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POLÍCIAS APERTAM O CERCO MAS TRÁFICO DE DROGAS CONTINUA A SER PREOCUPANTE NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO!

O assunto não é de agora, mas, nem por isso, perde atualidade. Muito pelo contrário! O tráfico de estupefacientes na região do Porto encontra-se na ordem do dia, ou melhor, na “ordem dos dias”, pois não há dia em que o Comando Metropolitano da Polícia de Segurança Pública através da Divisão de Investigação Criminal CMPSP-DIC) não faça notícia da detenção de dezenas de indivíduos suspeitos de – de forma organizada -, se dedicarem, direta ou indiretamente, ao “negócio das drogas”.

Só de 09 a 26 de janeiro de 2018, o referido Comando da PSP, fez cerca de 65 detenções de suspeitos por tráfico de estupefacientes, como heroína, cocaína, haxixe, liamba, anfetaminas e cannabis, a maior parte delas registadas no concelho do Porto, mas também em Gondomar, Matosinhos, Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia.

Falamos, com estas operações policiais, na apreensão de “produtos” para um total aproximado de 9.300 doses individuais, sendo, neste caso, de destacar a ação desenvolvida na rua Souto de Contumil (Porto), onde foram apreendidas mais de cinquenta por cento das doses (cinco mil), neste caso, de haxixe.

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No referido período, e no que ao Porto diz respeito – e além da relatada ação na rua Souto de Contumil-, os bairros do Regado e Novo de Ramalde estiveram, por assim dizer, no centro das atenções. No primeiro aglomerado habitacional, e em operação realizada pela PSP a nove de janeiro, foram apreendidos três quilos de haxixe e detidos dois indivíduos, enquanto, em Ramalde, isto na manhã do dia 11, foram detidos dois estudantes (17 e 24 anos) residentes no Porto e na Maia também pela prática do crime de tráfico de estupefacientes.

Há, assim, a assinalar uma forte intervenção policial nas últimas semanas de janeiro, em diversos pontos da Área Metropolitana do Porto, não tendo, contudo, abrandado o ritmo se o compararmos com os últimos dois meses do ano transato (ver em histórico).

Independentemente destas intervenções, e da permanente atividade dissuasória da PSP, continua a haver sítios específicos em que o tráfico e tráfego de estupefacientes é visível, com destaque para zonas junto às estações do Metro, como os casos (mais flagrantes) de Francos e de Ramalde (fotos que se seguem).

Muro (quase) vedado junto à Estação do Metro de Francos. No seu interior é frequente a presença de toxicodependentes
Muro (quase) vedado junto à Estação do Metro de Francos. No seu interior é frequente a presença de toxicodependentes

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"Anexo" junto à estação do Metro de Ramalde utilizado para tráfico, tráfego e consumo de drogas...
“Anexo” junto à estação do Metro de Ramalde utilizado para tráfico, tráfego e consumo de drogas…

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Se a detenção de indivíduos, que, de forma organizada se dedicam ao tráfico de estupefacientes, em pontos de referência na metrópole é frequente e revela relevando uma forte atuação da PSP nesse combate, a verdade é que as mesmas deixaram, pelos vistos de se centrar, em zonas conhecidas, ao longo dos anos, como verdadeiros adros de comercialização de “droga”.

Bairro do Aleixo (Porto) - foto: pesquisa Google
Bairro do Aleixo (Porto) – foto: pesquisa Google

Independentemente desse facto, o bairro Aleixo é, ainda hoje, na zona ocidental do Porto, um “ponto de referência”, assim como – na parte oriental -, a freguesia de Campanhã. Esta última assume o protagonismo, com vários locais de encontros e reencontros para o tráfico de drogas, como são os casos de Azevedo-Lagarteiro, e do Cerco do Porto.

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Jota, 45 anos, vive em Azevedo há alguns anos, e descreve em poucas palavras, o que por lá se passa no que concerne ao tráfico, tráfego e consumo de drogas.

“Eu já sabia, mais ou menos o que era isto por aqui. Mas para aqui tive de vir morar. Não moro bem em Azevedo, mas como por lá passo, sei o perigo que aquilo é – principalmente junto a um café – e a qualquer hora do dia” (ver imagens). “Junta-se lá a maralha toda da droga. De vez em quando há agressões. Não se pode passar por lá à noite, pois – e arrisco mesmo a dizer – pode correr-se perigo de vida em certas ocasiões”.

