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Sem sapatos, sem preocupações

Gliding Barnacles” é um festival que junta o surf à arte e à gastronomia. Tem lugar na Figueira da Foz e leva à cidade centenas de estrangeiros ligados a este desporto que procuram um formato diferente daquele que é normal nestes eventos, que, geralmente, estão associados a modelos competitivos do surf.

Eu soube do “Gliding” por mero acaso. Aliás, todo o meu contacto com o surf tinha sido à distância. Achava engraçado ver, mas nunca senti aquele bichinho que me puxasse para experimentar. Mas agora, tudo mudou.

Opini_InesMelo

Inês Melo e Faro

(texto)

Acredito que o “Gliding” tenha sido, para já, uma das melhores experiências dos meus 21 anos de vida. Aterrei aqui completamente de paraquedas, num ambiente completamente diferente do que estava habituada. E confesso que no dia em que cheguei me senti como um peixe fora de água. De repente, vi-me no meio de um grupo de pessoas totalmente desconhecidas, com uma forma de viver completamente oposta à minha e que andavam constantemente descalças (sim, ao início fez-me um bocado de confusão), mas a verdade é que encontrei neles uma tranquilidade e uma descontração fora do comum.

E foi isso, principalmente, que me deixou mais à vontade. Isso e o facto de me terem acolhido como se já fizesse parte da família desde o primeiro ano do festival. E sim, é isto que o “Gliding” é para mim: uma família.

Cheguei à Figueira da Foz uma semana antes do início do festival e percebi desde logo que me meti num caos, mas um caos que era organizado à sua maneira. E percebi isso a partir do momento em que entrei no carro do Eurico.

E, rapidamente, me habituei às pessoas e a uma vida que se caracteriza pelo improviso e pela descontração. Para além disso, o “Gliding” é uma oportunidade para criar amizades com pessoas de diferentes partes do mundo e que, de alguma maneira, ao fim de seis dias ou mais, acabaram por se tornar numa família, porque no fundo, crescemos todos um bocadinho.

Surf + arte + música + vinho + gastronomia é uma soma que se transforma num estilo de vida. E nunca uma soma fez tanto sentido para mim. Foram 6 dias de festival que acabaram mesmo por se tornar numa forma de levar a vida. Apesar de terem sido dias com muito trabalho, houve sempre oportunidade para aproveitar os concertos, para ver personalidades conhecidas mundialmente no universo do surf, provar boa comida e boa bebida, assistir a exposições e ao live shaping.

Na verdade, desde o primeiro dia que fui sendo surpreendida. Em primeiro lugar, nunca pensei que um evento relativamente pequeno conseguisse trazer tanta gente, nomeadamente pessoas que são reconhecidas mundialmente tanto nesta atividade desportiva, como na música ou na fotografia.

Em segundo lugar, a música surpreendeu-me muito pela positiva. Eu estava à espera de um ambiente super pesado, com música mais ligada ao heavy metal. Mas o festival contou com uma grande variedade de estilos de música. E destaco aqui três nomes que me deixaram colada ao espetáculo: Maxime, Rubby Ann e Marc Valentine.

Por último, e não menos importante, surpreenderam-me o ambiente e as pessoas. É impressionante como áreas aparentemente distintas se completam umas às outras e tornam o “Gliding” num festival com um ambiente como nunca vi, com pessoas que deixam as preocupações e os sapatos em casa fechados numa caixa e vêm à praia para conviver e, acima de tudo, para viver de forma plena tudo aquilo que o “Gliding Barnacles” representa. E é isto, principalmente, que diferencia este festival de qualquer outro do género.

Ainda assim, é um evento que ainda tem muitas pontas por limar, mas que, a cada edição, cresce e evolui, nunca perdendo a sua essência.

Desta forma, o “Gliding” passou de um pequeno ponto no meu currículo para uma experiência única e verdadeiramente enriquecedora, tanto a nível pessoal, como profissional. E espero, sinceramente, que não seja uma coisa de uma vez e que passe a ser um evento no meu calendário durante os próximos anos. E sim, já começo a habituar-me a andar descalça.

Por fim, quero só frisar que o “Gliding Barnacles” é fruto de muito trabalho de uma equipa que me surpreendeu, desde o início, a todos os níveis. Só me resta agradecer e esperar ansiosamente pela sexta edição.

Foto: pesquisa Google

01out18

 

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