Aires Barros
Falar da morte nem sempre é fácil, mas temos que entender que faz parte da vida apesar de não querermos que assim seja. Um importante processo que vem com a morte, é o luto.
O luto é uma reação emocional perante uma perda de algo ou de alguém significativo. O luto pode ocorrer em diversas situações como a morte de alguém significativo, um fim de um relacionamento importante, alguém que pode estar a vivenciar um estado terminal ou uma doença crónica, perda de um curso que gostava de ter seguido e a morte de um animal de estimação.
Durante toda a nossa caminhada nesta terra, estabelecemos vínculos afetivos, profissionais, sociais com os demais habitantes que nos rodeiam. A morte é um fator que vem cortar de forma irreversível estas relações, afastando-nos para sempre de quem nós amamos.
O processo de luto engloba quatro processos distintos: A negação da perda; o choque da perda; uma profunda tristeza e aceitação da perda, sendo que esta ultima é a mais difícil. Não existe um esquema para as vivenciar, a forma como se vivencia cada uma delas, depende apenas da pessoa.
Neste processo, existem duas pessoas que têm uma maior envolvência: Em primeiro lugar a pessoa que “foi” e em seguida a que “sofre”. Esta, lamenta a sua perda, sofre porque um bocado de si foi-se.
Quando alguém que é querido morre, é sempre costume dizer “O corpo se foi, mas as lembranças que ficam da pessoa, vão ficar sempre eternas”. A morte em si, trás à tona sentimentos fortes, com algum teor agressivo para a pessoa que esta a vivenciar. A este processo chamamos de “Morte Sentimento”.
Não é fácil lidar com a morte, porque por muito que possamos dizer que dias melhores virão, a ideia de perder alguém que nos é importante assola a cabeça de vez em quando, no entanto é preciso saber lidar com ela, pois se soubermos lidar esta situação, saberemos lidar com as pequenas perdas que acontecem na nossa vida diária, tal como o carinho perdido, uma posição de destaque, um reconhecimento por algo entre muitos outros.
O processo de luto envolve um conjunto de exteriorizações (ou não) de sentimentos, como o choro, a reserva, a necessidade de comunicar, a necessidade de lidar com a raiva, o descontentamento, frustração, angústia, tristeza, solidão e até mesmo solidão. Todos estes sentimentos têm que ser vividos pela pessoa independente do tempo. Guarda-los para si é que não é um processo saudável, já que mais tarde ou mais cedo a pessoa tem que exteriorizar o que sente. A forma como ela vivencia o processo depende da própria pessoa.
Muitas são as que choram compulsivamente, partem os pratos, outros ameaçam até a própria vida e ainda outros, fazem um voto de silêncio, uns nem conseguem deitar uma lagrima e ainda existem aqueles que se atiram de cabeça para o trabalho tentando preencher a cabeça com outros assuntos. No entanto, não é saudável como já foi dito, anteriormente, guardar isso dentro, pois quanto mais tarde exteriorizar mais agressivo pode ser essa exteriorização.
O tempo nestas coisas é o dono. Não se pode forçar a pessoa a exteriorizar os seus sentimentos, isso acontecerá quando ela estiver pronta.
Os amigos e familiares são muito importantes neste processo na medida em que podem dar o apoio necessário para não deixar a pessoa “perdida” no meio deste turbilhão de sentimentos, no entanto, existem frases que não são as mais adequadas para as transmitir: “Tens de ser forte, Não chores, Ele ou ela não gostaria de ver o que estas a passar”, são frases que por vezes dizemos para tentar trazer algum tipo de conforto mas na realidade não ajudam, pois faz parte da natureza humana vivenciar a dor e isso ninguém pode tirar.
O que poderão fazer é assumirem uma postura de bons ouvintes, procurando estar presentes sempre que possível, mesmo ao longe, telefonar para saber como a pessoa que perdeu se encontra, partilhe também os seus sentimentos com a pessoa em causa e se for possível falar também sobre a suas próprias perdas e conversarem sobre isso, pois pode de alguma forma dar alguma força para o processo ser ultrapassado.
Com o tempo, as feridas vão sarando e a pessoa vai a pouco a pouco adaptando a vida, no entanto em datas comemorativas como o aniversário, o natal, a data de nascimento, casamento e nas datas especiais trazem à tona as lembranças da pessoa que se foi e ai até pode acontecer a pessoa ficar mais nostálgica, saudosa e isso não tem mal nenhum, antes pelo contrário. Não estar mais a sofrer constantemente pela pessoa que foi é um processo saudável e não têm nada de mal vivermos a vida da melhor maneira possível e sorrir, agora, quando os sentimentos negativos são persistentes e duradouros, significa que a perda não foi ultrapassada e o que o processo de luto foi interrompido algures no tempo, o que poderá evidenciar uma possível depressão.
A parte espiritual é um fator importante que pode ajudar a ultrapassar o processo, já que a fé é um elemento essencial que nos faz ficar de pé sem a pessoa que perdemos e que continuamos a amar.
Se a fé for o elemento que consiga fazer com que o processo seja mais fácil de ser ultrapassado, quem sou eu para lhe dizer que não é a maneira certa?
Se o leitor achar que não está a conseguir ultrapassar a situação, não se envergonhe e procure ajuda dos psicólogos que certamente lhe orientarão para que o processo de luto seja ultrapassado e possa no futuro vivenciar a sua vida da melhor maneira possível.
Lembre-se que o luto não significa esquecer da pessoa querida, apenas queremos que solte e que volte a ser feliz e guardar no seu coração as lembranças alegres e também as tristes que foram vividas com a pessoa que perdeu.
Fotos: Pesquisa Google
01abr15
ola. todos passam por isso. a morte de pai e mae e sempre muito dificil. ja nao tenho pai. foi um luto muito dificil, ja la vao aproximadamente 20 anos. a minha mae tem 79 anos e felizmente muita saude.
Processo de luto, uma luta difícil e desigual entre o ser e o querer.UMA BOA DOSE DE TEMPO, DE FORÇAS, DE CORAGEM …TUDO BEM MISTURADO COM UMA PITADA DE ESPERANÇA DE MELHORES DIAS COM SOL E ABRAÇOS.PARABÉNS AIRES BARROS, COMO SEMPRE VERDADEIRO E SIMPLES!