Jota nada mais disse ao “Etc e Tal jornal” por… receio de represálias, isto mesmo sem se identificar publicamente. “Só o dizer que moro perto de Azevedo pode ser já um problema. Mas, como aquilo é uma vergonha, e vê-se tantos jovens a destruírem a sua vida, decidi contar um pouco do pouco do que por lá se passa. Nada mais posso dizer…!”

Significativo.

ERNESTO SANTOS: “AS POLÍCIAS ESTÃO A FAZER UM BOM TRABALHO, O PIOR É O RESTO…”

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Entretanto, e de acordo com o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos, as “coisas” (tráfico de estupefacientes) estão diferentes… menos visíveis, ainda que, por lá, o problema que aqui abordamos continue a merecer a atenção das autoridades. A requalificação dos bairros sociais da área condicionou, por assim dizer, a atividade, mas a mesma continua a desenvolver-se ainda que de forma mais “simpática” aos olhos do cidadão comum.

O autarca, em declarações ao nosso jornal, elogia o trabalho das polícias, e avisa para o preocupante facto da descentralização do tráfico da droga para outros pontos da cidade, com especial destaque para o centro da mesma…

“O problema do tráfico de estupefacientes não se circunscreve aos bairros, e tão-somente à freguesia de Campanhã. O problema estende-se a outras freguesias, e, hoje em dia, ao centro da cidade do Porto. E quando falo no centro da cidade, refiro-me a ruas onde a venda é feita periodicamente e, praticamente, à luz do dia.

De acordo com o autarca, “por cá, por Campanhã, há melhorias a registar, pois em certos bairros, o tráfico não é tão visível como o era, por exemplo, há vinte anos. As polícias estão a fazer um bom trabalho, o pior é o resto: os detidos chegam à Justiça e a Justiça não faz justiça, deixando-os em liberdade”.

“Um indivíduo pode ter em seu poder três ou quatro doses de estupefacientes que não lhe fazem nada, o pior é saber quantas doses ele transportou nesse dia (?), por certo três ou quatro vezes mais que as que transportava quando foi abordado pelas autoridades policiais.

É importante referir que os traficantes evoluíram nas suas práticas. Também estão a par das novas tecnologias, e, por aí, também desenvolvem o seu negócio; negócio que cresceu muito com o “boom” turístico verificado no Porto”.

Ernesto Santos reitera, ainda assim, a opinião que “as polícias estão a desenvolver um bom trabalho de dissuasão e mesmo de combate direto aos traficantes. Mas, e como já referi, o pior é o resto: é o que a Justiça decide de seguida.”

“Não é demolindo bairros que se acaba com o tráfico”

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E o único presidente socialista de uma Junta do Porto, não deixa de lançar críticas à política seguida no combate ao tráfico de estupefacientes, há cerca de 17 anos, pelo, então, presidente da Câmara Municipal, e hoje dirigente máximo do PSD, Rui Rio.

Demolição de Torre no Bairro do Aleixo - Foto: pesquisa Google
Demolição de Torre no Bairro do Aleixo – Foto: pesquisa Google

“Não é demolindo bairros – como aconteceu, em Campanhã, com o S. João de Deus, em 2001, ou com as torres no Aleixo –, como foram as decisões do anterior presidente da Câmara, Rui Rio, que se acaba com o tráfico da droga. Nada disso! Ele deu cabo da torre do Aleixo e do S. João de Deus, e a droga continuou a proliferar nessas zonas. Já as obras de restauro, que alguns bairros sociais problemáticos tiveram nos últimos anos, condicionaram o tráfico de droga, no qual os consumidores – toxicodependentes- sãos as principais vítimas”.

“O tráfego é feito por estafetas que são escravos dos verdadeiros traficantes”

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Ernesto Santos é da opinião que “as drogas leves deviam ser legalizadas, como acontece com o tabaco. Com determinadas regras, é certo. Penso também que os médicos as poderia receitar, a doentes, como são os toxicodependentes, em casos mais prementes. A metadona só cura, episodicamente, a ressaca e nada mais do que isso. A liberalização, além de dar uma boa percentagem de dinheiro para o Estado, acabava, ou condicionava, a atividade dos traficantes.

Com conhecimento direto do problema, até porque Campanhã foi e ainda é um centro privilegiado no tráfico de estupefacientes, o presidente da Junta é, contudo, da opinião que “os bairros não passam de armazéns para os traficantes depositarem os seus produtos. A distribuição é feita em outros locais; em locais – como já disse – muito mais centrais e selecionados. Nada se compara – para melhor – como que acontecia há 20 anos. Hoje, o tráfego é feito por estafetas, que são verdadeiros escravos dos verdadeiros traficantes. As coisas mudaram!”

