Benigno Sousa/Tribuna Livre
Povo que atinge um certo grau de desenvolvimento sente-se naturalmente inclinado à prática da educação. É um princípio por meio da qual a comunidade humana conserva e transmite a sua peculiaridade física e espiritual. Mas, com a mudança das coisas, mudam os indivíduos; o tipo permanece o mesmo. Homens e animais, na sua qualidade de seres físicos, consolidam espécie pela procriação natural. Só o Homem, porém, consegue conservar e propagar a existência social e espiritual, por meio da vontade consciente e da razão.
Uma educação consciente pode até mudar a natureza física do Homem e suas qualidades, eleva-se a capacidade a um nível superior: o espírito humano conduz progressivamente à descoberta de si próprio e cria; pelo conhecimento do mundo exterior e interior, formas melhores de existência humana. A natureza do Homem, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições especiais para a manutenção e transmissão da sua forma particular exigindo organizações físicas e espirituais, ao conjunto das quais damos o nome de educação.
A educação não é uma propriedade individual, mas pertence por essência à comunidade; o caráter comunidade imprime-se em cada um dos seus membros e é no homem, muito mais que nos animais, uma fonte de toda a ação e de todo o comportamento. A estrutura da sociedade assenta nas leis e normas escritas e não escritas que a unem e unem os seus membros. Toda a educação é o resultado da consciência viva e duma norma que rege uma comunidade humana, quer se trate da família, duma classe ou duma profissão, quer se trate de um agregado mais vasto, como um grupo étnico ou um Estado.
A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estrutura interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade. Na estabilidade das normas válidas corresponde solidez dos fundamentos da educação. Dissolução e destruição das normas advêm debilidade, falta de segurança, até impossibilidade absoluta de qualquer ação educativa.
A Grécia representa um progresso fundamental, um novo estádio em tudo que se refere à vida dos homens na comunidade. Fundamenta-se em princípios a que podemos com plena consciência dizer que cultura começou com os Gregos. Somos herdeiros de uma cultura Grega; sob o ponto de vista político assistimos a progressiva mudança na mentalidade das estruturas políticas.
Podemos falar em política aplicando necessariamente conceito de Estado: é uma sociedade que tem como fim o bem comum, isto é, consiste em reunir as pessoas que não conseguem viver umas sem outras. É uma ordem à conservação mútua naturalmente. É também como realização duma ordem natural que detém o poder aquele que pode, por meio da sua inteligência, prover a tudo e que, pelo contrário, obedece aquele que unicamente pode contribuir para a vantagem com o trabalho do seu corpo.
A principal das sociedades naturais é a família, que se formou da reunião do homem e da mulher. Uma sociedade que seguidamente se formou com várias casas chama-se aldeia. A sociedade que se formou da junção de várias aldeias constitui a Cidade, sendo organizada não somente para conservar a existência, mas também para procurara o bem-estar. Esta sociedade está também abrangida pelos desígnios da natureza. Ora, a natureza de cada coisa é precisamente o seu fim. Deste modo, quando um ser é perfeito, qualquer que seja a espécie a que pertença – homem, cavalo, família -, dizemos que pertence à natureza. Aquilo que ultrapassa as outras coisas e mais se aproxima do fim proposto deve ser considerado como o melhor.

“Toda a Cidade” – Aristóteles disse – “pertence à natureza e o homem é naturalmente feito para a sociedade política. O homem é um animal político, mais social que abelhas e outros animais que vivem em comunidade. A natureza só a ele concebeu o dom da palavra. É na troca das palavras o laço da união de qualquer sociedade doméstica e política.”
Estado ou sociedade política é o primeiro objeto que a natureza se propôs. As sociedades domésticas e os indivíduos integram a Cidade. Desta forma, a própria inclinação natural conduz todos os homens neste género de sociedade. O primeiro que a instituiu trouxe-lhes o maior de todos os bens. E aquele que não conhece nem justiça nem leis é o pior de todos, sobretudo, não existe algo de mais intolerável que a injustiça. Discernimento e respeito do direito constituem a base da vida política e os juízes são os seus primeiros órgãos.
O Estado consiste numa multiplicidade de partes: é a universalidade dos cidadãos. Determinada pessoa que é cidadão numa democracia não o é numa oligarquia. No critério da cidadania: não é a habitação que constitui o cidadão; os estrangeiros não são cidadãos mas habitantes, contudo, por cá podem adquirir o passaporte Gold. Não se pode dizer simplesmente que sejam cidadãos; não são mais que capitais em expetativa, por causa da sua imperfeição; água limpa não engorda porcos. E o que constitui propriamente o cidadão é o direito de sufrágio nas assembleias e de participação no exercício do poder público na sua pátria.
Há várias espécies de Constituição e de governo; há, pois, seguramente, várias espécies de cidadãos, sobretudo, a classe dos que se chamam súbditos. Há em Constituições que o operário e o mercenário devem ser cidadãos; e outras há em que isso é impossível, por exemplo, aristocracia em que as honras se prestam ao mérito e à virtude. Mas, na oligarquia o bem conhecido pelo nome de fortuna permite a entrada para os mais elevados cargos. É a nossa maior aspiração como todos os sonhos se há-de converter em realidade.
