José Lopes
Uma das medidas do governo de direita que quis ir para além das exigências da troika, passou então por decretar o pagamento do subsídio de Natal aos trabalhadores e pensionistas em duodécimos. Um dos vários direitos postos em causa, por políticas de austeridade que, neste caso dos duodécimos, ainda procuraram criar a ilusão de proporcionar mais rendimento mensal para amortecer as consequências económicas e sociais resultantes dos cortes salariais impostos por uma governação que preferiu o caminho do empobrecimento do pais e das famílias.
Ultrapassado o ciclo de uma tal governação que arrastou o país para uma inquietante recessão económica e deixou os trabalhadores e pensionistas com menores rendimentos, um caminho alternativo foi assumido por uma nova conjuntura politica, que resultou numa maioria parlamentar à esquerda, que viabiliza o atual governo e tem sido o garante da real recuperação de rendimentos e direitos como foi o fim do regime de pagamento do subsídio de Natal em duodécimos.
Por mais simbólico que pareça esta decisão de reposição de um direito por parte da atual maioria, ela veio mostrar como algumas vozes quiseram transformar a recuperação de um direito numa perda de rendimentos. Não faltaram estudos, como as simulações de fiscalista da Deloitte usadas em campanhas que tentaram provar o corte no rendimento mensal com o fim dos duodécimos.
As campanhas foram de tal forma insidiosas que, os mesmos que silenciaram os sacrifícios que se abateram sobre os trabalhadores e pensionistas durante a governação ao serviço dos interesses das instituições financeiras e da troika. Os mesmos que se opõem a um justo e dignificante aumento do salário mínimo, que só em 2019 poderá atingir os ainda tão insuficientes 600 euros. Ironicamente tornaram-se os “anjinhos da guarda”, preocupados não com os baixos salários praticados, mas com uma ilusão de aumento salarial através dos duodécimos, que só serviram para camuflar uma política de ataque aos direitos e rendimentos ao trocar cortes salariais pela diluição do subsídio de Natal, que assim se deixava de receber no final do ano.
Este sim, foi um significativo impacto nos rendimentos das famílias em nome da crise que a atual maioria rejeitou, resgatando uma conquista que deveria ser dignificada e não desvalorizada, mesmo por quem, com reconhecidas dificuldades económicas vinha contando com tais duodécimos para completar o salário mensal.
Resistir a uma tal tentação de mera ilusão economicista, é bem mais gratificante politicamente.
Fotos: pesquisa Google
01fev18