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Bem-vindos ao Caos

José Luís Montero

O Presidente da República convocou eleições. Fez considerações sobre um futuro conveniente. Esse futuro não lhe pertence; os povos são dinâmicos e apesar das troicas avassaladoras, as pessoas sonham com comandar a sua vida. O atual Presidente da República, ao velho estilo messiânico, pretende condicionar vontades, opiniões e visões futuras.

O Presidente deve saber que está perto da aposentação ou do adeus ao presépio político de Belém. As figuras do presépio simbolizam uma história cada vez mais duvidosa. José talvez não fosse tão pobre e Maria talvez fosse só mulher. Talvez nem fosse a primeira mulher na vida do José. Cavaco Silva também não foi o primeiro presidente na vida da cidadania. No passado, existiu, entre outros, um Presidente-Rei que se chamava e chama Mário Soares; Cavaco Silva só é conhecido como o Presidente-Mudo. Possivelmente, devido ou derivado da sua mudes presidencial, virou presidente mau profeta porque profetiza, unicamente, desejos pessoais.

cavaco silva - 01ago15

Durante o mês de Outubro as parras das vinhas nortenhas mudam de cor e começam a cair. As árvores despem-se e ficam sem as suas imponentes copas. Provavelmente, Portugal ficará sem o Governo que podou o verde-esperança dos sonhos e da tranquilidade. No entanto, não só o governo, também a oposição realizada por vários partidos de esquerda foram além de mudos (seria por mimetismo presidencial?) podadores de ideias e apaziguadores de maus-fígados.

Não foram oposição; foram companheiros de viagem com bilhete de segunda classe. São tão tristes como o Presidente-Mudo e tão mudos como as figurinhas dos presépios já que são de barro, madeira ou cartão; algumas são de papel e voam com primeiro sopro. Por isso, a vontade abstencionista que se escuta pelos Cafés e afins é cada vez mais sonora. A frase mais comum – que choca nos tímpanos – nas conversas sobre políticos e políticas é: “ não tenho a quem votar…”

Muitas vezes as redes sociais fervem tal como ferve a água numa panela assente numa lareira em chama viva. Saltam problemas médicos de tios, primos ou vizinhos. Aparecem penúrias de funcionários em situação precária. Surgem empregos onde mal se ganha para pagar o transporte. Como chispas ouvem-se notícias sobre uma dívida pública galopante e a aberração de criticar um povo como o grego que tentou dizer: “não queremos ser escravizados!”

Mas, infelizmente, só tentou porque o seu governo de moda anti- moda (são uma espécie de anti -Zara) perdeu o equilíbrio e entregou-se aos compradores das ilhas gregas e aos vendedores de submarinos e outros artefactos que pouco dignificam o ser humano. O Homem dignifica-se quando salva vidas e espalhada felicidade e não quando inventa máquinas de guerra e morte. A morte não está nos presépios; no presépio está a Vida. Simboliza o nascimento ainda que – evidentemente – não seja divino e seja humano e só humano.

colapso económico

O colapso social e económico está presente. As instituições mais representativas do atual Sistema (os membros das troicas) reconhecem que as medidas tomadas para salvaguardar o Sistema são o fracasso personificado. Ninguém acredita que pela pobreza se alcança o bem-estar social. Nem os banqueiros; nem estes guardadores de economias privadas que esbanjaram o suor alheio, acreditam na fórmula existente de fazer omeletes sem ovos.

Mas, esbanjaram dinheiros alheios que se evaporaram por obra e graça da magia financeira; trocaram as voltas ao aforro privado para poder ser arrecadado em albardas de alpaca. E agora pede-se dinheiro que recheia os cofres da Banca e paga o Zé Ninguém que perdeu a mula, o arreio e a albarda onde guardava a broa, o chouriço e a navalha podadeira.

Parou-se a produção. Segou-se, durante a época eufórica das adesões à CEE, a produção que alimentava, terras, regiões e países. Augurou-se e profetizou-se (como Cavaco Silva profetiza desejos pessoais.) um futuro de automóveis de topo de gama; camisas com bichinhos identificativos. Enganaram; apontaram a possibilidade da viagem permanente para as férias no Algarve; os passeios ao Gerês e a possibilidade de amante às quintas-feiras. Era mentira. A mentira sempre fracassa, inclusivamente, a mentira da vizinha que engana nos trocos a outra vizinha.

Agora quando a mentira deu os seus frutos; a miséria e a precariedade social estão implantadas. Os gurus da ingeriria financeira; as macroeconomias; as economias de escala e todas, todas as bazófias dos estressados da City pedem chicotadas para os cidadãos comuns. Regalias laborais?.. Segurança Social? Salários desafogados? Sonham! Trabalhem e paguem as vossas reformas mesmo que os ordenados não cheguem para pagar uma sandes de torresmos na tasca do Anafado.

Fotos: Pesquisa Google

01ago15

 

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2 Comments

  1. Anónimo

    Fazem-se experiências de teorias económicas sem o consentimento ou o cabal esclarecimentodos visados: o povo. O que importa é que a vidinha lhes corra bem e os lugares em administrações estejam garantidos

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