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SÉRGIO GODINHO “à conversa” no Museu de Ovar

O escritor de canções Sérgio Godinho, desta vez não veio a Ovar cantar, mas falar da sua mais recente obra de ficção, o livro de contos que tem por título “Vidadupla”. No entanto, foi inevitável abordar a sua vida dedicada às canções, em que esta cidade já foi palco no roteiro dos seus espetáculos.

No dia 20 de fevereiro, à noite, no Museu de Ovar, perante uma plateia muito bem composta por diferentes gerações fãs das letras e da interpretação de Sérgio Godinho, que começam igualmente a despertar para a sua vertente literária, o escritor ovarense Carlos Oliveira, que através dos eventos “À Palavra no Museu” continua a proporcionar marcantes momentos culturais e literários na cidade, apresentou o artista convidado como “um ídolo da minha infância” que, “com a sua simplicidade está aqui no Museu”, cujo diretor Manuel Cleto manifestou mais uma vez a mais-valia que representam para a Instituição a que preside, estas iniciativas dinamizadas pelo autor de literatura infantil e poesia, Carlos Oliveira que assim promove uma maior proximidade e diálogo entre escritores e leitores.

Ainda que se trate de um autor multifacetado, uma vez que, para além das canções, Sérgio Godinho já publicou obras de diferentes géneros, como, “Kilas, o mau da fita” (guiões de cinema), “Sangue por um fio” (poesia), “O pequeno livro dos medos” (histórias para a infância, que inclui o Plano Nacional de Leitura), “Eu tu ele nós vós eles” (peças de teatro) ou “Caríssimas quarenta canções” (crónicas), entre outros exemplos. O primeiro desafio lançado por Carlos Oliveira a Sérgio Godinho, nesta sessão que inaugurou um novo ciclo do “À Conversa no Museu”, faria girar quase duas horas de animada conversa sobre a opção de escrever contos que se estreia no livro Vida dupla editado pela Quetzal.

“Fui encontrando através dos contos que escrevi, uma linguagem própria” começou por afirmar o escritor convidado, referindo-se aos nove contos que compõem o livro, “narrados na primeira pessoa” e “com sentido poético”, como uma maneira de se meter na pele de outros, mesmo não tendo de gostar particularmente das personagens, em que, como disse, “tentei que se encontra-se o amago sem recorrer aos nomes dos personagens”. Uma “escolha estilística” que assumiu, sem deixar de afirmar que os personagens, “não são fantasmas. São reais!”. Trata-se, como acrescentou, de uma “linguagem simbólica, que é minha!”, realçando ainda, “o prazer que me deu no contexto social ou histórico… quando uma personagem começa a interperlarmo-nos” e como reconheceu, “em quase todos os contos há um momento de interpelação”.

Do homem que deixa a sua casa todas as noites, para dormir misteriosamente ao relento como um sem-abrigo, ao carrasco que, mesmo habituado a lidar com a morte, reflete sobre o sentido da existência. São algumas das histórias apresentadas em Vidadupla, “uma só palavra, porque não se pode separar o que é duplo na nossa vida” referiu o autor a propósito do título do seu livro.

Admitindo que vai acabar por escrever romance, Sérgio Godinho, que vai estar presente na 16.ª edição de Correntes D’Escrita na Povoa de Varzim (25 a 28 de fevereiro), ainda considerou que o conto em Portugal está de certa forma desvalorizado. Um lamento que vem repetindo em sessões do género.

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Texto e fotos: José Lopes (*)

(*) Correspondente “Etc e Tal Jornal” em Ovar

 

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