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Do Sonho e da Vida

Bruno Ivo Ribeiro (*)

Querer a Vida e não beijar as estações, é como querer comer e cerrar os dentes.

bruno - foto peca - dez18

Oh morto salutar que se espraia nas vagas de novembro, oh vida minha.

Assim vai o barco, nulo e atónito, mas, firme; contra marinheiros, contra torrentes e contra o abismo.

O batel, naufraga no papel, e por ele a Vida desponta.

Oh tarda morte que inebria e faz sofrer, pudesse o barco encontrar seu rumo, e não seria necessário escrever o que o barco faz cumprir.

Cumpre-se o fado e retorna-se ao estro. Afoga-se o sentir, e enfim, nasce uma flor.

A flor que nasceu é o sonho de um futuro porvir, é um desejo de passado enraizado num beijo de futuros mil, e é, tão simplesmente, o desvanecimento de todas as especulações da vidinha da existência, em prol da Vida da verdade.

A Vida da verdade, que todos os dias acorda e lava a cara com a água das vagas que atolambam o batel, seca-se às toalhas da primavera e vê-se ao espelho, vê-nos ao espelho, e docemente, como o amado que se ama e sabe amado, sorri.

Desse sorriso furtuito, nascem centenas de precursores da Vida. Sim pré-cursores, e não meros cumpridores seguidores de percursores anafados de história e de estórias. Esses percussores da Vida, semeiam em cada um o seu lado divino, e quando a sementeira estiver madura, será colhida, porque os mares se aplacarão.

De novembro chegamos a dezembro, mas entre estes dois, trinta dias tomam seu rumo no curso da viagem, e um dia será de novo agosto.

Que sejam doze os meses, e infinitas as vagas e os dias de sol nas planícies, onde beijados pelo vento suão, e acariciados pela relva apolínea, nos possamos ver sempre deitados sobre o universo, e ao mesmo tempo, por ele cobertos.

Enfim, um dia virá agosto e depois tornaremos a novembro, mas da passagem do Tempo, e da passagem da Vida, que calcorreia todos os Espaços possíveis, só poderemos colher um ensinamento, que é frívolo estar vivo, mas que é ótimo saber viver!

(*) texto e foto

01dez18

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