Miguel Correia
Um primo afastado do José Santos, cujo contacto se tinha perdido com o tempo, acabara de falecer. A triste notícia foi publicada no Facebook. Confesso que encontro aqui uma grande lacuna. Acaba por ser irónico colocar “gosto” numa publicação com este teor. Parece que ficamos eufóricos com tal notícia! “O estupor finalmente sucumbiu! Ah! Ah! Ah!”.
A cerimónia religiosa seria na Igreja de Mafamude, Vila Nova Gaia. Por respeito à família resolveu marcar presença para prestar uma última homenagem ao defunto. Confiante nas novas tecnologias, seguiu viagem acreditando, cegamente, nas instruções do telemóvel que também funciona como GPS. Sem sobressaltos chegou à referida igreja, preparando-se para entrar e enfrentar uma pequena multidão, de ilustres desconhecidos, em redor do caixão e seus olhares ferozes e penetrantes perante a chegada de um forasteiro!
Dentro da capela um silêncio digno do local em questão. Aproximou-se. Quando se preparava para depositar o ramo de flores, a quietude da capela foi, subitamente, interrompida por uma voz de mulher, com um tom suave mas bastante determinado, que causou espanto a todos os presentes: “Chegou ao seu destino!”. Repetiu.
Completamente envergonhado e sem saber que fazer, para tentar justificar o momento constrangedor, saiu da capela a correr! E ainda hoje recusa lá voltar! Pelo menos com o telemóvel.
01fev16