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FANTASPORTO – QUALIDADE E ORIGINALIDADE MARCARAM 37.ª EDIÇÃO DO FESTIVAL E… JÁ SE FALA NA 38.ª!

Texto: Cátia Cruz

Fotos: Pedro N. Silva

Na noite do passado dia 4 de Março de 2017 teve lugar a sessão de entrega de prémios da 37ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto – Fantasporto. A sessão arrancou com um pequeno vídeo com testemunhos de diversas personalidades do cinema que marcaram presença no festival.

Estes profissionais destacaram, essencialmente, a qualidade e a originalidade das diversas películas exibidas nestas últimas duas semanas. Palavras como “fantástico”, “único” e “vanguardista” foram as mais escolhidas para caracterizar esta 37ª edição do festival.

fantas - 2017 - 01

O primeiro galardão atribuído foi o Prémio Fantasporto 2017 à artista plástica Catarina Machado, cuja exposição esteve patente ao longo de todo o festival.

Quanto aos prémios de cinema, o destaque foi para o filme espanhol “ReAlive”, de Mateo Gil, grande vencedor da Secção Oficial de Cinema Fantástico da edição de 2017, recebendo também o Prémio de Melhor Argumento neste segmento.

O Prémio Especial do Júri do Cinema Fantástico, bem como o Prémio do Público foram ambos atribuídos à película “Saving Sally”, uma coprodução franco-filipina da autoria de Avid Liongoren.

Catarina Machado
Catarina Machado
Jamie Patterson
Jamie Patterson
Suzie Halewood
Suzie Halewood

Ainda na secção de competição fantástica, Catherine Walker foi a vencedora do Prémio de Melhor Atriz pelo seu papel em “A Dark Song”. Liam Gavin recebeu o Prémio de Melhor Realizador pelo mesmo filme. O autor ficou bastante sensibilizado, referindo que “é verdadeiramente extraordinário” ser reconhecido desta forma.

No que diz respeito ao Prémio de Melhor Ator, este foi conferido ao americano Frederick Koehler, que protagoniza “The Evil Within” do seu conterrâneo Andrew Getty.

The Darkest Dawn”, do britânico Drew Casson, foi a longa-metragem galardoada na categoria de Melhores Efeitos Visuais.

fantas - politecnico

Tomás Andrade e Sousa
Tomás Andrade e Sousa
Liam Gavin
Liam Gavin

Houve também lugar a uma Menção Especial atribuída ao filme brasileiro “A Repartição do Tempo” de Santiago Dellape, que declarou que o festival é “muito conceituado”, tendo também desejado “vida longa ao Fantasporto”.

Cenizo”, película do espanhol Jon Mikel Caballero, recebeu o último prémio desta categoria: Melhor Curta-metragem.

O Prémio da Crítica foi atribuído em ex-áqueo às películas britânicas “Division 19” de Suzie Halewood e “Caught” de Jamie Patterson. Suzie Halewood agradeceu o prémio, afirmando que “sem festivais destes, os filmes independentes não têm qualquer oportunidade”.

Relativamente aos Prémios da Semana dos Realizadores, o cinema filipino sagrou-se vencedor do Melhor Filme com “Pamilya Ordinaryo” de Eduardo W. Roy Jr., tendo inclusive recebido também o Prémio Manoel de Oliveira e o Prémio de Melhor Atriz, na pessoa de Hasmine Kilip. Este reconhecimento foi atribuído em ex-áqueo à atriz Nahed El Sebaï pela sua participação no egípcio “Sins of the Flesh”, película também vencedora do Prémio Especial do Júri.

Nahed El Sebai
Nahed El Sebai
Glória Perez e Mariana Ximenes
Glória Perez e Mariana Ximenes
Mariana Ximenes
Mariana Ximenes

O Prémio para o Melhor Ator foi conquistado pelo sul-coreano Park Ji-Il, pela sua interpretação em “The Net”, de Kim Ki Duk.

O também sul-coreano e premiado Kim Jee-Woon recebeu o prémio de Melhor Realizador por “The Age of Shadows”.

