Quarenta e três anos depois da Revolução de Abril, é com preocupação que ainda ouço tiradas, frases, ou comentários exploradores da liberdade de expressão. A libertinagem que se registou, em março, no nosso País, passou fronteiras e chegou a uma “ave-rara” holandesa. E temos nós que aturar isto, sem que os autores dessas frases sejam, de algum modo, chamados à atenção pelas suas poucas-vergonhas verbais…
“Quem pede também tem obrigações. Não se pode gastar o dinheiro em álcool e mulheres e, de seguida, pedir para ser ajudado”.
Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo e (ainda) ministro das Finanças da Holanda, referindo-se aos países do Sul da Europa.
“Agora basta ser-se preto ou gay para ganhar Óscares”.
João Braga. Fadista.
…mas, como se não chegasse a pouca-vergonha de algumas reações de gente “celebre”, outros utilizaram o “mau-cheiro” e a bosta, como arma de arremesso…
“Bardamerda para todos aqueles que não são do Sporting Clube de Portugal”.
Bruno Carvalho. Presidente do clube de Alvalade (Lisboa).
“Tentei limpar a porcaria toda que os socialistas fizeram”.
Pedro Passos Coelho, líder do PSD.
… agora, falando sério, ou pelo menos, com consideração por quem os ouve ou lê, seguem-se citações informativas algo preocupantes…
“Há um milhão e 300 mil processos pendentes nos tribunais portugueses, sendo que, desses, 790 mil são execuções de empresas e particulares, representando 70 por cento do total de processos”.
Francisca Van Dunem, ministra da Justiça.
“Portugal está hoje numa situação que não tem sentido, porque não tem nenhuma possibilidade de sustentar os juros da dívida. Estão a pedir a Portugal que responda à dívida que foi acumulada pelo aumento dos juros, com uma política que nenhum outro país conseguiu fazer”.
Francisco Louçã, conselheiro de Estado.
… a Justica ou a injustiça voltou à baila durante o passado mês de março. A série “Sócrates/Marquês” voltou a bater recordes de audiência e “longevidade”, deve já ir no milésimo sétimo episódio. Será que daqui a uma década ainda estaremos a falar sobre o assunto?…
“O prazo de 17 de março é mesmo para cumprir, apesar da data ser inicialmente meramente indicativa”.
Joana Marques Vidal, Procuradora-Geral da República, à comunicação social, sobre o processo relativo ao “Caso Sócrates”, duas semanas antes do dia 17 de março.
“O pedido de prorrogação do prazo concedido para a conclusão da investigação (Caso Sócrates) e da redação do despacho final mostra-se justificado e deverá ser atendido“.
Idem, a 17 de março de 2017
“Tem-se dito muito que se não for deduzida acusação, ou se, sendo-o, Sócrates não for condenado, isso é o desprestígio completo do MP e da Justiça portuguesa. Não é verdade”.
José Carlos de Vasconcelos, jornalista, in “Visão” (23mar17)
… e, eis, uma recomendação…
“Os advogados não devem ser deputados”.
José Magalhães, ex-deputado do Partido Socialista, ao “I”.
… recomendações e Justiça à parte, os episódios deste mês centram-se, agora, em mais biográfica “lavagem”…
“Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva, mas não foi uma decisão ‘ad hominem’. Ninguém gosta de dissolver o parlamento e eu tomei essa decisão em pouco mais de 48 horas. Hoje faria o mesmo, porque era preciso”.
Jorge Sampaio, antigo Presidente da República, na sua biografia.
“Na democracia, naturalmente, nesse plano dos programas e das ideologias, há tantas verdades quanto as crenças e as convicções de cada um. Mas o problema é que a liberdade de expressão, quando as pessoas não têm escrúpulos nem boa formação moral, leva-as a construir a sua própria verdade e tornam-se também peritas em tentar recriar a história”.
Santana Lopes (ex-primeiro-ministro) sobre Jorge Sampaio (ex-Presidente da república).
… e de um arrependimento/aviso…
“Não votarei em Passos”.
Mauro Xavier, líder do PSD/Lisboa ao “Expresso”.
… para finalizar. Riamo-nos um pouco com os “entões” da moda. Atenção que, hoje (01abr17) é Dia das Mentiras! Até maio… portem-se mal.
“O fenómeno da multiplicação de entões costuma verificar-se principalmente em diretos informativos. Funciona assim: “Estamos então aqui onde foi então cometido o homicídio, eram então duas e meia da tarde. Tenho então junto a mim o sargento Fernandes, que é então o comandante do posto da GNR que fica então mais próximo deste local”.
Ricardo Araújo Pereira, in “Boca do Inferno” (Visão), 22mar17.
Texto: Adi
Figuras: Pesquisa Google
PS: Parte das citações acima foram “roubadas” à revista “Visão”. Parabéns “Visão” pelos 24 anos de existência.
Não resisto a deixar-vos, para despedida, esta foto que a “Visão” publicou, recentemente, online. Bom mês…
01abr17