Carmen Navaro
Eis que lendo por aqui e por ali, entre uma leitura e outra, me deparo com gente que se esqueceu de frequentar as aulas de Língua Portuguesa, e consequentemente não aprenderam a escrever.
A pressa de viver, o ritmo de vida na sociedade contemporânea é cada vez mais acelerado, daí nascer a necessidade de escrever por abreviaturas criar novas formas de comunicação virtual interpessoal rápidas e eficazes para alguns, ou ainda por ser moda, os jovens adolescentes e os jovens adultos atropelam a bela língua portuguesa. Usar as marcas da oralidade mesmo na literatura erudita é aceitável e por vezes uma necessidade para descrever uma situação com verosimilhança o comportamento e a fala de determinados grupos sociais. Mas nunca o que acabei de ler num destes dias.
Li uma mensagem que não sei o que dizia, ou queria dizer, não entendi nada, mesmo nada:
“- Ah, ñ dá pra responder o e-mail pq tô pelo cel .-. rs .Tu e kis cota poix resolve. Opa tax kunosku a noit. Mas pd me guarda no fc^^ Obg
Gxt mt ti. Bjs”
Depois desta eloquência não há duvida que preferimos muitas vezes, simplesmente, fechar os olhos e ignorar o que está acontecendo a nossa volta. Preferimos ser cegos ao invés de agirmos. Com isso nos tornamos o pior dos cegos, porque estávamos a ver, mas mesmo assim preferimos optar por não ver, ignorando totalmente o que se passa.
Não há duvida que é muito moderno, muito para a frente, as novas tecnologias e a pressa de viver, assim o exigem.
Para enfrentar desafios de comunicação provenientes das desigualdades económicas e sociais presentes no nosso país é indispensável, em primeiro lugar: Saber ler, pois a leitura é o elemento básico para a inclusão social e a adaptação a novas mudanças que ocorrem na sociedade da informação.
Para que o indivíduo consiga sua inclusão e possa atuar na sociedade, de uma forma equilibrada, o seu principal instrumento é a informação que se manifesta por meio da leitura. Com isso, compreende-se que a informação é utilizada a todo o momento, no trabalho, na escola, no quotidiano, na escolha de um produto ou serviço e até mesmo para fazer valer os direitos dos cidadãos. Não é com aligeiramentos como o da mensagem que conseguimos que a informação proporcione aos indivíduos um meio de controlo sobre a sua existência. É imprescindível fazer da comunicação e do conhecimento bens coletivos, proporcionando a todos recursos, formação de futuras elites sociais, económicas, políticas e científicas. Fomentar a leitura, democratizar o acesso à informação e ao livro, é preciso, conhecer e dominar o uso da língua nas situações concretas por muito breves que tenham que ser e saber o que é permitido dentro de qualquer forma de comunicação seja virtual oral ou escrita, aumentar e difundir o gosto pela leitura não são tarefas fáceis. É mais que um desafio. Mas continuaremos a tentar…
Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!
Poema de Clarisse Pacheco
Foto: pesquisa Google
01abr18