José Gonçalves
(diretor)
Como a generalidade, penso que a maioria dos portugueses, fiquei chocado com as imagens das cobardes agressões a um jovem, na Figueira da Foz, perpetradas por um leque de raparigas e rapazes. Mais chocado ainda fiquei com os números relativos a casos de “bullying” no meio escolar português e a outros atos criminosos concretizados por jovens, que pode ler na peça de destaque desta edição do nosso jornal.
Não sou psicólogo, nem sociólogo; não tenho filhos, mas, nem por isso, deixo de estar preocupado com a onda de violência que se regista, e vai crescendo, não só em meio escolar, mas também familiar, de bairro, de rua, de aldeia, de vila e outro tipo de comunidades.
Pergunto: onde estão, e como trabalham, as instituições responsáveis pelo apoio a jovens e a idosos em risco? Onde está, e como atua, a Polícia em casos de declarada, ou suspeita, situação de agressão ou até mesmo de homicídio?
Sabemos que as famílias portuguesas vivem, com a crise, graves problemas no seu seio; que se mata, com um tiro de caçadeira ou à sacholada, por “tuta e meia”, e que, por questões passionais corta-se a cabeça ao namorado(a), marido(a), companheiro(a)… amigo(a).
Violam-se crianças de tenra idade. Violam-se idosas indefesas. Matam-se crianças em panelas de água a ferver, e velhos e velhas depois de terem sido roubados, como se já não bastasse o roubo, que o governo é responsável, nas reformas ou pensões.
É natural que, neste quadro, vergonhoso em que vive a sociedade portuguesa, os jovens, que, na prática mal conhecem os pais e estes os filhos, cometam verdadeiras barbaridades no meio escolar, ou em qualquer outra comunidade, com atos de extrema violência e humilhação.
Sempre ouvi dizer que o exemplo “vem de cima”. Ora, de cima, não conheço neste país bons exemplos a seguir.
Não venham lá também com a historieta que, em tempos da “outra senhora”, as coisas estavam melhores, mais calmas, que não havia nada disto. Merdices! Havia! E havia até pior que isto! Não se sabia era o que havia! Hoje, tudo se sabe. Basta um clique no telemóvel, no computador com ligação à internet, e no “não sei quê que mais”. Por aí (atenção!) desmascara-se, mas também vinga-se, incrimina-se, humilha-se em praça pública, destrói-se vidas de inocentes.
A base disto tudo passa, em meu entender – posso estar errado – pela família. O mau exemplo que vem “de cima” (leia-se governo), deve ser confrontado pelo exemplo de base: a educação paterna e/ou materna… da família. Não é fácil – sei-o – mas é por aqui que a “coisa” tem de começar. Depois aparece a Escola, a Educação, e o respeito pelo(a) professor(a), infelizmente, cada vez mais raro. Eles e elas até lhes batem, com reforço, ao pontapé e à cabeçada por pais e familiares adjacentes (bullying II).
Pois muito bem. Dirão os amigos e amigos que me estão a aturar, que uma parte considerável das famílias não estão estruturadas; que não conseguem educar os filhos; que não há comida em casa e que em “casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”. É verdade. E, então, onde está o Estado e em que estado o Estado está?
Os casos de “bullying”, os assassinos, as humilhações não aparecem por acaso, há sempre uma razão de base de raiz, radical (que é de raiz). Quem deixa, negligentemente, que isso aconteça?
Todos nós sabemos quem é o negligente. Mas poucos sabem como o combater. Ou, porque não o querem fazer (e, assim, são cobardes), ou, porque têm medo – como se diz na minha terra-, não têm “tomates”.
O voto, por exemplo, é uma das “armas” – por certo, a mais importante – para dar a volta a esta situação de crime social. Mas, perguntar-me-ão: votar em quem e em quê?
Respondo: em si! Nos seus! Nas pessoas que ama! Nos amigos! Nos vizinhos que considera! Na democracia! Não quer votar em ninguém, vote em ninguém, risque o boletim (ponha lá um desenho sendo criativo), ou dobre-o… mas vote!
Seja socialmente interventivo! Deixe-se de conversas de postigo e de coscuvilhices, as tais que afetam os outros, mas que, nas suas costas, o mandam à merda!
Ter coragem, tê-los no “sítio”… é marca de presença, de postura, de liderança… familiar (se quiserem!). Há que saber dizer não! Há que educar, os nossos jovens, e os nossos jovens esperam isso dos seus pais, mesmo que eles estejam separados, zangados, chateados ou outra coisa acabada em “ados” os “idos”. E, depois, não se esqueçam da dar amor a quem dele mais carece: os filhos.
Serão esses, os vossos “filhos”, que vão garantir o nosso futuro; que nos vão governar, e que serão os primeiros – se, bem educados – a acabar com os “bullyings” ou coisas vergonhosas do género.
O seu futuro e o dos seus… passa por si, desde que tenha “tomates” para enfrentar e contrariar a realidade austera e de humilhação social imposta por quem nos (des)governa que é de cá, mas também não é!
Não se acobarde! Lute, porque amanhã, mas só até um dia, o Sol nascerá outra vez…. para todos nós(?!)
01jun15