O Pavilhão Rosa Mota/Palácio de Cristal (PRM/PC) vai sofrer obras de requalificação e beneficiação já a partir do próximo mês de outubro, estando prevista a conclusão, daquela que é já considerada uma “revolução” na infraestrutura, para 2019.
A intervenção será da inteira responsabilidade do consórcio “Porto Cem Porcento Porto”, formado pelas empresas “Lucios/Grupo Azevedos” (engenharia e construção); PEV-Entertainment e “Oliveira Santos – Consultores” (ambas para a promoção e organização de eventos) e está orçada em cerca de oito milhões de euros.
O projeto foi apresentado, em conferência de imprensa, realizada no passado dia 19 de julho, no piso 1, do Pavilhão Rosa Mota.
Depois de alguns contratempos ou “vicissitudes”, como fez questão de frisar o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, o Pavilhão Rosa Mota/Palácio de Cristal (PRM/PC) vai, finalmente, sofrer uma profunda intervenção interne e externa, confinada a mesma ao espaço que ocupa a atual infraestrutura.
Eventos desportivos e musicais, congressos, feiras e exposições terão, a partir de 2019, um espaço de excelência na cidade do Porto, integrado o mesmo nos jardins do Palácio de Cristal que sofrerão também algumas intervenções por parte da autarquia, no que concerne ao património ambiental, de lazer e à mobilidade e aproximação da área ao centro da cidade, num investimento autárquico de 1,3 milhões de euros.
De salientar que a concessão do PRM/PC representa um encaixe para a Câmara Municipal do Porto de quatro milhões de euros, devido ao pagamento de uma renda mensal de 20 mil euros, atualizada à taxa de inflação pelo período de exploração. Refira-se ainda que este projeto de requalificação e reabilitação respeita na íntegra a arquitetura exterior do pavilhão, com desenho do arquiteto José Carlos Oliveira, que data de há 60 anos.
Jorge Silva (PEV Entertnainment): “O Porto necessita deste espaço com nova versatilidade”
“Este consórcio (Porto Cem Porcento Porto) é formado por pessoas e empresas do Norte e tem como objetivo, de momento, levar a cabo a revitalização do Pavilhão Rosa Mota/Palácio de Cristal”, começou por dizer Jorge Silva referiu que a “Lucios” (50 por cento do capital), é uma empresa que “garante a capacidade de reconstrução, sendo já uma referência na área do turismo e pré-construção”.
“Já a PEV (40 por cento do capital)”, continuou, “é uma empresa destinada à promoção e organização de eventos que se irão concretizar no recinto, dando, desse modo, continuidade ao espaço com atividades específicas, o mesmo acontecendo com a “Oliveira Santos Consultores” (10 por cento do capital)” que também tem experiência nesse tipo de organização.”
Para o responsável da Lucios, “o Porto necessita deste espaço com uma nova versatilidade, sendo um ponto de ligação à baixa da cidade, e, assim, fundamental para turistas e congressistas. Esta será uma sala onde tudo será congregado”.
Relativamente à programação, Jorge Silva garantiu que “ela não será alheia a toda a atividade cultural do Porto, do Norte e do País e até mesmo do estrangeiro. Este espaço será uma ponte com a Alfândega, com o Coliseu e com as instituições e associações com intervenção cultural no Porto. Mas, será também um local pronto para receber feiras, seminários, exposições, reuniões, convenções e congressos internacionais, assim como eventos desportivos de projeção internacional, com destaque para o hóquei em patins ou o basquetebol”.
Lotações máximas e imagens do “futuro”



No que concerne à lotação máxima no piso 1 (onde se encontra o rinque) para as três vertentes de atividades que o PRM/PC poderá acolher, saiba que para Congressos é de 4.727 pessoas; para eventos desportivos, de 5.580 e para espetáculos, de 8.660 almas. Nas imagens puderam ver como irá ficar o PRM/PC daqui a dois anos.
Filipe Azevedo (administrador da “Lucios”): “Queremos um espaço com segurança e conforto”
Filipe Azevedo, administrador da “Lucios”, deu, por seu turno, pormenores muito concretos acerca das transformações a que o PRM/PC vai ser sujeito.
