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Escritores têm (cada vez mais) o “À PALAVRA…” na agenda! João Pinto Coelho e Tiago Patrício são disso um exemplo

Os mais recentes escritores que participaram no “À Palavra com…” no Museu de Ovar foram João Pinto Coelho que no dia 30 de outubro falou da sua obra “Perguntem a Saaah Gross” e Tiago Patrício, que cumpriu a 35ª edição deste evento cultural realizado no dia 13 de novembro.

João Pinto Coelho, autor da obra literária “Perguntem a Saaah Gross” esteve à conversa com leitores neste evento literário dinamizado pelo escritor Carlos Nuno Granja, sobre o seu único livro publicado. Uma obra que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História e que, como começou por afirmar Carlos Granja: “o João merecia casa cheia! Vamos encher a casa com a nossa conversa, com a ajuda de muitos que já leram o livro”.

João Pinto Coelho (à esquerda na foto)
João Pinto Coelho (à esquerda na foto)

Professor de Educação Visual no Agrupamento de Escolas de Valpaços, João Pinto Coelho, que nasceu em Londres em 1967 e licenciou-se em Arquitetura em 1992, partilhou na 34.ª tertúlia do “À Palavra” no Museu de Ovar, a 30 outubro, o processo da longa construção da sua obra que foi finalista do Prémio Leya em 2014. Um romance, que, como expôs, acabou por ser o resultado de experiências profissionais que o levaram a integrar duas ações do Conselho da Europa que tiveram lugar em Auschwitz (Oswiécim), na Polónia, em que trabalhou com diversos investigadores sobre o Holocausto.

Experiência enriquecida e aprofundada com um projeto escolar (Área de Projeto 12º ano) que envolveu alunos portugueses e polacos, que o levou de novo à Polónia e às ruas de Oswiécim, bem como aos campos de extermínio. Pesquisa que funcionou como “trabalho preliminar”, com que João Pinho Coelho deu forma de romance com testemunhos reais de sobreviventes com quem falou durante todo este processo de investigação, na sequência do qual tem realizado diversas intervenções públicas, como a da conferência internacional Portugal e o Holocausto em 2012.

Admitindo que escrever ficção, “ficou-se pelos bancos da escola nas redações”, o autor adiantou que, “comecei a fazer esboços de ideias, e dei por mim a escrever um livro”. Um projeto que vinha trabalhando há 30 anos pelo interesse da investigação sobre Auschwitz, que ganhou forma na escrita romanceada há cerca de cinco anos, e aí, “tive noção que a história merecia ser contada”. Por isso, também assumiu que, “não tenho ideia para outro livro, nem faço ideia se vou escrever outro livro”.

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O livro “Perguntem a Sarah Gross”, já na 3.ª edição, é o seu primeiro e único romance cuja editora chegou a admitir parecer uma tradução de alguma obra literária americana, o que fez o escritor, que viveu nos Estados Unidos onde trabalhou nomeadamente num teatro profissional, mas como técnico de som e luzes, recear, “que houvesse algum preconceito da crítica, mas não!”, concluiu o escritor, que escolheu contar “uma história que ainda não estava contada” ou seja, “mostrar Auschwitz antes da ocupação”.

Uma história que emocionou leitores que participaram nesta tertúlia procurando respostas do autor à dureza de alguns relatos do livro, que insistiu serem episódios verdadeiros, porque a sua opção foi, “falar de Auschwitz com o máximo de rigor para se dizer o que ali se passou há 70 anos”.

Da sinopse deste livro: “Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah.

Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.

Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou”.

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Tiago Patrício e a sua vida profissional

A 35.ª edição do À Palavra no Museu de Ovar no passado dia 13 teve também a participação do escritor Tiago Patrício, que nesta deslocação de Lisboa a Ovar, participou ainda numa sessão com alunos da Escola Secundária José Macedo Fragateiro.

Neste evento literário cuja dinâmica se fica a dever ao escritor ovarense Carlos Nuno Granja, que, assim, proporciona momentos em que os leitores e escritores convidados interagem, o autor do romance “Trás-os-Montes”, premiado com o Prémio Augustina Bessa-Luís e vencedores de prémios como Daniel Faria e Natércia Freire em poesia, começou por enaltecer as características do Museu de Ovar que visitou, como sendo, “um Museu interessante, porque não há nada de artificial”. Ambiente etnográfico que levou Tiago Patrício a fazer uma certa analogia com a sua infância vivida exatamente em Trás-os-Montes.

Tiago Patrício nasceu no Funchal em 1979 e foi viver para Carviçais com apenas nove meses. Até fazer da escrita profissão, o escritor, que ironizou com “uma espécie de biografia negativa”, falou do seu percurso de vida, dos cursos adiados, do ingresso na Escola Naval ou do trabalho como farmacêutico em 2007 que abandonou para optar então pela profissão de escritor, quando venceu o prémio Jovens Escritores e foi selecionado pelo Clube Português de Artes e Ideias para uma residência em Praga. Tendo escrito a peça Checoslováquia e o livro Cartas de Praga.

A “melancolia” que o levava a questionar as diferentes fases da sua vivência profissional, como referiu, lembrando os dois anos na Marinha, em que, “estava na Base Naval, olhava para Lisboa e interrogava-me se tinha vindo de Trás-os-Montes para estar ali”, só mesmo a escrita e o teatro curaram.

Este À Palavra, com Tiago Patrício, terminou com uma animada partilha de ideias futuristas sobre a possibilidade de vir haver uma máquina capaz de escrever um romance ainda que segundo a supervisão do escritor humano que assim se poderia libertar deste trabalho. Ainda em novembro o À Palavra conta com a presença de Bruno Vieira Amaral, vencedor do Prémio José Saramago com o livro “As primeiras coisas”.

Texto e fotos: José Lopes (*)

(*) Correspondente “Etc e Tal Jornal” em Ovar

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