Foi a 30.ª excursão e a última de 2018 organizada pelo “Etc e Tal jornal”. Destino principal: Penafiel. Dia 11 de novembro de 2018. Dia de S. Martinho, de muita chuva, castanhas e algum vinho.
É verdade, a tradição não se cumpriu. Primeiro, o Verão do santo chegou atrasado; depois, este foi dos poucos passeios (um e meio em 30) em que fomos surpreendidos e recebidos com chuva nas localidades onde parámos (Paços de Ferreira e Lousada),
Dezasseis… foi o número mais reduzido de sempre em termos de passageiros de um passeio organizado por este jornal e que foi, precisamente, o registado no que realizamos no dia 11 de novembro. Louvamos a resiliência de todos, mas depois, desta que foi a última excursão de 2018, e a 30.ª em quatro anos dedicados a iniciativas do género, há, na realidade, que repensar o projeto e a sua estratégia.
Mesmo assim, foi um dia de salutar convívio não muito bem recebido, como já referimos, pelo S. Pedro que, ainda com o apoio do Carlos (nome que deram ao ciclone que se fez sentir), nos deu um verdadeiro encharcado, principalmente, em terras penafidelenses, onde se comemorava o dia de S. Martinho. Foi uma autêntica “guerra santa”!
José Gonçalves Fernando Neto
(texto) (fotos)
Brincadeiras à parte, se bem que elas façam parte (e bem!) do nosso estado de espírito quando viajámos, este passeio teve muitos pontos positivos, e logo a começar pela comodidade, uma vez mais por nós reconhecida, da viatura que nos transportou pertença da AC Leonel, e do profissionalismo de quem a conduziu (a dona Alda).
Pelo facto de ser um minibus, fomos também levados a visitar – sem problemas – certas zonas das cidades e vilas onde paramos, o que,parte considerável de quem participou esta excursão, dificilmente, faria a pé. Deu-se, assim, descanso ao “físico”, a sapatos e a guarda-chuvas e viu-se certos e interessantes pormenores das localidades.
Paços de Ferreira: a “senhora” capital do móvel…
De partida às 09h00 – uma hora mais tarde que o habitual em outras excursões -, e, como de costume, junto à estação de Metro do Heroísmo (Porto), foi a cidade de Paços de Ferreira a escolhida para primeira paragem. A chuva começou logo por se fazer sentir nos primeiros dos 33 quilómetros que distanciam a Invicta da designada e popularmente conhecida Capital do Móvel. Quando parámos, o estado do tempo agravou-se, com o vento forte a fazer parte da “orquestra” gerida por Pedro, o Santo.
Capital do Móvel e um importante centro industrial do país, já que, e segundo dados oficiais – e recorremos à Wikipédia – Paços de Ferreira exporta cerca de 400 milhões de euros/ano (fonte Instituto Nacional de Estatística – INE) destacando-se no panorama da indústria de mobiliário e têxtil.
E os números tornam-se mais impressionantes, quando se regista as cerca de cinco mil empresas sediadas no concelho, isto num curto raio de cinco quilómetros. Como se isso não bastasse, realce também para uma área de exposições destinada a mobiliário, come cerca de 1 milhão de metros quadrados, faturando um bilião de euros anuais, conseguindo, assim, ser o maior centro de exposição e produção de mobiliário da Europa.
Visita (curta) feita a Paços de Ferreira partimos depois para a vizinha Lousada, onde nos aguardava uma agradável surpresa, isto já em hora para almoço, antes de abalarmos rumo ao ponto central desta excursão, a cidade de Penafiel.
Lousada: uma vila especial…
Como sempre acontece quando nos deslocamos a uma terra – neste caso vila – que não conhecemos bem, recorremos, normalmente, aos seus bombeiros voluntários para nos indicarem o local de eleição para almoçar, ou para “dar ao dente”, como muito gostam de dizer alguns dos nossos companheiros de viagens.
Nesta excursão não se fugiu à regra, tendo sido indicado por um elemento dos Bombeiros Voluntários de Lousada, o restaurante “Recantos de Harmonia”.
Ainda antes de nos deslocarmos ao dito cujo, percorremos a vila, que se destaca, entre outras coisas, pelos espaços dedicados à atividade desportiva, com destaque (veja-se) para o hóquei em campo. Isto, para além, da “pista” de referência no panorama automobilístico internacional, onde se realiza a prova rainha do Rally de Portugal.
