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Guilhermina Suggia (1885-1950)

Há 130 anos nascia no Porto, a 27 de Junho de 1885, na freguesia de S. Nicolau, aquela que haveria de ser a grande violoncelista Guilhermina Suggia (de seu nome completo Guilhermina Augusta Xavier de Medin Suggia), seguramente, a primeira mulher portuguesa a fazer carreira a solo, a fazer da música a sua forma de vida e a conseguir um enorme sucesso nesta área artística. Era filha de Augusto Jorge de Medin Suggia (de origem espanhola e italiana) e de Elisa Augusta Xavier.

A partir dos 5 anos, Guilhermina começou a ter lições de violoncelo com o pai, violoncelista do Real Teatro de São Carlos e professor no Conservatório de Música de Lisboa.

Um dos primeiros violoncelos de Guilhermina foi-lhe oferecido pelo visconde de Villar d’Allen, pessoa abastada na época que, sabendo do talento da jovem, mandou vir de Paris um violoncelo 3/4 para que ela começasse a estudar.

Aos 7 anos fazia já a sua primeira aparição pública, no Grémio de Matosinhos e, com apenas 13 anos, Guilhermina integrava o conhecido Quarteto de Bernardo Moreira de Sá, do Orfeão Portuense.

No Verão de 1898, por grande empenho de seu pai, conheceu em Espinho o famoso violoncelista catalão, Pablo Casals, quando este abrilhantava as noites do Casino. Depois de a ouvir tocar, Casals aceitou dar-lhe lições, facto que levou Guilhermina a viajar com o pai, durante todo o Verão, em lentos comboios entre o Porto e Espinho, carregando o violoncelo e as partituras.

O seu talento começava a deslumbrar o meio cultural portuense, actuando em concertos, onde se fazia acompanhar ao piano, por sua irmã Virgínia, mais velha 3 anos.

Em 1901, a Rainha D. Amélia concedeu-lhe uma bolsa de estudo para estudar no mais conceituado Conservatório da Europa, em Leipzig, na Alemanha, com o professor Julius Klengel que dela deixou registado, em 1902, o seguinte: “[…] sem dúvida não tem havido uma violoncelista com o mérito da artista de que me ocupo […]. Mlle. Suggia, possuindo alta inteligência musical e um completo conhecimento da técnica, tem o direito de ser considerada, no mundo artístico, como uma celebridade”. Estas palavras do seu mestre representam bem o reconhecimento da alta qualidade artística, demonstrada pela executante do violoncelo.

De 1906 a 1913, Guilhermina coabitou com Pablo Casals, na Villa Molitor, em Paris, onde promoviam serões musicais, privando com músicos, pintores, filósofos e escritores que frequentavam este círculo cultural. Por essa altura, formavam o casal de violoncelistas mais famoso de todos os tempos mas, esta relação terminaria de forma abrupta, a ponto de Suggia nunca se referir a Casals no plano amoroso, mas sempre na qualidade de violoncelista.

suggia

Guilhermina mudou-se depois para Londres, tocando nas orquestras de maior prestígio e, colhendo aí, um grande êxito. Apesar de todo este sucesso, a violoncelista não esquecia a sua cidade e o seu país, onde vinha com frequência, chegando a afirmar, numa entrevista, que “Venho respirar o ar balsamizante da terra querida, para ver o sol e ver os meus amigos. Afinal sou muito mais portuguesa do que pensam.”

O seu nome era, então, uma referência no mundo da música, tão conhecido que as mais prestigiadas salas de concerto da Europa a aplaudiam.

Em 1927, com 42 anos, Guilhermina casou com o médico radiologista, Dr. José Casimiro Carteado Mena, de 51 anos de idade, médico pessoal de sua mãe, D. Elisa Suggia.

A maior violoncelista portuguesa de todos os tempos teve uma vida musical, marcada por grandes sucessos, actuando nos locais mais conceituados do seu tempo. Era uma Mulher muito temperamental, mas também muito perfeccionista na execução das diferentes peças musicais e foi, ainda, uma mulher de causas humanitárias e culturais e alguém à frente do seu tempo: praticava remo e natação, jogava ténis, dispensava o motorista para conduzir o seu próprio Renault preto. A casa, alugada em Leça da Palmeira, era o seu refúgio para estudar, retirando-se para aí com o seu violoncelo e os seus cães Mona e Sandy.

Despediu-se da vida aos 65 anos, há precisamente 65 anos (a 30 de Julho de 1950), no Porto, na sua casa da Rua da Alegria, nº 665.

Fotos: Pesquisa Google

01jun15

 

 

ObS: Por vontade da autora e, de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc eTal jornal”, o texto inserto nesta rubrica foi escrito de acordo com a antiga ortografia portuguesa.

 

 

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