O povo miúdo não é admitido, talvez num dia feito fortuna. Em certas democracias basta nascer dum nacional, noutros lugares os bastardos tornam-se tais. Daqui resulta que há várias espécies de cidadãos; e que os verdadeiros são apenas aqueles que participam das honras. Todo aquele, portanto, que não exercer ou participar no Estado é, na realidade, como párida ou inútil, pois, não tem liberdade moral nem existencial. Mas bom cidadão participa na votação.
Virtudes do cidadão e homem de bem. Os cidadãos são membros de uma comunidade. É evidente que as tarefas de cada um formam a sua virtude própria, mas há uma que constantemente é comum a todos, uma vez que todos têm como finalidade a segurança, cada qual a sua maneira; embora as funções dos cidadãos sejam diferentes, todos trabalham para a conservação da comunidade, ou seja, na saúde do Estado. É, por conseguinte, a este interesse comum que se deve referir a virtude do cidadão.
Languido é nosso Estado que desde aquela aventurosa batalha em terra do sabre: terminou epopeia Lusitânia; dramática derrota traduzida em tragédia, aqui não falta usurpadores e amigos de Peniche. Defenestrá-los? Fraca é a coragem deste soberano amargurado com governantes a viverem de subsídios do Estado. Como é que um Coelho viveu sempre de subsídios e agora pretende minimizá-los? É uma vingança de retorno mentir às criancinhas e dados falsos. É pseuda virtude. Este direito ignora dever.
É conveniente situarmo-nos no melhor governo possível. Ver-se-á que, por um lado, não se pode fazer que o Estado seja completamente composto por homens perfeitos; que, por outro lado, cada um, no melhor possível, execute as suas funções. É nisto que consiste a sua virtude própria. Uma vez que parece impossível que todos os cidadãos se assemelhem, não é o mesmo género de virtude a fazer o bom cidadão e o homem de bem. Mas todos devem ser bons cidadãos.
Nisto, deve os seus deveres a tempo e horas. Não é fazer-se de ignorante o retornado ao País que lhe dá comer. Mas que grande azar é aturar este cantor da voz coar temor. Sorte teve encenador que despachou para o Coliseu este pseudo artista do teatro-política. Seita diz que este líder é o exemplo de cidadão. Num desafinado projeto de folclore e canto? Retorna ao retorno!
O estado é composto de partes diferentes, um pouco como o animal: alma e coração; a alma, composta de razão e de paixões; e abrangendo o Estado todas estas partes e tantas outras de diferentes espécies, não se pode pretender que haja o mesmo género de virtude para uns e para outros. Quando falamos de um bom comandante, entendemos por isso um homem com sentido das responsabilidades e da honra; exigimos, sobretudo, prudência naquele que governa. E homem que manda é semelhante ao mandado.
O homem é, por natureza, um animal feito para a sociedade civil, deseja a vida em comum, encontrando cada um aí o meio de melhor viver. Eis, portanto, o nosso fim principal, comum a todos e a cada um em particular. Juntamo-nos para pôr em segurança a nossa vida. Mas problemática é quando precisamos dos cuidados primários: entramos no hospital para esperarmos ser defuntos. O tempo de atendimento à consulta médica devia contar para a reforma. Nisto é suficiente gritar: mais humanismo!
Distorçamos desgraça política para bem vivermos; é assim que os homens constituem excelente Estado; se não fosse essa a finalidade inexistia sociedade. O fim da sociedade civil é viver bem; todas as instituições que a formam não são mais que meios e a própria cidade não é mais que uma grande comunidade onde se encontra todos os meios de perfeição e suficiência. Nisto chamamos vida feliz e honesta.
Nunca se contará entre as pessoas felizes um homem que não tem nem coragem, nem temperança, nem justiça, nem prudência; que se entrega a todos os excessos no comer e no beber; que se mostra tão desprovido de razões como as crianças. A felicidade é muito diferente da fortuna. É da fortuna que nos vêm os bens exteriores; mas ninguém é justo ou prudente em razão da fortuna nem por seu intermédio. Dos mesmos princípios depende a felicidade do Estado. É impossível que um Estado seja feliz se dele foi banida a honestidade. Mas infeliz é nosso Estado: governante não esclarece ou demonstra qual é a sua honestidade e faz-se de vítima o carrasco dos impostos, mas os dele são opacos. Sem virtude e sem prudência nada de bom se pode esperar dele. Mas aqueles que não veem felicidade para o homem senão na virtude, só consideram feliz o Estado em que a virtude é honrada.
Acordem! É hora! “É hora de cumprir Portugal!” Acreditem, então, temos Sol, água, coragem lusitana para derrotar o mostrengo. Entrem na nova nau que espera no porto da esperança convidando à partilha pela igualdade, fraternidade e justiça. É necessário cassar esta pandilha da corrupção: falácia governante; crime financeiro.
Temos de parar esta incerteza que nos conduz à tragédia. Sobressaltam-se futilidades mas ninguém se compromete.
Manha submarina, mas não se revela a verdade. Se ao menos pudéssemos vê-los subir à superfície, também veríamos Ricardo Salgado e Paulo Portas. Até figuras de pedra ressumam dor em desespero e medo!
Supremo navegando em rede mostra-nos presépios e bolo-rei mastigado. É hora de estancarmos recessão e austeridade.
Temos o dever ao direito porque as coisas existem para serem utilizadas. E não é só para alguns mas é para todos. Queremos ser felizes no Estado! Já!
Fotos: Pesquisa Google
01abr15