Fernanda Ferreira (*)
Saudando todos os leitores, retomo os Temas de Medicina com um problema frequente e de que toda a gente fala mas que é pouco compreendido
Utilizei esta imagem que mostra o aparelho respiratório, para explicar resumidamente como funciona.
O ar inspirado deve entrar pelo nariz para que as partículas de impurezas fiquem retidas nos pelos que lá existem e ainda para ser aquecido antes de entrar no resto das vias respiratórias.
Segue pela faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e, finalmente chega aos alvéolos pulmonares, onde, se o Oxigénio do ar passa para os Glóbulos Vermelhos do sangue capilar e o sangue venoso liberta aí o Dióxido de Carbono, que será expulso pela expiração, fazendo o percurso inverso, isto é, dos alvéolos para os bronquíolos, depois para os brônquios, traqueia, laringe, faringe e deve sair pela boca.
Este processo depende de uma região do cérebro chamada Centro Respiratório e que é acionado pela elevação do Dióxido de Carbono do sangue, depende também dos músculos torácicos e músculos abdominais que, pela diferença de pressões entre a cavidade abdominal e a cavidade torácica são responsável por que haja inspiração e expiração, com a ajuda do diafragma, que é a membrana que separa o tórax do abdómen.
Após esta pequena explicação poderão compreender o porquê dos fenómenos de roncopatia e apneia do sono.
O ressonar é o ruído feito ao respirar, quando o ar passa por uma zona estreita devido a desvio do septo nasal, aumento de volume da língua, das amígdalas, úvula ou das adenoides (nas crianças), aumento de volume dos tecidos moles do palato e faringe, ou alteração da sua elasticidade.
Na apneia do sono além disto, há fenómeno de pausas respiratórias, mais ou menos prolongadas, que são corrigidas pela ação do centro respiratório ao aperceber-se que os níveis de Dióxido de Carbono aumentaram.
A apneia de sono é uma situação preocupante porque…
Provoca sono não reparador com consequente aumento exagerado do sono durante o dia e que pode resultar em acidentes de viação ou de trabalho.
– Provoca perturbações de memória.
– São, praticamente, diárias as queixas de dores de cabeça.
– Interfere no sono da(a) companheira(o).
– Pode provocar hipertensão.
– Pode provocar enfarte do miocárdio.
– Aumenta muito o risco de arritmias cardíacas.
– Pode ser causa de Acidente Vascular Cerebral (AVC) .
Estes riscos são aumentados se o utente já é hipertenso, diabético
Para diminuir o risco de ter roncopatia, deve…
…evitar dormir em decúbito dorsal (dormir de “ barriga para o ar”).
– Colocar bolas de ténis numa bolsa de tela que será fixada a roupa com que dorme.
– Elevar a cabeceira da cama em cerca de 45º.
– Evitar o álcool à noite porque tem a ação de relaxar os músculos da faringe (além de roncopatia,agrava o risco de apneia).
– Não devem tomar indutores de sono (remédios para dormir)
– Evitar fumar porque o tabaco torna as vias respiratórias mais secas e irritadas.
– Se tem peso excessivo ou é obeso ou tem um abdómenmuito volumoso, deve tentar perder peso.
– Fazer exercício físico regular (de preferência caminhadas).
– Evitar fazer refeições demasiado abundantes à noite.
– Tratar as rinites, sinusites.
O tratamento deve ser escolhido após exames que o doente deverá fazer, incluindo um estudo do sono em unidade especializada para isso.
Pode ser necessário o tratamento cirúrgico ou o uso de CPAP, que são aparelhos equipados de uma máscara, usados durante o sono, forçando o fluxo respiratório quando este está comprometido, mas os cuidados acima descritos não devem ser descurados porque ajudam.
Espero ter sido útil com esta resumida explicação, e despeço-me até à próxima edição do jornal.
Foto: Pesquisa Google
(*)Licenciada em Medicina pela Faculdade do Porto, HSJ. Assistente Graduada em Medicina Geral e Familiar
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