Maria Rodrigues / Tribuna Livre
Em 1974, o golpe militar da madrugada de 25 de Abril saiu à rua com canções, avançou gloriosamente com flores e tornou-se vitorioso com o apoio das multidões nas ruas e praças da cidade. Foi uma alegria para a grande maioria dos portugueses!
Pela coragem e pela determinação dos jovens militares do Movimento das Forças Armadas e de quem neles confiou, o regime fascista caiu e sobre a sua fácil derrocada logo se iniciou um processo visando a melhoria da vida quotidiana das populações e a democratização da estrutura da sociedade.
A adesão popular ao programa do MFA foi imediata, pois os três eixos de acção enunciados correspondiam a necessidades prementes das massas: democratização, descolonização e desenvolvimento.
A livre expressão de vontades e opiniões bem como o exercício dos direitos de reunião e de manifestação pública foram as alavancas do activismo pelo pão, pela casa, pela saúde e pela educação. Uma cidadania activa e participativa era então mobilizada pela vontade de emancipação individual e colectiva, legitimada pela força jurídica dos conteúdos do programa do MFA.
Tendo-se espontaneamente assumido o exercício dos direitos humanos que até então tinham sido negados pelo regime político caduco, formaram-se comissões ad-hoc nas zonas degradadas da cidade, comissões de moradores nos bairros camarários e nas ilhas, comissões de trabalhadores nas fábricas, comissões de soldados nos quartéis, comissões de trabalhadores rurais nos campos, comissões de pais e educadores nas escolas. Os militares do MFA, em vez de exercerem o poder emergente segundo um modelo autoritário, partilharam esse poder com as massas populares e os seus órgãos organizativos.
A “revolução dos cravos” e das canções de protesto social foi o berço de uma renovada identidade democrática. Pelo reforço dessa identidade, saúdo as iniciativas de salvaguarda da memória histórica do período revolucionário. Saúdo também a vontade cidadã de patrimonializar as memórias dos resistentes antifascistas, reconstruindo elos entre o passado e o presente. Porque a comemoração da revolução de 25 de Abril, em cada ano, constitui um instrumento pedagógico para a transmissão dos valores da liberdade e da justiça às gerações mais jovens, contribuindo para a consolidação de uma identidade que atravesse o tempo…
Viva o 25 de Abril!
Sempre!
Foto: Pesquisa Google
Por vontade da autora, e de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc eTal jornal”, o texto inserto nesta “peça” foi escrito de acordo com a antiga ortografia portuguesa.
01abr15