José Luís Montero
Peço desculpa. Mas a Península Ibérica manifesta-se como nos tempos medievais. O PS quando dias atrás pretendia formar governo apareceram-lhe diversos califas ou senhores de castelos e terras, devidamente propagandeados por jornais do pesebre ainda que importantes, com intenções de levantar barricadas contra o governo frentista.
Como estes pequenos califas da República eram personagens de fumo e não de argamassa, tiverem pouco êxito e o Costa logrou formar governo; meteu a Assembleia a trabalhar e a decidir no que lhe compete e agora, é caso para dizer, lá vão ou lá andam a fazer ou desfazer o que o duo operístico formado pelo Passos Coelho e o Paulo Portas desfizeram do chamado Estado Social tal como o SNS que ainda recentemente provocou uma morte no Hospital de São José de Lisboa.
Espanha, como nação vizinha, talvez irmã, mas, possivelmente só prima e parte importante da Península Ibérica para não ser menos já que tem muito mais terras; califados e senhorios de castelos também celebraram eleições legislativas (imagino que seria para a sede da vontade popular ainda que em Portugal, diziam os sábios, que os pactos saídos do Parlamento – da sede da vontade popular – rompiam a tradição…).
Se em Portugal o resultado foi uma geringonça, em Espanha foram, pelo menos, cinco geringonças e meia. O que consta pelos números diz-nos que os votantes recusaram o governo existente primo-irmão e cunhado do ex-governo português liderado pelo desidratado Passos Coelho. Então, neste momento, lindo momento das jacobinices de corredor alcatifado, começou a falar-se da possibilidade de imitar o exemplo português e organizar um governo frentista contra a austeridade.
Teoricamente e numericamente seria o líder do PSOE o indicado para tentar articular esse governo. Ah! Ai Deus e o Diabo!.. Os Assis e Cia da Espanha das Taifas e senhorios assentados nos seus castelos chamados Autonomias começaram a fazer contas pelos dedos e de cabeça… Não lhe saiam as contas porque somavam com o temor ao avanço dos tais partidos de novo cunho (não são tal; são centralistas e centralizadores como todos.) o líder do PSOE que parece um vendedor de bugigangas do Corte Inglês ou um bancário que veste numa das empresas do galego Amâncio Ortega para dar boa imagem aos novos-ricos e afins, começou a sentir o bafo na nuca procedente destes homólogos dos Assis & Cia que são um bocado mais que esta firma sociopolítica já que dominam califados e castelos.
Querem, estes democratas, congresso do PSOE. Querem impedir que o Parlamento Espanhol faça o seu trabalho; não desejam um governo frentista que nasça com a pretensão de restabelecer questões básicas do chamado Estado Social. Mas, se os califas do PSOE pretendem salvar as suas herdades políticas, o estético líder de Podemos lança como necessidade primeira e primária: Referendo em Catalunha…
Ou seja: a burguesia catalã, a mais ávida e avara de Espanha, lança num momento de grave crise social, um problema patriótico onde os paladins da tal suposta Pátria catalã estão metidos nas notícias mais escandalosas de corrupção existente em Espanha e chega o partido de novo cunho Podemos, liderado pelo estético Pablo Iglésias, e faz da questão catalã pedra básica e fundamental nas negociações.
E eu, com um sorriso no canto da boca, olho para as suas fotografias ou para a sua charlatanaria televisiva e penso: o novo cunho partidário continua a passar por onde passaram todos os outros novos cunhos do passado: pelo interesse da burguesia catalã.
Enquanto a tal burguesia que tem uma história para lamentar entretém com pátrias, como ideias primárias, adormece-se a tradição que dominou Catalunha durante o século XX: o sindicalismo revolucionário; o velho e atual anarco-sindicalismo. Realmente, vivemos uma época de crise dramática e trágica que pretendem tapar, custe o que custar, com geringonças politico-ideológicas. No entanto, o drama vive-se na rua e nenhuma televisão o pode tapar; a tragédia vive-se nos hospitais e o Hospital de São José é só um exemplo.
O drama sarcástico vive-se quando se escutam eruditos a falar do salário mínimo e os pragmáticos da falar do Banif. Pena… Tristeza; banditismo intelectual das árvores do Poder que choram dois euros, mas, elevam ao pedestal de decisão sábia e necessária a salvação do sistema bancário (como dizem).
A fome do desfavorecido pode cair sobre levas enormes de cidadãos, no entanto, os buracos dos Bancos não pode cair sobre meia dúzia de especuladores financeiros. Tristeza; imoralidade; desidratados intelectuais.
Fotos: Pesquisa Google
01jan16
Estes dois parágrafos finais encheram-me a alma! Obrigado! “O drama sarcástico vive-se quando se escutam eruditos a falar do salário mínimo e os pragmáticos da falar do Banif. Pena… Tristeza; banditismo intelectual das árvores do Poder que choram dois euros, mas, elevam ao pedestal de decisão sábia e necessária a salvação do sistema bancário (como dizem).
A fome do desfavorecido pode cair sobre levas enormes de cidadãos, no entanto, os buracos dos Bancos não pode cair sobre meia dúzia de especuladores financeiros. Tristeza; imoralidade; desidratados intelectuais”.
não temos políticos, temos comissionistas das corporações , a guerra actualmente é entre os que estão a receber a comissão e os que querem o lugar