Inês Melo e Faro
A 91.ª cerimónia dos óscares é daquelas que ninguém vai recordar. Não houve momentos fantásticos nem desastrosos. Foi uma cerimónia pacata, simples e pouco memorável, mas que acabou por me surpreender na eleição do melhor filme e que me confirmou as suspeitas da derrota pesada de “A Star Is Born”.
Antes da falar da cerimónia e dos prémios, tenho de destacar as que foram, para mim, as melhores prestações e as melhores histórias. Em primeiro lugar, temos “Bohemian Rapsody”, que foi sem dúvida dos melhores (ou mesmo o melhor) filmes que se apresentaram. Desde a história à mestria com que o som e a imagem foram tratados ao pormenor, foi, a meu ver, um filme que se destacou muito pela positiva. Mas mais do que a história e a edição, este filme ganha o maior destaque pela interpretação de Rami Malek no papel do icónico Freddy Mercury. Houve momentos em que dei por mim a pensar que estava mesmo perante o vocalista dos Queen.
Efetivamente, posso dizer que o facto de Rami Malek ter ganho o óscar de melhor ator num papel principal foi a vitória mais justa e mais merecida da noite, sem sombra de dúvidas.
Relativamente à melhor atriz, estava na dúvida entre Glenn Close e Olivia Colman. Lady Gaga, apesar de me ter surpreendido, não tinha qualquer hipótese perante as interpretações destas duas atrizes. De facto, Olivia Colman surpreendeu, venceu e mereceu. E teve, talvez, o melhor discurso da noite.
Nos papéis secundários, não houve surpresas. Regina King – muito bem vestida, por sinal – e Mahershala Ali foram os justos vencedores, apesar Emma Stone me ter surpreendido bastante com a sua personagem em “A Favorita”.
É essencial referir “Roma”, um dos grandes vencedores da noite, tendo levado para casa três estatuetas douradas: Melhor Realizador, Melhor Fotografia e Melhor Filme de Língua Estrangeira.
Há que destacar ainda o grande trabalho de caracterização em “vice”. Christian Bale está irreconhecível na personagem do vice-presidente dos Estados Unidos da América. Foi, sem dúvida alguma, um dos óscares mais merecidos da noite. Acabou por ser um filme subvalorizado. A meu ver, merecia mais destaque e, consequentemente, mais prémios.
No que diz respeito à animação a vitória do filme do homem aranha, embora sem surpresas, foi injusta. Eu, como amante da Disney e tendo esperado dez anos pelo regresso dos “Incríveis”, não posso concordar com esta decisão. Acho, muito sinceramente, que o filme da Disney merecia outro desfecho. No entanto, a curta-metragem de animação “Bao”, que antecedeu a exibição dos “Incríveis 2”, foi a justa vencedora.
Por fim, não posso terminar sem falar nos dois momentos mais esperados. Em primeiro lugar, a atuação de Lady Gaga e Bradley Cooper com “Shallow” – óscar mais que merecido, já que mostra a mestria e a magia que Lady Gaga faz com as palavras e mostra a forma com que a compositora transforma uma experiência numa música coesa e coerente. Foi um momento bonito e emocionante, tendo sido muito bem recebido pelo público, que aplaudiu de pé durante vários minutos.
Em segundo lugar, o momento em que “Green Book” é anunciado como o grande vencedor do prémio de Melhor Filme foi o que me deixou mais surpresa. Sinceramente, não concordo. O filme não estava mau, mas também não estava fenomenal. Apesar de se apostar mais no “Roma”, eu estava confiante na vitória d’ “A Favorita” ou de “Bohemian Rapsody”, ou até mesmo de “Vice”. “Green Book”, a seguir a “A Star Is Born” era o filme que menos esperava que vencesse nesta categoria.
Desta forma, e como já disse, esta não foi uma cerimónia que se destacasse. Sem apresentador, sem momentos marcantes e sem filmes memoráveis, a cerimónia decorreu a meio gás, o que confirma a minha suspeita do comodismo em que os Óscares estão a cair, resultando numa grande queda de audiências, ano após ano.
Foto: pesquisa Google
01mar19