“As obras que vão ter início em outubro de 2017 e estão previstas para estarem concluídas em maio de 2019, começam por uma intervenção no piso zero – por debaixo da “sala” de onde nos encontramos -, onde vão ser criadas várias salas de apoio às atividades, com capacidade para 1.400 lugares. Nessa área serão construídos balneários, vestiários e camarins e uma zona de restauração”, começou por especificar Filipe Azevedo.
Já em relação “ao piso 1 – onde nos encontramos (onde se encontra o ringue) – serão criadas bancadas rebatíveis, criando um amplo espaço para que possa haver atividades todos os dias; ou seja para que haja uma utilização máxima deste espaço” De acordo com o administrador da “Liucios”, “a acústica como a climatização” serão duas questões a ter em conta”, realçando, uma vez mais a utilidade das bancadas serem rebatíveis, facto que “criará neste piso (1) um espaço livre de cerca 2.370 metros quadrados, muito útil para feiras e exposições, mas não só”.
De referir ainda que as “janelinhas” que se encontram no “telhado” do PRM/PC estarão abertas ou fechadas conforme as necessidades dos eventos, sendo criando um automatismo para cada uma delas a funcionar no interior de edifício.
“Queremos que este espaço tenha toda a segurança e conforto, isto numa obra em que tudo será novo, excetuando, somente, a estrutura de betão que existe”.
Rui Moreira: “Depois de muitas vicissitudes chegou o momento para podermos avançar!”
A finalizar o encontro com a comunicação social, Rui Moreira recordou que “encontramos o Pavilhão Rosa Mota nesta situação há quatro anos. Não vale a pena voltar atrás! Havia, nessa altura, um projeto muito diferente do que hoje apresentamos, o qual ia ocupar parte significativa do jardim, indo ocupar parte do lago, o que nada tinha a ver com o nosso desejo de manter e valorizar os jardins do Palácio”.
“Este projeto enfrentou diversas vicissitudes legais e pressões políticas, como o aparecimento até de emails anónimos, que me recuso comentar. Foram coisas lamentáveis! Mas, agora, chegou o momento para podermos avançar”, disse ainda o edil portuense, que enfatizou o facto de este ser um “projeto fantástico”, assegurando o “concurso, que já foi lançado, para permitir ligações suaves entre este equipamento e o da Alfândega”, salientando ainda, o anúncio da Metro do Porto em criar duas estações “nas proximidades” do futuro multiusos.
“Estamos no local mais debatido da cidade. Primeiro aquando da construção do Palácio de Cristal; depois pela sua demolição, e, por último, com a discussão sobre a construção desta infraestrutura, que parece um disco voador aqui pousado; um projeto que tem 60 anos, encontrando-se vivo o seu autor, o arquiteto José Carlos Oliveira”, referiu Rui Moreira.
E, pronto. Pronto esperemos que esteja, daqui a dois anos, o novo “Rosa Mota”. Os dados estão lançados; as obras prontas para arrancar. A cidade, o Norte e o país aguardam por um espaço notável, que não chegará a tempo de receber, por exemplo, o EuroFestival da Canção…
Texto: José Gonçalves
Fotos: Pedro Nuno Silva
01ago17
Uma rectificação, o arquitecto que projectou o Pav. dos Desportos em 1952 chama-se José Carlos Loureiro e não José Carlos Oliveira, como terá sido dito por Rui Moreira. E também um esclarecimento. O anterior projecto do consórcio AEP/Parque Expo/Pavilhão Atlântico com financiamento da Câmara do Porto, também era da autoria de José Carlos Loureiro e custou mais de um milhão de euros (só o projecto). Mas nunca chegou a ser concretizado, até porque ao pretender fazer construções nos jardins e outra área verde envolvente do Pav., violava o PDM do Porto. Por isso, muitos milhares de pessoas assinaram uma petição para um referendo local com a pergunta: “Concorda ou não com a construção nos jardins do Palácio para um centro de congressos ?”. E o desperdício de um milhão de euros não teve responsáveis políticos …