A categoria de Melhor Argumento foi para as mãos de Iván Szabó e Roland Vranik, autores do filme húngaro “The Citizen”.

Na secção de Prémios Orient Express, o grande vencedor foi o já galardoado sul-coreano Kim Ki Duk com o filme “The Net”.

Por sua vez, o Prémio Especial do Júri foi atribuído a “Dearest Sister”, filme de estreia do Laos da autoria de Mattie Do.

Saving Sally” foi ainda referenciado nesta secção numa Menção Especial pela técnica utilizada e pela direção artística.

Quanto aos Prémios do Cinema Português, competição que vai já no quinto ano consecutivo, o filme “Refúgio Azul”, de João Lourenço, foi o grande vencedor.

Instituto Politécnico do Porto em destaque

O Instituto Politécnico do Porto recebeu o Prémio de Melhor Escola de Cinema. O professor Nuno Tudela representou este estabelecimento universitário e destacou o orgulho que sente com esta distinção, atribuída pelo segundo ano consecutivo, agradecendo ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e aos seus alunos, realçando que “o prémio é especialmente para eles”.

Foi atribuída ainda uma Menção Honrosa para a criatividade de um filme de escola à película “Schlbolski”, de Tomás Andrade e Sousa, aluno da Escola de Tecnologias Inovação e Criação (ETIC) de Lisboa, que salientou que “é uma motivação receber este prémio”.

No segmento de prémios especiais, a TV Globo recebeu o Prémio Fantasporto 2017 como reconhecimento pela sua importância no mundo do audiovisual. A Ricardo Pereira foi atribuído o prémio enquanto diretor da TV Globo Portugal, referindo que “participar num festival como esse é cada vez mais uma demonstração que televisão não é mais uma caixa, um eletrodoméstico, mas é cada vez mais o conteúdo que está dentro do ecrã. Deu ainda especial destaque às três séries brasileiras que participaram no festival, na medida em que “demonstram a variedade de produção que os estúdios Globo do Brasil tem hoje em dia, que vai desde programação infantil até séries e programas fantásticos”.

Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ate de Jong
Ate de Jong

A atriz Mariana Ximenes representou a TV Globo Brasil e deu os parabéns à organização do festival Fantasporto pela “diversidade de países e géneros de cinema”, apelando também que no futuro se continue a desenvolver “mais diálogos como este”.

Finalmente, os Prémios Carreira foram atribuídos à famosa argumentista de televisão brasileira e vencedora de um Emmy, Glória Perez e ao realizador holandês Ate de Jong, autor do filme de culto dos anos 90 “Drop Dead Fred”.

Glória Perez declarou que “é uma honra muito grande estar aqui, compartilhando e celebrando com vocês este encontro entre criadores de países tão diferentes”. Por sua vez, Ate de Jong afirmou que “uma pessoa não faz filmes pelos prémios, mas sabe muito bem recebê-los” e que “é uma honra fazer parte da família do Fantasporto”, tendo também referido que “o prémio pertence a todos os realizadores na plateia”, pois “realizar filmes é uma batalha árdua”.

A cerimónia de entrega de prémios da 37.ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto – Fantasporto encerrou com as palavras do seu director, Mário Dorminsky. “Honramos a cidade e a cultura portuguesa com este festival” referiu. Salientou ainda a grande cobertura mediática desta 37.ª edição do festival e a forte adesão do público, uma vez que “em tempo de recessão económica, o público voltou a aderir ao Fantas”. Por fim, apelou a que os convidados estrangeiros sejam “os nossos embaixadores nos vossos países”.

CURTAS

fantas - gloria perez

Gloria Perez: Fantasporto está de parabéns pela qualidade e diversidade dos filmes…

O que achou desta edição do Fantasporto?

“Eu não tive oportunidade de ver todos os filmes, mas acho que o Fantasporto está de parabéns pela qualidade e diversidade dos filmes apresentados”.

Quais são os seus planos para o futuro?

“Estou trabalhando numa nova novela, que vai estrear brevemente. Chama-se “A Força do Querer”. Essa novela vai falar sobre transexualidade. Eu gosto de trazer temas polémicos para as minhas novelas, porque são assuntos que devem ser abordados pela sociedade de forma a desmistificá-los, criando uma sociedade mais tolerante”.

