Como diz o povo “quem brinca com fogo, com fogo queima-se”, ou, com ele, pode queimar-se, e, ainda mais, quando as brincadeiras são efetuadas por jovens adolescentes que, incautos, colocam a sua própria vida em risco. Não estamos a falar em “fogo”, mas em outras brincadeiras bem mais perigosas, até porque, neste caso, não se trata de possíveis “queimaduras” mais ou menos graves, mas de potenciais acidentes que podem mesmo colocar em risco a vida das quem as pratica.
Testemunhamos, recentemente, perigosas brincadeiras/desafios, que jovens fazem nas linhas do metro do Porto, designadamente (e as fotos reportam-se a esse local), na Estação do Heroísmo. Rapazes e raparigas, mas principalmente os primeiros, saltam para as linhas do metro, chegando ao ponto de lá se deitarem, não tendo em conta, devido à adrenalina, a chegada à estação das composições, ainda que os “timings” estejam referenciados nos painéis eletrónicos. Eles não dão conta disso.
Há poucas semanas, e também Estação do Heroísmo, um jovem lançou, para uma das linhas, a mochila de um colega. Este, por pouco, não foi colhido por uma composição, quando a foi resgatar. Refira-se que, neste local, são muitos os estudantes, oriundos de escolas como a de “Pires de Lima”, do “Alexandre Herculano” e do “Externato D. Dinis”, sendo que alguns deles, depois das aulas, e de regresso a casa, utilizam o Metro como transporte preferencial.
A ausência de vigilância (desconhecemos há meses e meses) a presença de um “segurança” no local – o que sucede também em outras estações -, facto que impediria estes perigosos atos. Indiferentes a estes atos, ainda que preocupados com a situação, ficam os passageiros apeados, com receio de represálias dos jovens que, normalmente, fazem estas brincadeiras em grupo. E em grupo (mas só em grupo) são verbalmente agressivos.
“Isto é uma pouca-vergonha! Eu nem digo nada. Eles andam pela linha fora às corridas… meu Deus! Os pais que lhes deem educação. É que se dissesse alguma coisa ainda corria o risco de ser agredida, porque eles são muito malcriados. Falta aqui um “segurança”. Ao princípio ainda havia um, mas agora nem vê-los. Deve ser por causa da crise. Não têm dinheiro para lhes pagar e pronto. Quando um dia um destes um rapaz for atropelado, vai ser a bonita”. Palavras de uma utente do Metro, desta feita na estação do Campo 24 de Agosto.
Do “atira-te à linha” ao “train surfing”
Mas se o “atira-te à linha” começa a ser moda; moda é já o “train surfing”, que é como dizer uma prática de “penduras”, como antigamente se assistia nos carros elétricos, nos autocarros e troleicarros do Porto.
Aproveitando a velocidade média (baixa) dos “comboios”, os jovens “penduram-se” na parte de trás da composição, fintando, por assim dizer, os fiscais, deslocando-se gratuitamente até ao seu destino. Os fiscais nada podem fazer, e muito menos os maquinistas.
Ao que se sabe, esta moda começou na área urbana de Matosinhos, mas, atualmente, já tem outros pontos de referência, entre os quais, a travessia da ponde de D. Luís I, isto para “gáudio” dos turistas que não perdem a oportunidade para registar, fotografando ou filmando, estes “atos heroicos” que podem acabar no hospital ou na morgue.
Ora, a verdade, é que estas brincadeiras trazem custos pesados para a operadora, não só pelo facto dos “aventureiros” não registarem o “Andante” (bilhete) e “viajarem” de borla, e, em termos mais específicos, para a destruição dos limpa-vidros das composições. A coisa não é barata!
Mas, pior que isso, é o perigo que estes atos podem originar a quem os pratica. Uma travagem brusca e repentina, e o desconhecimento do traçado, entre outras, podem originar quedas, algumas das quais podem ser fatais. Imagine-se algum pendura cair para a linha contrária e uma outra composição, o apanhar de repente?! Bonito, não é?É…é!
Metro do Porto em silêncio
O “Etc e Tal Jornal”, por email, contactou a Metro do Porto de modo a saber qual a sua posição sobre este (grave) assunto, mas, até ao fecho da presente edição, não nos foi dada qualquer resposta.
METRO DO PORTO ESCLARECE…
O “Etc e Tal Jornal”, depois de já publicada a presente edição, recebeu (03dez15) da Metro do Porto o seguinte esclarecimento/informação, a qual transcrevemos na íntegra:
“Exmo. Senhor,
Agradeço o seu email.
A verdade é que esta situação, claramente preocupante e naturalmente ilegal, tem sido objecto de acompanhamento e de acções concretas por parte do Metro do Porto, desde o início deste ano.
Dessa monitorização resulta uma redução substancial do número de casos de train-surfing, que são actualmente casos isolados. Continuamos, em todo o caso, a tomar todas as medidas ao nosso alcance no sentido de por termo a estas situações.
Os meus cumprimentos,
Jorge Morgado
Gabinete de Comunicação”
Texto 
Fotos: AA/PNS e JN
Fotomontagem: Pedro N Silva
01dez15