Menu Fechar

MUSEU DE OVAR: DULCE GARCIA PROTAGONIZOU A “CONVERSA 80”

Como começou por lembrar o escritor Carlos Nuno Granja, entusiasta e moderador destes eventos literários no Museu de Ovar designados Conversas Úteis, a edição realizada no dia 8 de dezembro foi a 80.ª tertúlia, que teve como protagonista para mais uma animada conversa com leitores, a jornalista, editora e escritora, Dulce Garcia, para falar do seu primeiro romance, «Quando perder tudo não tem pressa de ir a lado nenhum».

modulce(01)-jan19-jl

Foi pois sem pressa e sem pressões de “caráter económico” nesta área da publicação dos livros, que as palavras foram escorrendo neste serão em que Dulce Garcia, começou por abordar a sua infância e a relação com os livros, numa família em que, “não existia a tradição dos livros em minha casa”.

De origens humildes, natural de Alcochete, e com o nome Dulce que só entende, lhe ter sido dado, porque os pais tinham reservado o nome de David para um filho rapaz que não chegou, e daí o D de Dulce lhe ter calhado entre três irmãs.

Bem cedo, quando entrou pela primeira vez numa biblioteca, como disse, “descobri que havia Mundo”, e nunca mais parou de ler, apaixonando-se pela coleção «Dois Mundos» que a levou a escritores como: Hemingway, Tolstoi ou Camus. Chegou assim à escola com seis anos de idade a saber ler e como recordou, porque escrevia muito, “acho que sempre quis ser escritora”, ainda que reconheça ser difícil viver de escrever romances, mas no seu caso, sente-se bem como editora a viver no meio dos livros. No entanto não deixou de afirmar que, “as grandes livrarias estão a matar os livros”, referindo ainda que, “os livros têm um curto tempo de vida”, porque, para serem colocados na montra, “têm um preço brutal”. Critérios que levam Dulce Garcia a defender que, “a melhor maneira de vender livros, é o boca-a-boca. É recomendar! É oferecer livros”.

modulce(02)-jan19-jl

O jornalismo foi a profissão a que se dedicou cerca de 26 anos, desde 1991, tendo sido fundadora da revista “Sábado” e sua subdiretora. Um período profissional que permitiu partilhar com os presentes na tertúlia, algumas opiniões sobre os tempos que se estão a viver na evolução da imprensa, nomeadamente os efeitos da massificação da informação, que assume, “não é informação jornalística”.

Referiu-se igualmente ao facebook em que cada um pode veicular informação, mesmo falsa, que as pessoas leem em detrimento dos jornais, lamentando a profissão de jornalista estar tão “desvalorizada” aos olhos da opinião pública.

modulce(03)-jan19-jl

Curiosamente o seu romance “começa com uma notícias de jornal”, em que há a história de um triângulo amoroso com todos os ingredientes das relações sentimentais de hoje, em que há paixão, desejo, raiva e um medo incrível da loucura, misturando-se mentiras e humor mesmo quando os momentos são trágicos.

A abordagem das “doenças mentais” é uma temática que merece particular atenção da escritora nesta sua obra, «Quando perdes tudo, não tens pressa de ir a lado nenhum», porque, como admite esta escritora e editora, “a maioria dos escritores não escrevem sobre coisas que não sentem”. Aliás, como ainda afirmou, “um escritor tem também obrigações sociais”, respondendo assim à questão colocada por Carlos Nuno Granja, se “o escritor deve ter uma intervenção cívica?”.

Texto e fotos: José Lopes (*)

(*) Correspondente “EeTj” em Ovar – Aveiro

01jan19

 

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.