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CRISE NO TEATRO – SEIVA TRUPE CANCELA ESPETÁCULO E CENDREV LANÇA DURAS CRÍTICAS À “DGARTES”

“Na sequência dos resultados do programa de apoio sustentado para o Teatro, vemo-nos forçados a cancelar de imediato o nosso próximo espetáculo ”O Crime de Aldeia Velha”, de Bernardo Santareno”. Eis as primeiras linhas de um comunicado da Seiva Trupe, recentemente enviado à comunicação social, depois da decisão final sobre financiamentos a estruturas teatrais por parte da DGArtes .

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Um comunicado que define uma “triste realidade” de uma companhia emblemática da cidade do porto “com um elenco de mais de 20 elementos de primeiríssima água do panorama teatral!”

“Ao fim de 45 anos de trabalho diário, constante, com provas mais que dadas no panorama cultural deste país, somos agora obrigados a tal absurdidade!”, referem os responsáveis pela Seiva Trupe, companhia pela qual passaram “grandes espetáculos, com autores reconhecidos da dramaturgia universal, com elencos de elevado mérito, bem como jovens atores que esta Companhia, sempre que pôde, convidou”.

Mais: “Conscientes de um programa quadrienal por nós apresentado de uma forma honesta e bem definida, em que constam autores como Ibsen, James Joyce, Bernard Shaw, Shakespeare, Thomas Bernhard e, de autores nacionais, Bernardo Santareno e António Pedro, entre outros, diz-nos o Júri que é uma candidatura vaga e pouco explícita no que concerne à descrição das atividades!…”

DGArtes arruma Cendrev nos apoios a dois anos

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Também o Centro Dramático de Évora (CENDREV) manifestou a sua revolta quanto à posição da DGArtes.

“A decisão final sobre os financiamentos ao teatro não considerou nenhuma reclamação apresentada pelo Cendrev no âmbito da audiência de interessados e, como os resultados não sofreram qualquer alteração, só se pode concluir que os vários reforços, anunciados ou não, foram determinados pela quase totalidade das candidaturas elegíveis que não tiveram financiamento na primeira decisão, continuando a ficar de fora, inexplicavelmente três destas e aquelas que não tinham sido elegíveis. Daqui não se poder inferir que exista no Governo o reconhecimento do subfinanciamento deste sector de atividade”, lê-se em comunicado.

Para os responsáveis pelo CENDREV, “a cultura no Alentejo é um eixo de desenvolvimento – real; o Cendrev é um centro de ação teatral, de onde têm saído dezenas de profissionais que criaram os seus projetos artísticos ou integraram outras estruturas. Falta uma justa avaliação do trabalho feito pelas companhias a partir das cidades de pequena e média dimensão e a sua importância no desenvolvimento das comunidades do interior e, consequentemente, do país, uma vez que foi também através deste movimento que se realizaram programas de intervenção cultural que são exemplos reconhecidos no país e no estrangeiro, como é o caso, em Évora, da recuperação dos Bonecos de Santo Aleixo, marionetas tradicionais do Alentejo, ou do projeto de formação desenvolvido na cidade durante mais de 20 anos”.

“O plano de trabalho do Cendrev”, continua, “apresentou, para o ciclo 2018/2021, nove novas criações, das quais três co-criações, a primeira já em 2019 com a Escola de Artes da Universidade de Évora com a montagem da “Ópera dos Três Vinténs” de Bertolt Brecht; assegura também a direção artística e técnica do exercício/espectáculo com os alunos finalistas do Curso de Artes do Espectáculo – Interpretação da Escola Secundária André de Gouveia e mantém em carteira os espectáculos “Sozinho” de Börje Lindström, “Ñaque, ou sobre piolhos e Actores” de José Sanchis Sinisterra e “Embarcação do Inferno” de Gil Vicente. Destaca, ainda, o trabalho permanente com os Bonecos de Santo Aleixo, espólio do teatro popular do Alentejo.”

Ora assim, o CENDREV “não entende a referência às opções estratégicas e coerência do projeto, bem como o facto de se reconhecer a boa prática de empregabilidade, a experiência e adequação da equipa e a estabilidade que isso representa para a estrutura e que, depois, estes determinantes fatores não constituam garantia para os quatro anos do programa apresentado.

Importa ainda sublinhar o reconhecimento expresso das fontes de financiamento alternativo e o seu impacto no desenvolvimento das atividades bem como a distinção que é dada à relação estratégica com o município de Évora que, para além do apoio financeiro, garante a cedência de recursos humanos e logísticos muito importantes para a persecução do respetivo plano de atividades.”

Para a estrutura teatral com sede em Évora, “as opções do Governo não foram no sentido de repor os financiamentos retirados às atividades artísticas e não adianta apresentar quadros e médias com números que só comparam os valores do tempo mais negro 2013/2016, com o financiamento alcançado agora com os sucessivos reforços. No que diz respeito ao Cendrev, o que de facto se verifica é que o financiamento da DGArtes é menor em 2018 (128.267,04 euros), do que o recebido em 2017 (139.136,52 euros). Mas o que está em causa é a reposição dos valores de 2009, antes dos cortes no dinheiro para a cultura, em que o Cendrev recebia 332.779,04 euros. Quanto tempo vai ter de passar mais, para retomar os valores cortados à cultura com a chegada da crise?”, fica a pergunta.

Câmara Municipal do Porto apoia TEP e FIMP

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Entretanto, o Teatro Experimental do Porto (TEP) e o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) vão contar com o apoio da Câmara Municipal do Porto de 70 mil euros anuais nos próximos dois anos, valor esse que foi atribuído a estas duas estruturas pela DGArtes em 2017.

Rui Moreira, presidente da edilidade portuense, à margem da apresentação da 41.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, referiu que “esses apoios são dados porque há uma coprodução dessas duas estruturas com o Teatro Municipal (Rivoli)”, correndo o risco, se esse apoio não fosse dado, de o Teatro Municipal ficar sem conteúdos”, o mesmo já não acontecendo com o Seiva Trupe, uma vez que não tem qualquer tipo de coprodução com a referida estrutura cultural da cidade.

O executivo liderado por Moreira estuda ainda a hipótese de a Câmara Municipal vir também a apoiar o “Ensemble”, no contexto da coprodução desta estrutura teatral com o Teatro Nacional de S. João.

Texto: EeTj

Fotos: Pedro N. Silva (Arquivo EeTj) e pesquisa Google

01jun18

 

 

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