Vai já no segundo “episódio” o festival urbano NOVO – Mostra de música independente que tem como palco natural o Auditório da Casa do Povo de Ovar localizado no mesmo edifício em que estão instalados os estúdios da rádio AV-FM em que o mentor deste evento musical, Gil Godinho, é produtor e locutor do programa POPART.
Depois do primeiro “episódio”, que decorreu no dia 19 de outubro, com um concerto de Tracy Vandal, ex-Tiguana Bibles e Dj Set de Vitor Torpedo, “carismático guitarrista dos The Parkisins e dos míticos Tedio Boys ao lado de Paulo Furtado Aka The Legendary Tigerman, como destacou Gil Godinho, que menciona ainda que a produção do NOVO “é feita em parceria com o João Baptista da ANEXO 16 Studios e rádio AV-FM.
No dia 14 novembro, este Festival Urbano trouxe à cidade de Ovar “quatro propostas musicais imergentes no panorama musical nacional”, distribuídas por 2 concertos no período da tarde, e 2 concertos no período da noite, que levaram ao palco os Surma, Big Red Panda, Homem em Catarse e Madrasta.
Como sinopse deste projeto, os seus promotores enumeram fatores como: “A crise económica, o fenómeno da pirataria e o aparecimento de suportes alternativos ao disco, levou o mercado discográfico a uma situação limite. A consequente diminuição da venda de discos provocou uma redução, por parte das editoras, no investimento e na aposta em novas bandas fazendo com que estas e os músicos fiquem por sua conta e risco neste mercado altamente competitivo”.
Afirmam também, que, “Por paixão à música existem bandas e músicos que ainda assim acreditam, lutam, sonham e acabam por editar em nome próprio, as cada vez mais frequentes edições de autor”. Por isso, Gil Godinho, afirma que, “É com grande sentido de missão, no que toca à valorização e promoção da nova música portuguesa, que a Casa do Povo de Ovar em parceria com a radio AV-FM abre as suas portas ao que é NOVO”.
Entre os objetivos do NOVO na promoção de novos projetos, Gil destacou os seguintes:
Dar espaço para que os projetos musicais selecionados promovam e vendam os seus discos, criando desta forma uma interessante interação público/artistas; promover show cases, entrevistas e diretos na rádio AV-FM; promover contactos entre bandas, promotores, programadores culturais e proprietários de estabelecimentos comerciais que promovam ou queiram vir a promover espetáculos de música ao vivo.
Gil Godinho: “NÃO ACREDITO EM BANDAS LOCAIS… ACREDITO EM BANDAS!”
Das declarações de Gil Godinho ao “Etc e Tal Jornal”, deixamos aqui o essencial das suas opiniões.
Em linhas gerais, algumas ideias sobre o projeto “NOVO”?
“O NOVO – Mostra de musica independente nasce do sentido de missão que tenho enquanto produtor e locutor do programa POPART na radio AV-FM, de valorizar, promover e divulgar projetos imergente no panorama musical nacional.
Por outro lado, aproximar novos públicos a esta estação de radio e ao mesmo tempo dar vida a um espaço que considero magnífico e com um nome muito sugestivo, Casa do Povo de Ovar!
Que significado tem o Santa Camarão no cartaz do NOVO?
“Toda a linguagem gráfica do NOVO, ficou a cargo do jovem designer ovarense Pedro Petiz. A figura do “Santa Camarão”, personifica a luta que os músicos travam para entrar no circuito musical e chegar a editoras e produtoras.
Mesmo a construção de todo o cartaz, feita com colagens e escrito à mão, pretende também passar a ideia de ser feito com poucos recursos e que retrata a forma e os poucos recursos que os músicos possuem”.
A adesão das bandas e do público têm correspondido às espectativas do projeto?
“A adesão do público tem sido fantástica, têm vindo pela música. É muito interessante analisar o facto que nenhum projeto musical que passou pelo NOVO é conhecido, nem tao pouco de Ovar, e o público compareceu completamente disponível para ouvir e descobrir música nova”.
Que relação de convívio e encontro entre os participantes, procuram promover na Casa do Povo como palco dos eventos do projeto?
“ Um dos pontos que faz parte da nossa ideia é promover o contato direto entre público e artista, acredito que é uma enorme mais-valia, tanto para artista como para o público”.
Este projeto é o culminar ou a concretização (pelo menos da tua parte) de movimentos no âmbito das bandas locais em que estiveste envolvido há vários anos atrás?
“Eu não acredito em bandas locais, Acredito em bandas”.
O movimento das bandas em Ovar, que evolução acabou por ter, no teu ponto de vista?
“Na minha opinião, acho que perdem demasiado tempo e energia a tocar para amigos e encher egos!
A evolução passa por criar coisas novas e boas, se assim for tenho a certeza que rapidamente desaparece esta ideia pequenina de banda local e assumem de uma vez por todas que são uma banda nacional”.
Também no teu ponto de vista e como interessado pela área musical, que reflexos na consolidação de projetos de bandas tem tido o significativo êxodo de jovens portugueses para a imigração?
“Não consigo ter uma opinião muito bem formada sobre este assunto, porque maior parte dos casos que conheço, amigos músicos foram para fora em processo de aprendizagem.
Não conheço até ao momento, à exceção dos “Moonspell”, nenhum nome que tenha tido maior crescimento ou reconhecimento no estrangeiro que não o tivesse em Portugal”.
Texto e foto: José Lopes (*)
(*) Correspondente “Etc e Tal Jornal” em Ovar
01dez15