Contrariando os prognósticos mais negros, Emmanuel Macron será o próximo presidente da República Francesa. O LIVRE congratula-se com esta vitória que é, em primeiro lugar, uma derrota da xenofobia, do nacionalismo e do racismo representado pelo projeto de Marine Le Pen. Embora não se tendo verificado, à semelhança de eleições anteriores, uma frente republicana contra a extrema-direita, Macron conseguiu um resultado muito positivo, apoiado por votantes de origens heterogéneas, da esquerda à direita.
Bloqueado o acesso ao poder à extrema-direita, é chegada a hora de construir mais e melhor democracia em França e na Europa. O LIVRE espera que Emmanuel Macron possa desempenhar esse trabalho, afirmando-se como um elemento da crucial democratização da União Europeia, apresentado alternativas ao projeto austeritário que se tem afirmado como hegemónico ao longo dos últimos anos.
A urgência social e ecológica obriga a implementar um processo de globalização justo e em que ninguém seja deixado para trás. Face a estes problemas globais, exigem-se respostas globais; é portanto crucial a colaboração inter-estatal e, a nível europeu, o aprofundar das relações entre os Estados-Membros e, acima de tudo, a maior democratização das instituições europeias. Todos os cidadãos europeus podem ser, e devem ser, agentes de pleno direito nessa democracia europeia a construir.
Se Emmanuel Macron assumir essa luta, em conjunto com outros líderes europeus, será possível renovar o projeto europeu. As consequências de não o fazer serão graves para todos nós, contribuindo para o crescimento da raiva popular e, muito provavelmente, para o aumento do apoio a projetos de extrema-direita. A melhor forma de evitar o crescimento das forças nacionalistas e xenófobas terá pois que passar por maior proteção social, maior proteção ambiental e por um combate sem descanso às desigualdades económicas. Esperemos que o novo presidente da República Francesa esteja à altura do desafio.
Pelo nosso lado, o LIVRE continuará, à sua medida, a responder a outro desafio, aquele que reforça o papel da esquerda nos atuais desafios de Portugal e da Europa. Tal como nos opomos à ideia de que a esquerda se deva remeter a uma atitude de oposição ao projeto europeu, opomo-nos a qualquer ideia de que, com a vitória de Macron, fosse a própria ideia de esquerda que estivesse ultrapassada. É nossa profunda convicção que a esquerda precisa de integrar plenamente a dimensão europeia e cosmopolita no seu programa, como aliás sempre fez parte da sua história. Da mesma forma, é nossa profunda convicção que uma UE que fosse apenas objeto de programa político por parte das forças do “centrão” político estaria condenada a definhar. É nesse duplo projeto combativo e idealista de uma esquerda verde e europeísta que nos encontrarão, como sempre, empenhados.
Texto: LIVRE
08mai17