José Luís Montero
Não tenho paciência. A questão do nacionalismo catalão procura montra internacional com senha e contrassenha de vítima. Eu não sou nenhuma montra internacional; não passo de um vão de escada, por isso, essa questão deixou de existir no meu quotidiano. Andam os governos a vender a dose da saída da crise e este baile pretende distrair-me. Catalunha, a burguesa, se se sente só pode comprar um cão porque os que realmente estão sós carecem de dinheiro para comprar o que quer que seja.
Prefiro falar dos currículos dos políticos portugueses e espanhóis. Prefiro olha-los de frente e perguntar-lhes: “Senhores Doutores: e eram vossências que me diziam que sabiam de Leis?” E sabiam porque pagavam e pagam dinheiro sinfónico aos grandes escritórios de advogados para que lhes escrevam direitinho o que tornarão torto. Só votarão e fá-lo-ão segundo o dedo indicador do líder parlamentar. É triste. E mais triste é se olharmos para a História e nos lembrarmos do republicano António José de Almeida. Despois, ainda que fiquemos mais tristes, ficaremos com a sensação que existiu um dia em que os parlamentários gastavam a garganta.
No entanto, não percebo esta corrida louca pela posse dos canudos. Sabedoria não a dão porque se antes eram sábios ou burros continuaram na mesma posição visto que os e-mails servem para comunicar e não para aprender e aprofundar no conhecimento. Qual é o verdadeiro motivo? Vaidade? Gabarolice saloia ou construção de uma personalidade falsa predisposta a enganar, intrujar o Zé que os ouve dizer, imóvel de pensamento e ação, que as suas reformas estão perto de falir? Talvez seja este todo que aborta as sociedades livres e martiriza, com a penúria como chicote, os cidadãos. E lá vão eles e os outros cada pouco tempo, enchendo as ruas e os lugarejos, de fotografias prenhadas de Photoshop a prometer o paraíso dos pancrácios a troco do voto. E votam. E contam os votos. E festejam com lágrimas ou champagne os resultados. E a mulher beija-os; e a sogra diz que são os melhores meninos do mundo. E as mães calam e padecem porque sabem bem que pariram gandulos.
São doutores-investigadores-mestres do argumento da borralha. São o velho serrim que se espalhava no chão das velhas tascas para chupar a humidade derivada da chuva ou do vinho sobrante dos copos de dois ou de três. Mas, não são únicos, nem os únicos. Saltou e salta periodicamente o escândalo nalgum elemento que anda pelos vértices da sociedade, mas, e as capas intermedias? Aqueles que são ou pertencem à famosa classe média? Quantos saltaram o colega de trabalho porque apresentou um papel selado onde dizia que era especialista em parafusos virtuais? Aqueles que chegaram a chefe de secção-repartição ou cubículo concubino; quantos existem? Quantos conhecemos ou quantos se passeiam diante dos nossos cândidos narizes com ares de grandeza de BMW? Todos conhecemos. Todos ouvimos falar e inclusivamente, alguma vez, lhe permitimos que coma o último pastel de nata que estávamos dispostos a saborear. C’est la vie.
Entretanto bebe-se. Canta-se o fadinho do tempo em que eramos menino e moços. Enfatiza-se na forma como era cozinhado o bacalhau ou como pisávamos as uvas primitivamente e tudo sabia a néctar de deuses. Mas, esquecemos uma coisa e não recordamos que esse saudosismo permanecerá enquanto a Humanidade ande por aqui. Esse saudosismo é o famoso “sabor da avó” …. É o que experimentamos e nos foi dado com o enorme carinho da matriarca; foi o acordar. E agora voltamos ou voltou-nos a tocar a memória das papilas gustativas. É o repassar da vida; é a vida a passar-nos o filme. É o Feedback existencial. Cantemos, neste caso, o Fado e não o fadinho; bebamos e deixemos o bebe-se. Vivamos. O Feedback não é mais que o grande salto para o Conhecimento e o desprendimento. É o patamar da Liberdade mesmo que tenhamos que aguentar doutores-investigadores-mestres da mula russa como se dizia, frequentemente, no tempo da minha avó.
Foto: pesquisa Google
01abr18
Já tanto se disse que não me ocorre mais como qualificar esta gente estapafúrdia. Também cansei! São uns miseráveis como pessoas armados em gente grande. Mas isso deve ser fruto de algum complexo de inferioridade e temos de os aturar. Infelizmente convencem muita gente que não sabe ver ou não quer ver porque anseia entrar no esquema