendo a certeza se a historia seria real ou não, o realizador decidiu avançar com o que poderia se estar a passar na cabeça da mãe e na base do “e se”, criou uma outra personagem que fosse aos poucos descobrir o que se estava realmente a passar e aqui foi quando decidiram casar o sobrenatural, o espiritual com a parte cientifica. Adiantou também que nas Filipinas existe uma crença muito grande no sobrenatural, especialmente nas províncias onde abundam os curandeiros.

A neta da personagem principal, que a principio começa por não dar atenção aos pequenos detalhes, aos poucos vai começando a perceber que alguma coisa não esta bem e que a demência afinal pode nem ser demência.

A mensagem principal do filme é criar a questão do que poderá ser real ou ficção? Tudo isso fará parte da opinião do espectador.

Para além disso, o filme tem uma ótima fotografia e o cenário escolhido foi uma ilha isolada que existe perto das Filipinas.

No que diz respeito à atriz principal, ela ganhou o prémio como melhor atriz nas Filipinas e segundo o realizador, quando ela veste a personagem ela entrega-se totalmente e trabalhar com ela foi muito bom, conseguiu transmitir os sintomas da demência muito bem.

Esta obra demonstra também o carinho e a preocupação que os jovens têm em relação aos mais velhos, pois os mais velhos vivem com os jovens e eles têm que cuidar deles.

Sobre o Porto, adiantou que “é uma linda cidade” mas que não pode ver muita coisa, pois na altura estava a chover imenso, mas sempre que parava, saia e gravava vídeos e tirava fotos. Por isso, máquina fotográfica e vídeo, é algo que não pode faltar.

É um filme que apesar das cenas de suspense e nos fazem agarrar com força a cadeira que decididamente têm que ver se o conseguirem.

Joseph Willson
Joseph Willson

O quarto filme, também empolgante mas num diferente contexto, exibido no “Fantasporto” foi o “The Dead 2: Índia”.

Este filme é uma sequela que foi rodado em África do Sul e aborda a história de um vírus que veio de África do Sul e que transforma as pessoas em Zombies e que, a pouco a pouco, vai afetando a população indiana. Em paralelo a esta história, temos uma outra história romântica de Nicholas, um engenheiro norte-americano, interpretado por Joseph Millson que está a trabalhar na Índia e que é apanhado no meio desta epidemia.

Mannu Mishra
Mannu Mishra
Anand Krishna Goyal
Anand Krishna Goyal

Perante tal situação, ele terá que percorrer centenas de quilómetros para chegar a Mumbai, onde vive a sua namorada Ishani, interpretada por Mannu Mishra que esta grávida e que pelo caminho ainda conta com ajuda de um miúdo órfão Rajeev, interpretado por Anand Krishna Goyal .

Um filme repleto de emoções fortes e em algumas cenas, uns sustos fortes. No entanto, o mais interessante é a delicadeza como esta obra foi tratada no que diz respeito ao romance. Em nenhuma parte do filme se vê um beijo entre as personagens, bem como cenas amorosas. Outro ponto importante, é o valor que é transmitido sobre a família e como é importante cuidar do que é nosso, por isso a última cena é dramática na medida em que o filme termina com o engenheiro Nicholas, a amada Ishani e o órfão soterrados numa caverna. O que acontecerá depois ficará ao critério da mente do público. Outro ponto forte do filme é a banda sonora, que foi composta por Imran Ahmad, um compositor indiano que vive na Inglaterra. Sem dúvida um filme a não perder.

Imrad Ahmad
Imrad Ahmad
Howard Ford e John Ford
Howard Ford e John Ford
Howard e John com Aires Barros  (EeT) ao centro
Howard e John com Aires Barros (EeT) ao centro

Sobre este filme também tive a oportunidade de falar com os realizadores Howard Ford e John Ford. Começaram por esclarecer que a escolha da Índia foi devido a acharem que “é o país mais bonito do mundo” e por ser também o mais populoso, ideal para que “uma epidemia pudesse se propagar rapidamente”. Explicaram também que tentaram manter no filme a “condição de que haveria romance”, mas que “não teria cenas provocadoras” visto que o país é, apesar de tudo, “conservado”. Assim, tentaram de alguma forma fazer com que “os valores humanos continuassem a prevalecer no filme”. De uma maneira geral, quiseram juntar o romance e horror no mesmo filme.

Quando questionados sobre uma nova sequela, a resposta foi negativa devido ao facto do filme ter já ido para a internet e que as pessoas poderem fazer o download livremente. Falaram também sobre o problema de hoje em dia em que poucas são as pessoas que frequentam os cinemas visto que “já passam os filmes na televisão e também na internet os podem ver, mesmo antes de estrear no cinema”. Criticaram essa situação, pelo facto que isso vem a diminuir as receitas na bilheteira.

Pela primeira vez, ambos vieram a Portugal, realçando, no Porto, a “magnifica vista que se tem sobre o rio Douro” e que se houver uma oportunidade viram fazer umas filmagens por aqui.

Cortes Financeiros condicionaram Fantasporto

Passada a semana de exibição, o Fantasporto encerrou a semana com a gala que decorreu dia 07 de março, pelas 21 horas. Foram atribuídos vários prémios e, no fim, o diretor do Fantasporto, Mário Dorminski discurso sobre o problema de se fazer um espetáculo como este, falou sobre os cortes financeiros que tiveram, falou sobre o esforço de toda a equipa para trazer o “Fantas” vivo ao Porto e ainda falou sobre o reconhecimento internacional que o mesmo tem lá fora e que é de facto uma pena que aqui dentro não se faça quase nada. Encerrou o discurso dizendo que, para o ano, se não houver nada ao contrário o festival se realizará entre os dias 26 de fevereiro e 5 de março, agradecendo por último ao público presente.

Lista de Vencedores

Prémio Melhor Filme Orient Express: Prémio Realizador – Semana dos Realizadores:

“Hamedoo”, de Shim Sung-Bo, 111’ (Coreia do Sul)

Prémio Melhor Atriz: Menção especial do júri – Cinefantástico: Hungerford de Drew Casson (Reino Unido)

Prémio Melhor Filme: Semana dos realizadores/Manuel de Oliveira; Prémio Argumento Sr; Menção Honrosa do Prémio da Crítica:

“Memories on Stone”, de Shwat Amin Korki (Alemanha/Iraque)

Prémio Efeitos Especiais Cinema Fantástico:

“Liza, the Fox Fairy”, de Karol Meszaros (Hungria)

Melhor Curta-Metragem

“Habana”, de Eduard SalierPremio Melhor Atriz: Menção especial do júri – Cinefantástico : Hungerford de Drew Casson (UK)

Premio melhor filme: semana dos realizadores / Manuel de Oliveira; Prémio argumento Sr; Menção Honrosa do Prémio da Critica

Memories on Stone de Shwkat Amin Korki (Alemanha/Iraque)

Prémio Efeitos Especiais Cinema fantástico – Fantasporto 2015

Liza, the Fox Fairy de Karol Meszaros (Hungria)

 

Texto: Aires Barros

Fotos: A.B. /Organização/ Pesquisa Google

 

 

10mar15

 

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.