POLÍCIA E CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO JUNTAS EM PLANO DE COOPERAÇÃO ESTRATÉGICA

Centro de Gestão Integrada (Porto) - Foto: Porto.
Centro de Gestão Integrada (Porto) – Foto: Porto.

Para um maior combate à criminalidade, na qual se inclui, obviamente o tráfico de estupefacientes, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, reuniu-se com o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, Luís Farinha, no passado dia 19 de janeiro, e já no Centro de Gestão Integrada, ao Quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros, o responsável máximo da PSP referiu que no encontro foram abordados “assuntos de interesse comum, como a vídeoproteção e a gestão da ordem pública”, salientando ainda o plano de cooperação estratégica para o próximo quadriénio, assim como o policiamento de grandes eventos no Porto.

Rui Moreira: “O trabalho (de segurança) está a ser bem feito”

Rui Moreira mostrou-se, visivelmente, satisfeito com este encontro afirmando que o “Porto é uma cidade confortável, interessante e segura”. “Acredito que a razão pela qual as pessoas aparecem em massa é porque sentem que o trabalho (de segurança) está a ser bem feito”, disse aina do autarca.

Sem se referiram a qualquer tipo especifico de crime, a verdade é que a ação de videoproteção que se faz Porto, e em só mais dois concelhos do país (Amadora e Vila Franca de Xira) serve, entre outros, de ação dissuasora ajudando os agentes policiais num combate mais rápido e direto ao crime, entre os quais o tráfico de droga.

Como revela o histórico que a seguir publicamos, a intervenção das polícias tem sido bastante eficaz nos últimos tempos (pelo menos ao que nos reportamos), independentemente da questão de meios que as autoridades têm para desenvolverem as suas ações.

Também e no que concerne a este assunto, são boas as notícias, uma vez que o governo, através da secretária de Estado adjunta para a Administração Interna, anunciou, no passado dia 29 de janeiro, um reforço de 20 milhões de euros para a construção e requalificação de instalações da PSP e da GNR.

HISTÓRICO DE AÇÃO POLICIAL

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De outubro a dezembro de 2017 destacaram-se várias atividades operacionais da PSP-Porto e da Polícia Judiciária no combate ao crime de tráfico de estupefacientes. Isto revela que as polícias estão atentas ao problema e dentro dos meios que dispõem dão a resposta que podem dar a este que muitos consideram um “flagelo social”.

Nós realçamos, entre outros, os seguintes comunicados e notas de imprensa:

01dez-17 Em nota de imprensa divulgada hoje, a PSP do Porto refere ter identificado também outros 38 cidadãos por alegada relação com consumo e tráfico de drogas.

Nesta operação foram apreendidas cerca de 435 doses individuais de haxixe, ecstasy, anfetaminas, liamba e cocaína, bem como dois documentos de viaturas.

A operação incluiu ainda a fiscalização de 26 condutores e respetivas viaturas, “sendo que todos foram submetidos ao teste de álcool no sangue”.

Os detidos vão agora ser presentes junto das autoridades judiciárias.

09nov17– A Polícia Judiciária do Porto desmantelou uma rede criminosa que se dedicava ao tráfico de droga, entre países da América Latina e Portugal.
Foram detidos seis homens, um em flagrante delito no aeroporto em Lisboa.

Transportava dois quilos e meio de cocaína escondidos numa mala de viagem.

14out17 – A PSP do Porto anunciou a detenção de oito pessoas por alegado tráfico de drogas no âmbito de uma operação que decorreu na Baixa da cidade.

Em comunicado, a PSP refere ter também identificado 32 cidadãos “no âmbito do combate ao consumo e tráfico” de drogas.

Nesta operação, a PSP apreendeu haxixe, ‘ecstasy’, cocaína e heroína em quantidades suficientes para cerca de 162, 10, 35 e 20 doses individuais, respetivamente.

A operação, desenvolvida através do efetivo da Esquadra do Infante D. Henrique da 1.ª Divisão Policial, “teve como objetivo a prevenção e combate à criminalidade de forma a promover o sentimento de segurança junto dos cidadãos”. Os oito detidos vão agora ser presentes às autoridades judiciárias”.

 Texto e fotos: Repórteres “EeTj”

Fotomontagem: Pedro N. Silva

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