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RIA DE AVEIRO: Corvos-marinhos-de-faces-brancas vieram para ficar

Entre as preocupações dos pescadores que exercem a sua atividade nas águas da Ria de Aveiro já alguns anos passou a constar também uma espécie de ave aquática, que, ainda que predominantemente invernante, encontrou na região do Baixo Vouga e toda a paisagem natural e ambiental da vasta área lagunar da Ria de Aveiro um ecossistema favorável à sua presença em grandes bandos. Os corvos-marinhos-de-faces-brancas tornaram-se uma ave de relação difícil com os pescadores que as veem como concorrentes na pesca já de si difícil na referida Ria.

O repetido mergulhar nas águas da Ria desta ave de coloração escura, com bico e pescoço longos, deixa os pescadores desiludidos sempre que assistem impotentes às diferentes espécies de peixes que tal tipo de corvo-marinho pesca com cirúrgica perfeição o que escapa das redes e apetrechos da faina de pesca para alimentar as famílias ribeirinhas.

Segundo pescadores do Canal da Ria de Ovar, o corvo-marinho-de-faces-brancas antigamente aparecia em número muito reduzido. Mas, há cerca de uma década, passou a ser observada em grande número em águas interiores como é o caso da Ria de Aveiro e zonas húmidas envolventes em que encontram alimento em abundância.

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Mas, se para os pescadores mais renitentes a partilharem a disputa da pesca na Ria com os corvos-marinhos a solução passaria por abrir a caça a esta ave, a paisagem natural na laguna passou a proporcionar um cenário de rara beleza, em que no inicio e o fim de cada dia se podem observar grandes bandos desta espécie voando, respetivamente, dos dormitórios para os locais onde passam o dia e vice-versa.

Para os ambientalistas as preocupações residem mais no facto desta ave se ter vindo a adaptar-se facilmente à presença humana, ao demonstrar grande à-vontade com a proximidade do homem, ocupando os locais que habitualmente são típicos das gaivotas.

Identificada como uma ave aquática de médio-grande porte, o corvo-marinho-de-faces-brancas chama atenção por ser quase totalmente preta, tanto pousada como em voo. É maior que um pato, tem um pescoço longo e asas igualmente longas. O bico amarelo contrasta com o preto da plumagem e, no final do inverno, alguns indivíduos adquirem uma mancha branca em cada flanco e outra na cabeça. É um nadador exímio, que mergulha para apanhar o peixe de que se alimenta.

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Como se trata de uma ave sobretudo invernante em Portugal, está ligada às zonas húmidas, sendo localmente abundante, podendo ver-se concentrações de dezenas ou mesmo centenas de indivíduos.

Os movimentos dos corvos-marinhos, acontecem consoante a população, uma vez que os indivíduos podem ser, migradores parciais ou dispersivos. Parte da população do Norte e Centro da Europa é migradora invernando na Península Ibérica e Norte África. Muitos dispersam-se pela orla costeira próximo dos locais de reprodução em locais ricos em peixe de que dependem diariamente de 750 gramas.

Em Portugal está presente desde finais de Agosto até meados de Abril. Os indivíduos invernantes no nosso país são oriundos da Europa Setentrional, Central e Ocidental.

Texto e fotos: José Lopes (*)

Fontes de pesquisa: http://ondaseventania.blogspot.pt ; http://naturlink.sapo.pt; http://www.avesdeportugal.info

(*) Correspondente “Etc e Tal Jornal” em Ovar

01mar15

 

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