Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“A Rua da Vitória, que tomou a denominação da igreja da Nossa senhora da Vitória, sede de freguesia(**), criada em 1583 pelo bispo D. Fr. Marcos de Lisboa, chamava-se antes Rua de S. Roque, de uma pequena ermida ou oratório que ali existia.
Denominou-se também, no século XVII, Viela de Luís Coelho.
Deu-lhe este nome o cidadão portuense Luís Coelho de Beça, de alcunha Boas Noites, homem abastado, herdeiro de uma boa casa «que tudo ele consumiu» – diz um contemporâneo seu, o Dr. Cristóvão Alão de Morais, que se refere também, na sua obra genealógica, a um Bento Pereira Leite, que na primeira metade de seiscentos vivia «acima do Padrão de Belmonte, junto à Viela de Luís Coelho, nas casas vermelhas que ali estão, junto ao canto».
Parece que nesta serventia, ou sobranceira a ela, estava a sinagoga dos judeus. Pelo menos é o que afirma o bispo D. Rodrigo da Cunha, no seu Catálogo dos Bispos do Porto, publicado em 1623: «…por baixo logo da dita igreja de Nossa Senhora da Vitória, estivera situada a sinagoga, em uma rua ou travessa, que em memória disso ainda conserva o nome de Viela da esnoga, corrupto de Sinagoga, que ficou convertida em uma capela de S. Roque, há largos anos incorporada em uma das casas da mesma viela».
Donde concluímos que a actual Rua da Vitória – ou parte dela – se chamou também Viela da Esnoga, Viela de Luís Coelho, Viela de S. Roque”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 21 de janeiro de 1973.
Fotos: pesquisa Google
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para a “RUA DA PONTE NOVA”
(**)Sede de freguesia na altura em foi escrito este artigo. Hoje faz parte da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto.
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