Como encara a parceria entre Portugal e o Brasil com a presença da TV Globo no festival?

“Acho muito importante esta parceria pela troca de ideias e conhecimentos entre pessoas de países diferentes. Vai enriquecer o nosso trabalho”.

fantas - ate de jong

Ate de Jong: “Fiquei fascinado!

O que achou desta edição do Fantasporto?

“Infelizmente, não pude ver todos os filmes exibidos. Mas claramente é de salientar é a diversidade e originalidade dos filmes deste festival. Fiquei fascinado!”

E quais são os seus planos para o futuro?

“Já estou a trabalhar no meu novo filme, mas ainda está numa fase embrionária. O filme retrata uma viagem pelo nosso próprio cérebro e os mistérios que vamos lá descobrindo. Penso que será um filme interessante”.

fantas- mario dorminsky

Mário Dorminsky (Diretor do “Fantas”): “Se o país continuar assim, não espero mais apoios no próximo ano…

O que achou desta edição do festival?

“Penso que foi uma edição normal, dentro daquilo que é o Fantasporto, mas com melhores filmes, pois havia filmes produzidos a nível mundial e também filmes mais atrativos. A questão fundamental este ano é que houve uma maior adesão do público, mais público jovem que começa a saber que existe o Fantasporto. As pessoas de uma certa geração sabem o que é o Fantasporto, aqueles com 40 anos ou mais. E há ali uma faixa intermédia, abaixo dos 40, que não sabe, nunca se interessou, porque já entraram na fase em que só existe os filmes que passam na televisão ou que veem no computador. Isso é que é o audiovisual na perspetiva de uma percentagem larguíssima do público mais jovem e universitário.

Vê-se mais cinema hoje em dia, mas não se vê cinema nas salas de cinema. E o cinema que se vê é mais alternativo em relação ao cinema comercial que passam nas salas de cinema comercial. Mas, esse cinema alternativo existe precisamente nos festivais. E os festivais servem para isso, para criar a alternativa ao circuito comercial. E isso é o que acontece aqui no Fantasporto.

Relativamente à presença da TV Globo este ano no Fantasporto, considera que foi uma próxima etapa que o festival alcançou?

“Não. Penso que é perfeitamente normal. Nós já vínhamos exibindo filmes produzidos pela TV Globo. Agora, a questão é que nós escolhemos séries e não as tradicionais novelas conhecidas do público. A série é diferente. A série já é uma parte do cinema, pois é filmada de uma forma completamente diferente. O grande plano já não é tão importante. O trabalho nas séries está mais ligado ao cinema e nesse aspeto eu creio que beneficiou ligeiramente a parte promocional do festival com a vinda das pessoas (a guionista Glória Perez e atriz Mariana Ximenes)”.

Espera mais apoios para 2018?

“Não. Se o país continuar assim, não. O que há é aquilo que eu chamo “regresso à Idade Média”, ou seja, a troca de produtos. “Tu dás-me maçãs, eu dou-te cebolas, porque eu produzo as cebolas e tu produzes as maçãs.” Connosco é muito semelhante. Nós precisamos de determinadas coisas de determinadas áreas e vamos negociar com eles, ver o que podemos dar para ver o que eles nos podem dar a nós. E com isto vamos baixando preços. Conseguimos fazer um festival que chegou a custar um milhão de euros e agora está a cerca de um terço ou até mesmo um quarto desse valor. Mas isso implica também aproveitar o potencial do festival para promover a cidade do Porto. Nós fazemos isso.

Sem ninguém saber, nós aparecemos como elementos importantes para que a cidade tenha determinada imagem. Mas somos nós. Não há ninguém a ajudar-nos, e isso é para mim o pior na cultura. Infelizmente, o mesmo aconteceu com outros festivais que surgiram no Porto pós 25 de Abril, como o Festival Intercéltico, o Festival de Jazz, o de Blues, de Piano, etc. Desapareceu tudo por falta de apoio.”

E, agora, até ao ano…

fantas - 2018

06mar17

 

 

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