Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“A estrada de Braga, saindo da Porta do Olival, ia pelos Ferradores, Rua de Santo Ovídio, Campo de Santo Ovídio, ou Regeneração, e passando o monte da Lapa, atravessava o lugar que primeiro se chamou do Olho Vivo, denominação popular da capela que ainda lá existe e se chama, desde princípios deste século (XX), do Senhor do Socorro.
O chamadouro de Olho Vivo viria, dizem, de ser em tempo antigo, um ermo e costumarem os ladrões acoitar-se por detrás da ermida, para os seus assaltos. Por isso se recomendava “Olho Vivo” ao passar pelo Senhor.
Este lugar que assim ia dar da Lapa ao Campo Lindo, chamou-se depois do Sério, não se sabe porquê, talvez alcunha de algum proprietário ou morador local. Figura o topónimo à data do cerco (1832-33), mas já então se encontra também o de Rua Nova da Rainha. Seria talvez esta a designação oficial, e aquele chamadouro popular.
Diz-nos Horácio Marçal, na sua bela monografia de Paranhos, que até 1875 “teve o antigo lugar do Sério a designação de Travessa do Campo Lindo; a seguir foi Rua da Rainha, e hoje, é Rua de Antero de Quental”. Com esse nome de Rua da Rainha a encontramos nas plantas de Mangeon e de 1902.

Supomos que a Rainha seria a Senhora D. Maria II, e portanto dataria a denominação da entrada das tropas liberais no Porto. Recebeu depois o nome de Rua de Antero de Quental. Não será necessário esclarecer os nossos leitores de quem foi Antero de Quental, o poeta máximo dos Sonetos – “Santo Antero” lhe chamavam os seus amigos e companheiros”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 26-05-1972.
Fotos: Pesquisa Google
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01jun15