Vila simpática, com um pequeno mas atrativo centro, e uma zona comercial onde se destaca a presença de diversos hipermercados (vizinhos uns dos outros) isto já perto de um bairro social a precisar, pelo que vimos de relance, de umas obrazinhas de requalificação, Lousada recebeu-nos com pouca gente nas ruas (o estado do tempo não ajudava), mas, com as que contactamos, de uma simpatia assinalável
“Recantos de Harmonia”
Não estava frio, não senhor (!), mas a chuva – desta feita levezinha, como quem não quer a coisa – ia molhando a malta sem pedir licença.
Licença pedimos nós a quem à porta se encontrava do restaurante “Recantos de Harmonia” para, como previamente combinado, entrarmos, prontos para saborearmos, o cabrito assado, ou a vitela ou o bacalhau, tudo especialidades da Casa, se bem que o prato de referência da seja o Cozido à Portuguesa que ao domingo é só servido por encomenda, tendo o sábado como o dia da semana reservado à iguaria.
Ora, meus amigos! Depressa compreendemos o nome que deram ao restaurante. Ser atendidos da forma simpática como fomos; o agradável espaço que nos acolheu; a rapidez e eficácia do serviço… só podiam fomentar a “harmonia” entre os comensais.
Depois, e para consolidá-la (a harmonia, está claro), fomos descobrir os “recantos” à casa, em cada prato que nos foi servido, desde as deliciosas entradas (o presunto estava uma delícia) até à sobremesa (“aquela” mousse de chocolate… divinal!). Tudo bem regadinho (para quem pôde e quis) com um excelente néctar da terra.
“De chorar e pedir por mais”!
Quem vos reporta esta excursão não exagera nos adjetivos, pois se há dúvidas, e para abrir o apetite, a si, que nos lê… é só ver as imagens que se seguem…




Agora, e se quiser (nós aconselhamos) vá experimentar. Não custa nada. Quer dizer: custa, mas é acessível. Não publicamos preços, porque os mesmos variam de prato para prato, e não sabemos em que altura estará a ler esta peça, pelo que o melhor é consultarem a ementa do “Recantos de Harmonia” na net, antes de lá se deslocarem.
Penafiel e o “banho” de S. Martinho…
Barriguinha farta, partimos, então para Penafiel, sem que o vento e a chuva, entretanto, dessem tréguas. Pior foi mesmo quando chegamos à terra onde S. Martinho é rei, com a feira que dura vários dias e atrai milhares de forasteiros.
Com o tempo a não ajudar, mesmo, assim, eram milhares as pessoas que se distribuíam tanto pelo centro da cidade como ruas paralelas, até ao Santuário da Nossa Senhora da Piedade, ou do (como é mais conhecido) Sameiro.
Tendas e tendas com roupas, calçado e guarda-chuvas, barracas de comes-e-bebes, espaços para diversão, e naturalmente muita castanha assada.
Pelas ruas, algumas cheias de gente e a correrem o risco de molhadelas imprevistas (o sacudir de água da chuva depositada nas tendas era uma constante), andavam aos pares e de caneca nas mães alguns romeiros para cumprir a tradição daquilo a que podemos chamar de “enche o copo”, um direito – pago – que os leva a poder entrar nas tasquinhas espalhadas pela cidade e saírem de lá de caneca ou malga cheia de bom vinho da zona ou regiões limítrofes.
Além da Semana Santa, do Corpo de Deus-Festas da Cidade e do concelho, da Noite Branca e Vermelha, do (moderno) “Penafiel Racing Fest”, a Festa de S. Martinho é a mais popular de Penafiel começando a 10 de novembro (véspera do dia dedicado ao santo) e terminando a 20 do mesmo mês.
Independentemente das festas, aquela que já foi conhecida por Arrifana do Sousa tem outros atrativos, facto que leva milhares de turistas durante o ano a visitá-la. E isto não só por ser um dos pontos centrais da Rota do Românico do Vale do Sousa, mas também pela excelência do seu Museu Municipal (com muita atividade e com iniciativas de excelência), e pela beleza, que vale a pena contemplar, das suas igrejas como a Matriz (renascentista) ou a de… S. Martinho, que no seu interior acolhe a capela-mor gótica, da anterior igreja consagrada ao Espírito Santo, e onde, em 1540, foi estabelecida a confraria do santíssimo Sacramento.
Mas há mais: a Igreja da Misericórdia de Penafiel, a da Ajuda, as capelas de Santa Luzia. Nossa Senhora da Guia e de S. Roque, ou a do Senhor dos Passos e o Palácio dos Pereira do Lago.
E terminava, assim, este último e chuvoso passeio do ano. Esperemos que, em 2019, voltemos a reunir a família de excursionistas. Para já, fica o desejo expresso pela organização, de um “Bom Ano” para todos e um “até à próxima” que vamos ver se será rápida.
01dez18