Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“Os nomes de Monte da Bela e de Alto da Bela poderiam facilmente sugerir que noutro tempo ali tivesse vivido formosa donzela, e que a beleza desta ficasse perpetuada no local. Mas esta etimologia simplista, e de sabor de certo modo romântico, não corresponde à realidade.
O Sr. P.e Domingos Moreira aponta outra explicação, que inteiramente partilhamos, a propósito de topónimos semelhantes, Alto da Bela, em Águas Santas, e S. Pedro de Fins; Monte da Bela, no Alto da Maia.
Como defesa contra ataques inimigos, designadamente contra os vindos do mar, construíram-se atalaias ou torres, onde de noite se acendiam fogos e de dia fumaças , permitindo assim que se avisassem umas às outras.
Um documento de 1484, divulgado pelo P.e Agostinho de Azevedo, relativo à atalaia do Monte de S. Gens, manda os moradores do Julgado irem fazer “a dita vela”. “E com esta acção de velar, vigiar, ou de fazer vela (vigia) se devem relacionar os topónimos”, concluiu o Sr. P.e Domingos Moreira.

E em reforço desta opinião, esclarecemos que estes Monte da Bela e Alto da Bela, de Campanhã, se denominavam “Outeiro da Vela”, que encontramos em registo paroquial de 1660. Era um dos 29 lugares da freguesia, mencionados pelo P.e Luís Cardoso, no seu Dicionário Geográfico, em 1752; e em 1782 regista-se como Aldeia do Outeiro da Vela. Topónimo este hoje desaparecido, mas que figura ainda no Roteiro de 1895, com a designação de Outeiro da Bela.”
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 9-7-1975
Foto: Pesquisa Google
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01fev16