Na sequência dos investimentos que rondarão os 900 mil euros, previstos pelo ministro do atual Governo para obras de manutenção e requalificação das zonas costeiras durante a próxima década, em que se exige minimizar os efeitos da erosão e consequentemente das alterações climáticas. Obras no litoral que em função de cada realidade, passarão pela pedra na manutenção de esporões, mas também pelo enchimento de praias e recuperação de dunas a exemplo do que está a acontecer em Ovar, no Sul do Furadouro.
Há muito identificada como uma zona de grande fragilidade, em que o mar já chegou a galgar o campo dunar e aproximar-se de área urbana, depois de durante vários anos o avanço do mar ter com grande facilidade engolido literalmente toda a duna primária ao longo da costa, entre a praia do Furadouro e a do Torrão do Lameiro. A mais recente intervenção articulada entre a ARH Centro, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Polis e colaboração da Câmara Municipal de Ovar, está a passar por obras de artificialização, através da reconstituição das dunas entre o Furadouro e o Torrão do Lameiro. Uma técnica que finalmente os ambientalistas veem reconhecida e assumida pelos governantes, que admitem, que o recurso à injeção de areia resolve pontualmente o problema, ainda que, as características da costa portuguesa, a sotamar, exijam intervenções constantes, já que, como a realidade do Furadouro demonstra ao longo dos tempos, a areia é levada pela natureza.
Apontada como prioritária a orla costeira em Ovar, de Esmoriz ao Furadouro, para uma intervenção de grande dimensão, dado o fenómeno de erosão ser bem visível. Está a decorrer na zona Sul do Furadouro a obra que implica gigantesca movimentação de areias, retiradas da própria praia e depositada ao longo da costa, dando forma a um cordão de dunas artificiais, que curiosamente já são “lambidas” pelas marés altas, o que deixa algumas dúvidas aos residentes relativamente à resistência destas dunas construídas numa linha de costa tão acessível à continuada erosão.
Esta intervenção, numa área do litoral em que se exige adaptação ao próprio meio envolvente, nomeadamente nos meios a utilizar para defesa da orla costeira, está a beneficiar também da implantação de paliçadas no topo do cordão dunar para a sua natural consolidação, bem como a plantação de milhares de pés de estorno.
Em estudo para reforço do cordão dunar e de zonas frontais do Furadouro em que a pedra tem predominado para defesa da parte urbana de certa forma consolidada, depois dos mais violentos avanços do mar nos anos 60, nomeadamente em locais específicos, como áreas de erosão envolventes dos esporões que ao longo de décadas têm sido recolocados e questionados. Está ainda o eventual recurso por parte do Município de Ovar, à implementação dos designados geocilindros ou “geotubos”, a exemplo da experiencia com tal sistema na praia de Cortegaça. Uma espécie de novidade tecnológica da industria local de que o atual executivo camarário faz questão de enaltecer, promover e demonstrar a sua eficiência ainda não reconhecida cientificamente.
Concluir estas obras antes da próxima época balnear, ainda que possam haver impedimentos resultantes do período do ano, é o objetivo assumido pelas entidades envolvidas.
Texto e fotos: José Lopes (*)
(*) Correspondente “EeTj” em Ovar – Aveiro
01mar18